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Capixabas são identificados entre mortos e presos em chacina do RJ

Esposa de suspeito de tráfico que morreu na megaoperação foi presa, diz a Sesp

Tomaz Silva/Agência Brasil

A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) divulgou, nesta sexta-feira (31), os nomes de três capixabas que morreram e de outros três presos durante a megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro realizada esta semana nos Complexos do Alemão e da Penha – já considerada a maior chacina da história do Rio de Janeiro. De acordo com a Sesp, a esposa de um dos mortos foi presa nessa quinta-feira (30).

Um dos mortos é Jeanderson Bismarque Soares de Almeida, que teria envolvimento com o tráfico de drogas em Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), nos bairros Alto Independência e Nossa Senhora Aparecida. Investigado por suspeita de um homicídio ocorrido em fevereiro, ele tinha mandado de prisão em aberto e teria fugido há alguns meses para o Complexo do Alemão.

Fabian Alves Martins, considerado um “comparsa” de Jeanderson, também era investigado por envolvimento no mesmo homicídio de fevereiro. Segundo a Sesp, ele ocupava posição de destaque no tráfico de drogas do bairro Nossa Senhora Aparecida. Alvo da segunda fase da Operação Serodia, da Polícia Civil do Estado (PCES), em abril, teria fugido para a capital carioca.

Outro suspeito morto na chacina foi Alisson Lemos Rocha, mais conhecido como “Russo” ou “Gordinho do Valão”. Morador de Nova Carapina, na Serra, também teria envolvimento com o tráfico no município, mas sem ocupar um alto posto na organização da qual fazia parte. Ele também era investigado por envolvimento em um assassinato ocorrido em abril, no Residencial Mestre Álvaro.

Já os três capixabas presos são do norte do Estado: Rauflan Santos Costa, de Rio Bananal, com mandado de prisão em aberto pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma; e Cleyton Silvestre Pereira e Cleison Souza Jesus, de Linhares, que haviam fugido do sistema prisional em abril deste ano e dezembro de 2022, respectivamente.

Nessa quinta-feira, o Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) prendeu uma mulher de 18 anos, apontada como esposa de “Russo”. De acordo com a Sesp, foi feita uma denúncia anônima indicando que a suspeita iniciou a retirada de armas e drogas de sua residência, logo após a morte do marido. Dirigindo-se até o imóvel, no bairro Barra Branco, na Serra, as forças de segurança encontraram uma “intensa movimentação”, e apreenderam com a suspeita maconha e “catuques” – gíria para identificar anotações de contabilidade relacionadas ao tráfico.

Do total de pessoas mortas, 117 já foram identificadas, sendo 39 de outros estados. Entretanto, nenhuma delas havia sido denunciada pela investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que resultou na chacina policial, de acordo com informações do jornal O Globo. Segundo o Governo do Rio de Janeiro, 42 possuíam mandados de prisão em aberto, e outros 30 nem sequer tinham passagem pela polícia. Mesmo assim, a gestão do governador Cláudio Castro (PL) afirmou que “78 apresentavam relevante histórico criminal”.

Durante a operação, foram feitas 113 prisões. Mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro, foram cumpridos apenas 20 dos 100 mandados de prisão que motivaram a ação da polícia.

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, a defensora pública Rafaela Garcez, coordenadora de Defesa Criminal da Defensoria do Rio de Janeiro (DPRJ), afirmou que moradores deram relatos de vítimas degoladas. “A cabeça foi totalmente cortada. Isso não coaduna com uma situação de combate”, comentou.

Repercussão

Por causa da repercussão, o Governo do Estado anunciou, nesta quinta-feira (30), o acionamento de um “plano de contingência” para monitorar a possível migração de integrantes de facções criminosas do Rio de Janeiro para o Espírito Santo. Apesar disso, não haveria indícios, até o momento, de migração de suspeitos pelas fronteiras.

O caso também tem motivado um debate político intenso, com figuras da direita pressionando por intensificação de ações de repressão. Nessa quarta-feira (29), o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União), defendeu, em declarações no plenário, o fechamento das fronteiras capixabas com o Rio de Janeiro. Ele afirmou que encaminhou um ofício ao governador Renato Casagrande (PSB) cobrando a medida – o qual, por sua vez, adotou um posicionamento mais crítico em relação aos resultados da megaoperação.

Também na esteira da chacina no Rio de Janeiro, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou para a próxima terça-feira (4) a instalação da Comissão Parlamentar do Inquérito (CPI) do Crime Organizado. Entre os componentes indicados estão os três senadores do Espírito Santo: Marcos do Val (Podemos), Magno Malta (PL) e Fabiano Contarato (PT) – este como suplente.

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