Quinta, 25 Abril 2024

Menor intervalo entre doses tem resistência do Ministério da Saúde, lamenta Nésio

nesio_fernandes_2_reproducao Reprodução
Guiado pelas evidências científicas, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, lamenta que o Ministério da Saúde dificulte a implementação de um intervalo menor entre as duas doses das vacinas AstraZeneca (Oxdord/Fiocruz) e Pfizer (BioNTech) contra a Covid-19, medida que vem sendo solicitada também por outros secretários estaduais do País.

Como vice-presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o gestor capixaba voltou a defender a mudança em declaração ao jornal O Globo dessa quinta-feira (8), reafirmando posição já declarada na última segunda (5).

"É no movimento do último trimestre [do ano] que vamos ter a cobertura com duas doses da população adulta. Por isso, o Plano Nacional de Imunização (PNI) deve avaliar a antecipação para oito semanas da aplicação da segunda dose da vacina da AstraZeneca, que já possui ampla disponibilidade dentro do PNI e cujas doses, inclusive, já estão armazenadas pelo ministério e com envio programado", afirmou.

Conforme explica o secretário, "12 semanas foi o intervalo adotado quando o país dispunha de poucas vacinas e precisava aumentar a cobertura de brasileiros com a primeira dose". O aumento da produção e do ritmo da imunização, no entanto, permitem rever a estratégia para a AstraZeneca, que hoje é responsável por 46,7% das imunizações no país, bem como para a Pfizer.


Na segunda, em entrevista coletiva no Estado, Nésio destacou a reivindicação feita pelo Conass, ressaltando que vários países têm adotado essa medida "para antecipar a eficácia do retorno da segunda dose, levando em consideração as variantes". Hoje, os municípios capixabas estão autorizados a aplicar a segunda dose da AstraZeneca a partir de 10 semanas, e não mais 12. "É uma medida segura, que contempla a bula e o Plano Nacional de Imunização. Antecipa o benefício da eficácia do esquema vacinal completo", garante.

A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel também reafirma, ao jornal O Globo, a necessidade de redução dos intervalos dos dois imunizantes. "Estamos vendo a vacinação fazer efeito, principalmente naqueles grupos que já estão com a imunização completa, como os idosos, que eram um grupo que estava agravando mais, internando mais. A gente também teve um maior número de vacinas nas quais a primeira dose já gera uma proteção alta".

Em sua conta no Twitter, Ethel enfatiza o perigo representado pela Delta, chamada de "variante preocupação", por comprovadamente diminuir a proteção em pessoas com apenas uma dose, segundo estudo feito no Canadá. Conforme já recomendado na Nota Técnica nº 8, da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC), publicada na última semana, Ethel salienta que "temos que correr para completar o esquema de doses", com intervalo de 21 dias para a Pfizer e de oito semanas para a AstraZeneca.

O Ministério da Saúde decidiu,  porém, manter o intervalo atual. "Essas decisões [de mudanças de intervalos entre doses] não são tomadas pelo ministro, são tomadas pela câmara técnica de especialistas que apoiam o PNI, sempre visando o melhor resultado", declarou ao Globo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

A reportagem lembra que, segundo dados do consórcio de imprensa, 80,8 milhões de pessoas tomaram a primeira dose no Brasil e 28,7 milhões a segunda dose ou o imunizante da Janssen, em dose única. Há ainda um contingente de 3,5 milhões de pessoas, segundo o Ministério, que perderam o prazo para completar o ciclo de imunização, fato que tem levado as prefeituras a empreender busca ativa para vacinar. 

"Estamos totalmente em alerta, o número de óbitos ainda é alto, a taxa de internação e de UTI é alta, acima de 80%. Estamos monitorando a questão dos medicamentos de intubação, que ainda não tem cenário positivo. Por isso é importante manter acompanhamento e vigilância", disse o secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira..

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Comentários: 2

Luis Moreira em Sexta, 09 Julho 2021 23:04

A bula da astrazeneca diz que os efeitos depois de 3 meses são melhores.

A bula da astrazeneca diz que os efeitos depois de 3 meses são melhores.
ninguém em Quarta, 14 Julho 2021 15:26

Senhor secretario, respeite os laboratórios e principalmente a saúde das pessoas, já não fizeram o devido e necessário lockdown, por mais clara omissão, e agora entraram na onda do "opinioso com a saúde alheia". Peça para sair, ainda há tempo.

Tudo isto pelo mais puro e macabro desejo em permanecer no jornal nacional entre os 5 estados que mais vacinam...

Senhor secretario, respeite os laboratórios e principalmente a saúde das pessoas, já não fizeram o devido e necessário lockdown, por mais clara omissão, e agora entraram na onda do "opinioso com a saúde alheia". Peça para sair, ainda há tempo. Tudo isto pelo mais puro e macabro desejo em permanecer no jornal nacional entre os 5 estados que mais vacinam...
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