Sábado, 20 Abril 2024

Estado tem menor mortalidade hospitalar em avaliação nacional

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"Quem procurou a rede pública do Espírito Santo teve o melhor tratamento e sobreviveu mais". A afirmação é do médico intensivista Carlos Eduardo Reis, presidente da empresa Epimed Solutions, especializada em gestão de informações clínicas e epidemiológicas, que presta serviço para mais de 600 hospitais em sete países, 550 deles no Brasil. 

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (1) ao lado do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e do subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, Carlos Eduardo Reis apresentou conclusões de uma avaliação envolvendo toda a rede atendida pela empresa no país, sendo 13 unidades no Espírito Santo. 

O estudo analisou a evolução de 14.699 pacientes Covid-19 durante um período de 50 dias, entre 1 de julho e 20 de agosto. Desse total, 1.034 são da rede da Sesa/ES, outros 9.425 são da rede privada brasileira e 5.274 da rede pública – "uma das maiores bases de dados do mundo", classificou Carlos Eduardo Reis.

A comparação desses quatro grupos (total, rede Sesa, rede privada Brasil e rede pública Brasil), disse o presidente da Epimed, mostra que, no Espírito Santo, há "uma maior quantidade de pacientes que saem com vida, mesmo comparado com a média da rede particular do Brasil".

O especialista enfatizou que um dos motivos do resultado capixaba foi a rapidez no diagnóstico. Conforme informado pelo secretário Nésio Fernandes, "mais de 60% dos pacientes já chegam aos hospitais com confirmação diagnóstica laboratorial", podendo então ser isolados dos suspeitos, evitando infecções cruzadas dentro dos hospitais e receber "as melhores práticas assistenciais".

"A rapidez no diagnóstico é crucial nessa doença", ressaltou o empresário, principalmente considerando uma característica dos pacientes capixabas, que são em geral mais idosos que a média nacional – a faixa etária com mais de 65 anos prevalece – o que reflete imediatamente nos altos percentuais de pacientes que precisam de ventilação mecânica e de diálise, também maiores que as médias brasileiras.

"São pacientes mais frágeis, porque são mais idosos e têm outras complicações, como diabetes, hipertensão e doenças pulmonares anteriores, que os tornam mais graves ainda", pontuou o presidente da Epimed. "Quando você tem bom planejamento e organiza a estrutura, pode melhorar os fatores complicadores prévios", afirmou.

Menor mortalidade

O estudo mostrou que 32,9% dos pacientes que entraram nas UTIs capixabas no período evoluíram a óbito, número maior apenas que o registrado nos hospitais privados analisados no país (28,6%), e menor que a média geral (36,7%) e a registrada nos hospitais públicos (51,2%).

Analisando a mortalidade em três recortes específicos, no entanto, na rede pública capixaba foi significativamente menor que a verificada em todos os três grupos.

Entre os pacientes que não precisaram de ventilação mecânica, o Espírito Santo registrou óbito em 5,9% dos casos, enquanto a média geral foi de 10,1%, a média da rede privada foi de 7,5% e a da rede pública foi de 17,6%.

Entre os pacientes que foram ventilados, a comparação é a seguinte: 68,3% de mortalidade no ES; 73,3% no geral; 71,4% na rede privada; e 75,2% na rede pública.

Entre os que foram dialisados, os números são, respectivamente: 74,5%; 80,5%; 79,9%; e 81%.

"Temos experiência grande em outros países. O que nós vimos em países como França, Bélgica e Portugal foram situações muito piores que aqui", comparou o médico intensivista, salientando algumas particularidades da gestão da Sesa, que foram o uso mais abreviado de ventilação mecânica – "quanto mais rápido for retirado da ventilação mecânica com segurança, esses pacientes têm uma tendência maior de saírem sem maiores complicações" – e o menor tempo médio de internação – "numa rede hospitalar é preciso pensar em fluxo de pacientes, rotatividade de pacientes, para evitar outras infecções". 

O tamanho robusto da rede foi outro ponto de destaque na avaliação. O Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, é o segundo maior hospital público do país em número de leitos dedicados exclusivamente à Covid, e chegou a ter 250 leitos de isolamento para doença.

"Com leitos de UTI resistimos, mas não vamos vencer a pandemia. Estamos preparando o sistema pra resistir a isso, com rede hospitalar e capacidade de testagem e medidas de redução de risco e promoção da saúde. Nós estamos fazendo a nossa parte, é preciso que a sociedade faça a sua", pediu Nésio Fernandes.

Números

A idade média dos pacientes das UTIs capixabas foi de 63,6 anos, maior que a média geral dos hospitais pesquisados (61,4 anos), que dos hospitais privados (60,9) e dos públicos (62,2). 

Os pacientes com mais de 65 anos representam 48,6% de todos os que chegaram às UTIs, maior que os 43,5% registrados na média geral; que os 42,1% da rede privada e os 46,1% da rede privada.

A idade mais avançada refletiu em maior uso de ventilação mecânica: 45,5% no ES; 44,3% na média geral; 35,6% na rede privada; e 59,8% na rede pública. A necessidade de diálise também foi maior: 16,7%; 11,9%; 9,3%; e 16,7%, respectivamente.

A gestão assertiva, no entanto, atingiu um período médio menor de utilização da ventilação mecânica: 7,7 dias no ES; 10 na média geral; 10,7 na rede privada; e 9,3 na rede pública.

O percentual de pacientes que ficaram mais de sete dias em ventilação mecânica também foi menor: 18,9% no ES; 22,9% na média geral; 20% na rede privada; e 28,1% na rede pública.

Sobre o tempo de internação, o ES ficou com a menor média de dias (9,5 dias, comparado com os 11,6 da média geral; 11,4 da rede privada e 11,8 da rede pública) e com o menor percentual de pacientes que precisaram de mais de 14 dias de internação: 18,8% no ES; contra 20,4%; 19,2%; e 22,6%, respectivamente.

Hospitais analisados

Os 13 hospitais analisados no Estado foram: Roberto Silvares, Antônio Bezerra de Farias, Estadual de São José do Calçado, Estadual de Atenção Clínica, Estadual Dório Silva, Maternidade Sílvio Avidos, Infantil Nossa Senhora da Glória, Alceu Melgaço Filho, Estadual de Vila Velha, Infantil e Maternidade Dr. Alziro Bernardino Alves, Estadual Jayme Santos Neves, Estadual de Urgência e Emergência e Estadual Central de Vitória.

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