Terça, 07 Mai 2024

CRM arquiva procedimentos contra oftalmologistas acusados de erro médico

CRM arquiva procedimentos contra oftalmologistas acusados de erro médico
O Conselho Regional de Medicina (CRM) arquivou o procedimento aberto contra os médicos oftalmologistas Argeu Barbieri Filho e César Fracalossi Barbieri, denunciados por pelo empresário do ramo de móveis, José Eduardo de Oliveira, depois que uma cirurgia para retirada de uma lente de correção de catarata lacerou permanentemente a córnea dele. 
 
O caso de José Eduardo foi retratado em reportagem publicada em Século Diário em 13 de maio deste ano. Ele contou que se submeteu a uma cirurgia para implantação de uma lente para corrigir a catarata do olho direito em 2011.   
 
A operação foi conduzida pelo médico César Fracalossi Barbieri, filho de Argeu. Uma semana após a realização do procedimento, o empresário voltou ao consultório para acompanhamento, e o médico constatou que a lente havia deslocado e que seria necessária uma nova cirurgia para a remoção e colocação de uma estrutura. O procedimento de retirada da lente é extremamente delicado, já que ela precisa ser quebrada e retirada aos pedaços. 
 
Depois de mais 15 dias, José Eduardo voltou ao consultório para a retirada dos curativos, imaginando que estaria em franca recuperação e foi informado que havia corrido tudo bem na cirurgia.
 
No entanto, à medida que o tempo passava, a visão do empresário piorava, por isso, procurou outro profissional, o oftalmologista José Luiz Pappone. Ele foi informado que o tratamento seria longo e dispendioso, com a aplicação de colírios. O tratamento durou quase um ano e meio, mas, ainda assim, a visão do olho direito de José Eduardo ficava cada dia pior. Quando deu um ultimato ao médico, foi informado que a córnea estava severamente lacerada. 
 
Depois de ter o diagnóstico, já em tratamento com um terceiro médico, e após ter entrado na fila de transplante de córnea, José Eduardo ingressou, através do advogado Ricardo Ribeiro, com denúncia no CRM, ação criminal contra os dois médicos e ação cível indenizatória. 
 
O procedimento no CRM, no entanto, foi arquivado, deixando o advogado estarrecido. Ricardo, que vai recorrer ao Conselho Federal de Medicina (CFM) da decisão, diz que a 3ª Câmara de Ética do CRM produziu um relatório conclusivo estranho a um erro médico após cirurgia. “As justificativas que o conselho coloca para arquivar o processo e isentar os médicos são inconsistentes, tendo em vista o erro no ato cirúrgico, que maculou a córnea de forma permanente, e não atos posteriores”, afirma ele. 
 
O advogado acrescenta que, como o processo corre em sigilo na entidade classista, não pode entrar nas minúcias processuais. “O que me deixa estarrecido é que se não houvesse culpabilidade, os médicos não procurariam espontaneamente o meu cliente para oferecer tratamento nos Estados Unidos, com passagem, hospedagem e tratamento pagos”, diz ele, que salienta que como José Eduardo não aceitou, os médicos propuseram que o tratamento fosse feito em São Paulo e, na negativa, ofereceram R$ 15 mil. “Ninguém oferece dinheiro por pena, oferece porque tem culpabilidade”, conclui o advogado. 
 
Os processos na Justiça correm no 2º Juizado Especial Criminal de Vitória, fruto da denúncia do Ministério Público Estadual (MPES); e na 5ª Vara Criminal da Serra, fruto da representação do autor. 
 
O empresário se submeteu a um transplante de córnea, mas o organismo não respondeu ao procedimento como o esperado (ele já tem 70 anos), e José Eduardo foi para os Estados Unidos, onde moram os filhos, prosseguir com o tratamento. 

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