Quarta, 24 Abril 2024

Testagem ampliada poderá identificar novos surtos em instituições e comunidades

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O momento não é de flexibilizar mais nenhuma atividade que já tenha sido reaberta. A avaliação foi declarada pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva nesta sexta-feira (3), e é compartilhada pela epidemiologista Ethel Maciel. 

Para o gestor da Sesa, mesmo tendo sido reduzido o Índice de Transmissão (Rt) da doença, a prevalência – número de casos confirmados – ainda é muito alta. "Não é possível, com uma prevalência tão alta, tomar decisões de flexibilização. É necessário que observemos uma tendência de queda sustentada de óbitos e de pacientes graves e positivos em especial de fase aguda", explicou. 

"Nós de fato consolidamos a percepção de que o platô ocorreu na Grande Vitória, com destaque para o município de Vitória", mas "existem riscos que podem comprometer a tendência de estabilização na Grande Vitória, que é a chegada do inverno, a prevalência de dias mais frios e chuvosos nesse período, e a redução do isolamento social".

Para que não ocorra uma segunda onda da doença, disse o secretário, é necessário que "as pessoas que estiveram protegidas com distanciamento social neste momento não saiam dessa medida de proteção". Na fase de recuperação, em que a pandemia chegar a um grau de estabilidade, disse, "o retorno das atividades precisa ser gradual, não pode ser abrupto".

Ethel Maciel também defende a não flexibilização de qualquer atividade mais, para além das que já foram feitas. "Ainda não baixamos o Rt, ele ainda está acima de 1. Estamos com uma tendência de estabilização na Grande Vitória, mas não existe essa tendência no interior, então não se pode falar em flexibilizar ainda", concorda a cientista.

Ela lembra o fato de que, segundo o inquérito sorológico, 90% da população ainda não entrou em contato com o vírus. Um novo inquérito vai trazer ainda mais elementos para a construção de políticas públicas por parte do governo, mas o que já se sabe é que qualquer nova decisão de flexibilização deverá ser precedida de um protocolo específico de testagem.

Mais de um milhão de pessoas

As escolas, por exemplo, consistem em um universo com mais de um milhão de pessoas - 940 mil estudantes e 90 mil professores - somente nas redes públicas estadual e municipais. Pessoas que estão protegidas até o momento, em distanciamento social. Ao se movimentarem na cidade, no transporte coletivo, no dia a dia escolar, expostas ao vírus, "muitas delas vão desenvolver casos graves e fatais", posiciona a epidemiologista.

Por isso, é necessária uma ampliação do protocolo de testagem, que não poderá ser mais feita nos critérios atuais, apenas para maiores de 45 anos com comorbidades. "Vai ter que ser em toda síndrome gripal", afirma. E cada atividade flexibilizada terá que ter seu protocolo de testagem. "Se flexibilizar a escola, vai ter que ser feito um protocolo pra todos os professores. Para os estudantes também, nem que seja por amostragem", aponta.

Na coletiva, o secretário disse que o Laboratório Central (Lacen) da Sesa passou por uma "qualificação da capacidade de testagem", conseguindo assim "não ter mais dificuldade de extração e reação como em momento anterior", o que "reflete na quantidade de casos positivos e na quantidade de casos informados no painel".

Mesmo sem abordar, ainda, a futura necessidade de ampliação da capacidade de testagem nos diversos segmentos do Estado, Nésio Fernandes destacou que essa qualificação do Lacen "será muito útil para que, no momento de recuperação da pandemia, que passemos a viver uma fase semelhante à de transmissão local. A gente vai poder utilizar essa capacidade de testagem para identificar novos surtos que possam ocorrer em escolas, locais de trabalho, comunidades, instituições de longa permanência".

O secretário também anunciou a implementação de uma quinta fase de expansão de leitos, a partir dos novos ventiladores comprados da Itália, o que pode elevar para 800 o total de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis para pacientes graves com Covid-19.

Ainda assim, citando experiências ruins ocorridas em outros estados brasileiros, onde houve retomada ampla e rápida de atividades sociais e econômicas, disse que é preciso manter cautela. "Sem dúvida alguma há um interesse explícito do governo do Estado em retomar as atividades sociais e econômicas mais amplas, no entanto, isso precisa ocorrer no momento em que nós tenhamos segurança de fazê-lo, respeitando protocolos e com medidas graduais e progressivas".

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