Quarta, 24 Abril 2024

‘Isolamento social não é só ver uma loja fechada’, afirma Casagrande

renato_casagrande_paleto_reproduca_20200427-231329_1 Reprodução

Em explícita resposta aos questionamentos que vem recebendo desde que anunciou a reabertura do comércio em todo o Estado a partir da próxima segunda-feira (4), o governador Renato Casagrande (PSB) enfatizou, em pronunciamento nas suas redes sociais nesta segunda-feira (27), o conceito de isolamento e distanciamento social com que o governo do Estado trabalha. 

"Estamos tendo um debate nacional e local de qual é o melhor caminho pra alcançar o isolamento social. Todos estamos cientes que a doença Covid-19 não tem tratamento nem vacina. O único modelo que a gente tem é o isolamento social pra organizar a entrada das pessoas no sistema hospitalar de saúde das pessoas que precisam", introduziu o tema. Isolamento, detalhou, é para que evitar que muita gente adquira o vírus ao mesmo tempo evitando o colapso nos hospitais, como já acontece em estados como o Amazonas, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e em algumas regiões de São Paulo. 

"Ficar em casa e só sair o extremamente necessário. Isolar pessoas de grupo de risco. Se sair é manter o distanciamento e usando máscara, que é mais uma barreira, e não aglomerar", professorou. 

Tocando mais diretamente nas críticas contra a decisão de reabertura do comércio na primeira semana de maio, o governador foi enfático: "não dá pra sacrificar um setor só da sociedade. É uma responsabilidade de todos". 

E "como dividir esse sacrifício? Com cada um de nós dando uma parcela de contribuição", conclamou. "Não encontrar nossa família é um sacrifico, não poder fazer uma festa de aniversário, encontrar as pessoas, lógico que é um sacrifício", exemplificou. 

"Esse é o conceito de isolamento social que não pode estar vinculado ao fechamento de uma atividade econômica. Tem que ter cautela na atividade econômica, todo um protocolo pra evitar aglomeração, mas essa é uma tarefa de cada um de nós no dia a dia", ratificou, destacando que a meta de sua equipe de governo é manter o isolamento social no Estado sempre superior a 50%. 

"Mesmo que a gente autorize a abrir o comércio do interior, se não tiver um controle, nós vamos ter que fechar. Mas se todos derem a sua contribuição, sacrificar nosso lazer, talvez seja possível voltar com uma atividade econômica média ou razoável", explanou. "A gente autorizou a atividade econômica no interior, mas tivemos que essa semana orientar fechamento em Bom Jesus do Norte e Fundão, onde os números de casos aumentaram", lembrou. 

O modelo adotado, do Mapa de Gestão da Crise, é um "modelo de vasos comunicantes, flexível". "Se a gente controla a doença, pode ter mais flexibilidade nas atividades, todas, mas se não controla a doença, tem que ser mais restritivo. A tarefa é de cada um de nós manter o isolamento", clamou. 

Mapa de Gestão 

Até o próximo domingo (3), o comércio está totalmente com portas abertas em 70 municípios do interior do Estado, classificados como de médio e baixo risco de contaminação. Nos cinco da Grande Vitória, além de Afonso Cláudio, Bom Jesus do Norte e Fundão, classificados como de Alto Risco, apenas alguns setores podem abrir as portas: lojas de alimentos, medicamentos, produtos veterinários, autopeças, materiais de construção e salões de beleza. Os demais, podem funcionar apenas com entregas em domicílio. As feiras são decisões dos municípios e em boa parte deles elas estão permitidas, sob rígido protocolo de segurança para feirantes, consumidores e transeuntes. 

A partir do dia 4 de maio, a intenção do governo estadual é reabrir todo o comércio em todos os 78 municípios, tendo cada setor o seu protocolo específico de segurança, com regras universais, como uso de máscaras, entrada de um cliente para cada dez metros quadrados de estabelecimento comercial e disponibilização de água e sabão ou álcool 70% para os clientes. 

"Nós já estamos adotando essas medidas há mais de 40 dias", lembra Casagrande, citando a suspensão das aulas presenciais nas escolas estaduais, municipais e particulares, a proibição de eventos, o fechamento de parte do comércio, a orientação às pessoas em campanhas educativas e o fortalecimento da atenção primária à saúde nos municípios, com apoio para as barreiras sanitárias, para a coleta e envio de amostras para testes e para o isolamento das pessoas contaminadas ou suspeitas. 

Tudo isso, disse, "pra manter o isolamento social, o menor contato entre as pessoas, pra gente administrar e fortalecer o sistema de saúde, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde, da nossa Secretaria Estadual e de outros profissionais, sem vínculo público, mas que nos orientam, nos escrevem diariamente". 

A reabertura do comércio acontecerá após uma segunda fase de fortalecimento do sistema de saúde, quando o Estado passará a ter 353 leitos de UTI e mais de 800 no total, contando os de enfermaria, nos hospitais estaduais, filantrópicos e particulares. 

"Estamos preparados pra esta fase", afirmou. "Mas a pandemia é de médio e longo prazo. Vamos ter que mudar nosso comportamento por um bom tempo. Vamos ter que ter cuidados com higiene muito maiores, cuidado ao encontrar com as pessoas, evitar aglomerações por um bom tempo", repetiu. 

Números crescentes 

O Painel Covid desta segunda-feira (27) informou mais 125 testes positivos e seis mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 1.944 pessoas confirmadas com a doença e 63 óbitos, além de 501 pessoas curadas. 

A taxa de letalidade amentou para 3,24%, sendo a Serra a que tem a maior entre os municípios mais populosos da região metropolitana: 5,61%, estando atrás apenas de Viana (8,33%), Aracruz (7,14%), São Mateus (7,69%), Presidente Kennedy (20%) e Afonso Claudio e Santa Maria de Jetibá, ambos com 25% - todos com um ou dois óbitos até o momento. 

O número absoluto de mortes, no entanto, é muito maior no território serrano: já chegam a 25, quase o mesmo que a soma dos óbitos registrados em Vitória (12), Vila Velha (11) e Cariacica (6). 

Perguntada sobre alguma possível explicação para essa letalidade maior, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) não respondeu até o fechamento desta matéria.

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