Favorável ao aumento de parlamentares, petista nega ausência no “PL da devastação”

A deputada federal capixaba Jack Rocha (PT) tem pela frente o desafio de mitigar desgastes por seu posicionamento em pautas recentes consideradas antipopulares. Na semana passada, o registro no site da Câmara dos Deputados de que ela não teria marcado presença na votação do chamado “PL da Devastação” foi notado por movimentos sociais. Em junho, ela também votou a favor do aumento do número de deputados federais.
Jack Rocha procurou Século Diário depois de matéria sobre o “PL da Devastação”, para desfazer a informação de que não votou na matéria, encaminhando inclusive prints do seu registro de voto no sistema. Alegou, ainda, que enviou justificativa sobre o “erro técnico”. Apesar disso, até hoje consta no site da Câmara dos Deputados que ela estava ausente no plenário.
Depois da sessão do Congresso Nacional – que aconteceu em formato híbrido, presencial e online –, Jack fez postagem criticando a aprovação do “PL da Devastação” “na calada da noite”. Nos comentários, usuários questionaram o registro da ausência, mas a deputada não fez nenhum esclarecimento público sobre o assunto.
Considerada uma das maiores ofensivas contra a política ambiental brasileira desde a Constituição de 1988, o Projeto de Lei 2159/2021 altera profundamente as regras do licenciamento ambiental no Brasil – o que, aliás, já aconteceu em âmbito estadual no Espírito Santo. Portanto, ainda que se diga contrária ao tema, a ausência de um esclarecimento mais assertivo sobre o que ocorreu durante a votação desgasta a imagem da deputada.
No caso da votação para aumento do número de deputados, trata-se de uma pauta que sofre rejeição da população em geral. O projeto de lei propõe aumento de 513 para 531 no número de parlamentares, em razão do crescimento populacional. No caso do Espírito Santo, seriam mantidas as dez cadeiras.
Na primeira votação na Câmara dos Deputados, realizada em 6 de maio, Jack Rocha foi um dos quatro deputados capixabas favoráveis ao projeto, junto a Amaro Neto (Republicanos), Da Vitória (PP) e Gilson Daniel (Podemos). No Senado, os três capixabas – Magno Malta (PL), Fabiano Contarato (PT) e Marcos do Val (Podemos) – votaram contra. Após voltar para a Câmara com modificações dos senadores, Evair de Melo (PP) e Messias Donato (Republicanos), que haviam se posicionado contra no mérito da matéria, disseram sim às emendas, e Helder Salomão (PT) se absteve.
O presidente Lula (PT) resolveu vetar integralmente o projeto, na última quinta-feira (17). “A medida acarreta aumento de despesas obrigatórias sem a completa estimativa de impacto orçamentário, de previsão de fonte orçamentária e de medidas de compensação, onerando a União e os entes federativos”, justificou.
Resta saber agora se Jack vai mudar de posição e votar a favor do veto presidencial ou não. Helder Salomão, seu companheiro de partido, já se manifestou favorável à manutenção do veto, em consonância com seu posicionamento na votação de 6 de maio.
Derrota no PED
Presidente do Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo desde 2019, Jack Rocha saiu derrotada no Processo de Eleição Direta (PED), realizado no último dia 6 de julho, para o deputado estadual João Coser. Foram pouco mais de 4 mil votos (56,48%) contra 3 mil (43,51%).
Considerando que o seu grupo ficou isolado, após o acordo entre a corrente Alternativa Socialista, de João Coser, e o campo Pra Voltar a Sonhar (de Helder Salomão e Iriny Lopes), o resultado não foi tão negativo para Jack. A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) também conseguiu 18 vagas no diretório estadual e algumas vitórias nos municípios.
A disputa entre Jack Rocha e João Coser foi uma antecipação das eleições de 2026, quando Coser também deverá concorrer a uma vaga como deputado federal. Se Helder Salomão também resolver tentar a reeleição, serão três candidatos fortes para duas vagas do PT – a não ser que o partido consiga três cadeiras na Câmara dos Deputados, o que parece improvável na atual conjuntura.