Segunda, 06 Mai 2024

Agentes da Polícia Federal vão usar 'mulas' em protesto por melhores salários

Os agentes federais do Espírito Santo que aderiram à greve nacional da categoria e promovem nesta terça-feira (25) e quarta-feira (26) protestos inusitados em frente à Superintendia da PF no Estado, em Torquato, Vila Velha. Nesta terça, agentes federais vão colocar "mulas" em frente às unidades da PF em todo o País. Eles também planejam "enxugar gelo". No Espírito Santo, a concentração será às 08h30 e os atos públicos acontecem às 10 horas.
 
Os agentes reclamam que nos últimos anos, com o sucateamento do órgão, a maioria dos presos são “mulas”, uma gíria para pequenos traficantes. Quanto ao gelo, é para mostrar que os agentes se esforçam em vão devido à falta de estrutura de trabalho. No protesto da semana passada, os agentes também foram criativos. Eles penduraram as algemas na frente dos prédios do órgão nos Estados.
 
A federação nacional e seus 27 sindicatos possuem 13.300 policiais federais filiados. Segundo o comando de greve, os serviços essenciais serão mantidos, pois o objetivo é conscientizar a população e não prejudicá-la. Os protestos criativos têm o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o sucateamento da PF, visível na mudança do perfil de atuação da instituição, e agora comprovada com dados estatísticos produzidos pelo próprio órgão. 
 
Durante o ato público, os dirigentes sindicais vão repassar para a imprensa dados estatísticos inéditos que comprovam a queda de produtividade da Polícia Federal nacionalmente e regionalmente. Em frente de cada unidade da PF, dirigentes poderão ser entrevistados. 
 
A Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo teve o pior desempenho do país no ano de 2013. O resultado faz parte do Índice de Produtividade Operacional (IPO), elaborado pela direção-geral da PF e divulgado no jornal O Globo na última sexta-feira (21). Em relação às atividades operacionais e fatores geográficos, a atuação da PF no Estado ficou à frente somente da superintendência fluminense. Pelo índice, a nota da PF no Estado foi de 1,527, quase três vezes menor do líder do ranking.


Os policiais reclamam de uma espécie de boicote do governo Dilma à Polícia Federal, e dizem que estão sendo punidos pelas operações anticorrupção que atingiram lideranças políticas ligados ao PT. 


Segundo os grevistas, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo precisa ser avisado com antecedência sobre as investigações que atingem políticos, ocorreu uma queda absurda nos investimentos do órgão, e o mesmo ministro tem militarizado a segurança pública brasileira, enquanto competências da PF são entregues à Força Nacional e ao Exército. 
 
Os agentes federais reclamam ainda que são a única carreira federal que amarga um congelamento salarial que completa sete anos. Durante a última década, o salário desses policiais federais foi reduzido à metade das demais carreiras federais. 


Como consequência, a cada ano mais de 250 agentes federais abandonam a PF. Segundo o comando de greve, são servidores capacitados e experientes, com as mais diversas formações acadêmicas exigidas para o cargo. Metade se aposenta precocemente, assim que completa as condições, e a outra metade migra para outras carreiras públicas prestigiadas pelo governo, com o dobro de salário e sem o risco de vida inerente à função policial. 

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