Quinta, 28 Março 2024

Enfermagem do Hospital Vila Velha exige condições dignas de trabalho

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Enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam no Hospital Vila Velha realizaram uma manifestação na manhã desta sexta-feira (9) exigindo "melhores condições de trabalho, dignidade e respeito para exercício da profissão e cuidado dos clientes com qualidade".

Com apoio do Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros), foram instaladas faixas e erguidos cartazes de repúdio contra a falta de atendimento, por parte da direção do hospital, das denúncias de "assédio moral, baixo quantitativo de funcionários, falta de treinamento atualizado para as equipes, condições inadequadas das salas de repouso dos enfermeiros e falta de transporte durante a quarentena decretada em função da pandemia de Covid-19".
Sala de repouso em más condições. Foto: Divulgação

"Os profissionais reivindicam, há muito tempo, reunião com a chefia imediata, mas não estão sendo atendidos. O Sindicato está designando uma comissão para tentar, também, uma conversa com a direção do hospital", relata o diretor do Sindienfermeiros Cristiano Silva Lopes.

Os manifestantes relatam que a coordenadora da enfermagem do Hospital, Leticia Vescovi de Brito, foi colocada novamente de férias há cerca de uma semana e que, desde as suas primeiras férias, há dois meses, a direção designou duas coordenadoras, que por sua vez, recebem ordens de um gerente administrativo que não é enfermeiro, o que fere a legislação, estabelecida na Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 543/2017.
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"As duas coordenadoras são coniventes com a gerência administrativa, que chega no setor e questiona por que um técnico não pode cuidar de dez pacientes", relata a enfermeira Graziela Ramos, ressaltando que o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) atualizou a legislação, por conta da pandemia, ampliando para quatro o número máximo de pacientes que podem ficar sob os cuidados de cada técnico. "O agravamento da pandemia não justifica isso acontecer, pelo contrário! Imagina um paciente morrer na minha enfermaria porque eu não pude nem ir no quarto dele!", alarma-se.

Além das tentativas de reunião com a direção do hospital, os enfermeiros e técnicos já tomaram outras medidas: um abaixo-assinado, exigindo providências; denúncia no Ministério Público Estadual, com base nos relatos de plantão dos profissionais; e contratação de um parecer jurídico sobre todas as irregularidades que estão sofrendo.

Humildade e vulnerabilidade

Os problemas de sobrecarga são especialmente preocupantes em relação à ala que atende aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhados por meio de um novo convênio celebrado entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o hospital. "São contratos mais novos e esses profissionais estão menos familiarizados com o trabalho", avalia Cristiano.

O próprio perfil dos pacientes também interfere. "São pacientes humildes, que não conhecem tanto os seus direitos e têm receio até de se comunicar com a gente. Você imagina que eles nem ligavam a televisão do quarto, achando que teriam que pagar para isso. Eu mesma liguei a televisão de todos eles um dia e expliquei que era direito deles, como de qualquer paciente privado, de plano de saúde!", relata. "Essas pessoas são mais humildes e por isso mais vulneráveis", reforça, comovida.

Profissionais se demitiram

A enfermeira explica que o aumento do número de pacientes internados com Covid-19, ocorrido desde fevereiro, em função da terceira e pior onda da pandemia no Estado, foi seguido por uma saída maciça de funcionários. "Muitos funcionários não aguentaram, pediram conta e saíram, então ficou desfalcado. Só que a nossa coordenadora solicitou reposição desde janeiro e não fizeram. Somente anteontem [terça-feira] soubemos que a direção do hospital lançou um processo seletivo para contratar mais funcionários. Acredito que só fizeram isso porque viram toda a nossa mobilização", relata.
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Assédio moral

Além do baixo efetivo de profissionais, os enfermeiros e técnicos estão sofrendo assédio moral, denuncia Graziela. "Eles não podem coagir um técnico, um enfermeiro, abusar da gente, chamando de 'queridinha'. Nós não somos 'queridinhas', somos profissionais! A gente só pede respeito", sublinha.

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