Dois casos mais graves têm relação com bactéria que ocorre no ambiente hospitalar

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirmou, nesta segunda-feira (10), que o surto no Hospital Santa Rita, em Vitória, foi causado pelo fungo Histoplasma. Entre os casos monitorados, 33 foram confirmados até agora, e todos suspeitos continuam sendo testados.
Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, o secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou que os testes são necessários “até para que a gente tenha uma estatística precisa de quantos casos de fato foram de pessoas contaminadas pelo fungo”. O diretor do Laboratório Central (Lacen), Rodrigo Ribeiro Rodrigues, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, também estavam presentes.
Já se suspeitava que o fungo, advindo de fezes de aves como pombos e morcegos, tinha sido o causador do surto, uma vez que havia sido encontrado em nove amostras de sangue. Nas investigações de materiais ambientais, foi achada em uma amostra de água de um bebedouro da área de descanso da enfermagem a bactéria Burkholderia, que não foi encontrada em nenhum outro ponto de água testado e que tem o mesmo encanamento.
A bactéria está descartada como causadora do surto. De acordo com o secretário, o Lacen encontrou duas pessoas, que são técnicas de enfermagem do hospital, que testaram positivo para a Burkholderia, sendo esses dois casos os mais graves entre os suspeitos. Em um deles, o mais grave dos dois, de uma profissional que chegou a ficar entubada, também houve infecção com Histoplasma.
“Não por acaso foram os dois casos mais graves. As infecções pelo Histoplasma em pessoas saudáveis, às vezes são curadas pelo próprio organismo. Normalmente são infecções mais leves. Estávamos estranhando esses casos mais agudos”, diz Hoffmann. De acordo com ele, concluída a investigação sobre a causa do surto, a Vigilância vai investigar o que pode ter causado a contaminação no hospital “para corrigir eventuais falhas e evitar que outros surtos como esse possam acontecer”.
O diretor do Lacen explicou que uma pessoa com Histoplasma não contamina a outra, pois a doença é desenvolvida via inalação. Na primeira testagem, foi encontrado o fundo somente em uma amostra. Depois, em mais oito. Segundo Rodrigo, não houve tantos casos positivos na primeira testagem por causa do tempo de incubação, necessitando de uma janela temporal de 12 a 15 dias após o início dos sintomas. “Nós entramos muito rápido no caso, pegamos os pacientes exatamente nesse período, em que não havia esse tipo de manifestação”, diz.
Já a bactéria, explica Rodrigo, ocorre principalmente no ambiente hospitalar. Sua transmissão, afirma, pode se dar de pessoas para pessoa, por meio de mãos contaminadas nos olhos e bocas e água contaminada, por exemplo. Orlei informou que vai mapear as obras que estão sendo feitas no hospital, pois as dispersões do Histoplasma podem ser pelo ar, terra ou ar-condicionado. O resultado, informa, pode sair daqui a cerca de 60 dias.

