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Coletivos cobram implantação de Banco de Leite Humano em Linhares

Apoio evita desmame precoce, defende Náyra Dantas, do Movimento Maternar

Coletivos de mães, profissionais da saúde e famílias cobram da Prefeitura de Linhares, no norte do Estado, que implante no município um Banco de Leite Humano e uma Unidade de Coleta e Distribuição de Leite Humano. Apesar de a cidade ser a mais populosa da região, esse serviço não é oferecido às famílias, que precisam se deslocar até Colatina, onde está o banco de leite mais próximo, a quase 75 km de distância.

A proposta é que o serviço em Linhares atenda aos procedimentos técnicos de funcionamento, coleta, processamento, armazenamento, transporte e distribuição do leite materno, com instalações adequadas, controle de qualidade e atendimento clínico especializado, articulado em rede com outros municípios do norte. A estimativa é que um litro de leite materno doado pode alimentar até dez recém-nascidos por dia. Bebês de baixo peso, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ou cujas mães não conseguem amamentar poderiam receber essas doações.

Para a enfermeira e consultora em amamentação Náyra Dantas, representante do Movimento Maternar, que articula ações voltadas ao cuidado materno-infantil, a implantação do serviço não apenas facilita a doação, como garante acolhimento e orientação a mães com dificuldades na amamentação. “Um banco de leite ou posto de coleta oferece um serviço completo, com orientação qualificada, acompanhamento e informação para mães que estão com dor, fissuras ou dificuldade na pega do bebê. Isso ajuda a evitar o desmame precoce, que é muito comum. O banco de leite não é só doação, é também um lugar de apoio”, explica.

Arquivo Pessoal

Náyra ressalta que, embora a maioria das mulheres consiga iniciar a amamentação nos hospitais, o número cai para menos da metade até o segundo mês de vida do bebê, devido aos desafios enfrentados em casa. “O desafio do início, com dor e insegurança, é o que mais impacta. A dor na amamentação é a principal causa de desmame precoce. Precisamos de uma rede articulada desde o pré-natal até o retorno ao domicílio”, completa.

A enfermeira reforça que o benefício de um Banco de Leite Materno vai além dos bebês prematuros. Ele protege os recém-nascidos, melhora a sua imunidade com os anticorpos e imunoglobulinas do leite materno, e contribui para que recebam alta mais cedo. “O leite materno é como se fosse a primeira vacina”, reitera. Além disso, Náyra destaca a importância para as mães. A amamentação melhora a relação mãe-bebê, diminui as chances de câncer de mama e ovário e o risco de depressão pós-parto. “A importância é gigantesca, tanto para a mãe quanto para o bebê”, pontua.

A mobilização para a criação do banco de leite em Linhares provocou a apresentação de uma indicação na Câmara pelo vereador Professor Antônio (União) à gestão de Lucas Scaramussa (Podemos) e mobiliza um abaixo-assinado, disponível neste link. As próximas etapas envolvem reuniões com representantes de hospitais e das Estratégias de Saúde da Família para organizar a rede de atendimento. A ideia é que, desde o pré-natal, as gestantes já sejam informadas sobre a importância do aleitamento e a existência de um local para doação e apoio.

Atualmente, o Espírito Santo conta com um único posto de coleta, que funciona na unidade Pró-Matre, localizada na Ilha de Santa Maria, em Vitória, e sete Bancos de Leite Humano em todo Estado, três concentrados na Capital: no Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe; no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Bento Ferreira; e na Santa Casa de Misericórdia, no bairro Vila Rubim. Ainda na região metropolitana, há um banco em Vila Velha, no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, e outro na Serra, no Hospital Materno Infantil. No sul do Estado, o serviço é oferecido apenas no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim; e no norte e noroeste, no Hospital e Maternidade São José, em Colatina.

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