Sesa encaminhou ofício, e sindicatos também cobram hospital durante “surto”

Com 14 profissionais de saúde internados com sintomas respiratórios, o Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, vai ter que reforçar seus protocolos de atendimento. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) encaminhou um ofício aos hospitais e serviços de saúde do Espírito Santo no início da tarde desta sexta-feira (24), para melhorar o “fluxo de comunicação” entre as instituições sobre o caso. Sindicatos de trabalhadores da área também fizeram cobranças ao hospital.
O ofício circular, ao qual Século Diário teve acesso, foi elaborado pelo Núcleo Especial de Vigilância em Saúde da Sesa. O documento determina que todo hospital que atender/internar profissional de saúde que atua no Hospital Santa Rita deve notificar imediatamente área de saúde do trabalhador da instituição em questão, e as informações sobre o quadro clínico deverão ser repassadas à Coordenação Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (Ceciss) para a investigação do “surto”.
O documento destaca que não há registro de sintomas entre familiares de trabalhadores internados, e também há profissionais de diversos setores do hospital que não adoeceram, indicando que não está ocorrendo transmissão pessoa-a-pessoa. “Ainda assim”, continua o ofício, “é importante reforçar que, diante do desconhecimento do agente etiológico, recomenda-se a adoção de precaução máxima no atendimento desses pacientes, com uso de máscara N 95 ou PFF2 sempre que possível. Tal medida visa assegurar a maior proteção frente ao cenário ainda em investigação”.
Também é reforçada a necessidade de higienização das mãos nos cinco momentos previstos pela Organização Mundial da Saúde (OMS): antes do contato com o paciente; após o contato com o paciente; antes de realizar procedimentos assépticos; após tocar superfícies próximas ao paciente; e após risco de contato com material biológico.
Em nota oficial publicada nesta sexta-feira, o Hospital Santa Rita informou que o “surto” teve início nesta semana, mas não houve novas internações desde quarta-feira (22). Atualmente, seis estão na enfermaria e dois na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), “todos em evolução clínica favorável”. Segundo a instituição, os profissionais atendidos apresentaram “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia”.
Apesar disso, diz o hospital, nenhum paciente apresentou sintomas semelhantes, e os serviços seguem funcionando normalmente. Entretanto, de acordo com o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), as cirurgias foram suspensas.
Suspeita-se de uma “possível causa ambiental”, mas ainda não há dados conclusivos sobre o que gerou o problema. Segundo fontes próximas ao Santa Rita, a principal suspeita é de contaminação da água consumida pelos trabalhadores.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Espírito Santo (Sindienfermeiros), Valeska Fernandes, apenas dois dos 14 profissionais com quadro clínico sob investigação são da enfermagem, mas não foram repassadas mais informações sobre os quantitativos das demais categorias laborais. Os sintomas informados pelos trabalhadores adoecidos incluem dor cabeça, congestão nasal, tosse e febre, segundo ela.
De acordo com Valeska, o sindicato solicitou ao hospital o isolamento total dos pacientes sob investigação, para evitar qualquer risco de contágio, junto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por parte de quem realizar o acolhimento. Também foi reivindicado que os enfermeiros sejam atendidos sem precisar arcar com nenhuma despesa. Houve cobrança, ainda, de maior transparência por parte da instituição.
“Além do adoecimento físico por infecção respiratório – que é o que parece ser -, podem surtir gatilhos para adoecimento mental. Às vezes a pessoa já está passando por um processo de depressão ou síndrome do pânico, e de repente se vê trabalhando em um local onde se espalha uma doença indefinida, levando colegas à internação. Então, quanto mais clareza neste momento de crise, melhor”, comenta Valeska.
O Simes informou, em nota, que acionou a Vigilância Sanitária e a Sesa cobrando apuração rigorosa dos fatos e verificação das condições ambientais, estruturais e de segurança do hospital, e também requereu à direção do Santa Rita um posicionamento formal sobre o ocorrido, bem como “informações detalhadas sobre as medidas corretivas e preventivas adotadas para garantir a segurança de médicos, demais profissionais e, principalmente, dos pacientes”. O presidente do sindicato, Otto Baptista, também está em contato direto com os órgãos responsáveis no Estado.
Já o Sindicato dos Servidores da Saúde no Estado (Sindsaúde-ES), que representa apenas os trabalhadores da rede pública, informou que acompanha o caso por meio da Sesa e das notas oficiais do próprio hospital.

