Sexta, 17 Mai 2024

Delegacia de São Mateus funciona em situação precária

Delegacia de São Mateus funciona em situação precária
As delegacias de Polícia Civil do Estado estão operando em situações precárias, obrigando delegados e servidores a descumprir decisões judiciais para exercerem a atividade policial. Um dos casos mais notáveis ocorre na Delegacia Regional de São Mateus, no norte do Estado, que está sucateada, expondo servidores e usuários a riscos. 
 
Anexo à delegacia funcionou, até 2011, uma cadeia pública, conhecida como “cadeião” de São Mateus, local de incontáveis denúncias de violações de direitos humanos. O “cadeião” ficava frequentemente superlotado, não tinha qualquer condição de funcionamento e, inclusive, operava com homens e mulheres detidos no mesmo local, apenas em celas separadas. 
 
Em 2011 a carceragem da delegacia foi, finalmente, desativada. O então juiz da 2ª Vara Criminal de São Mateus determinou a interdição total da carceragem, vedando a custódia de qualquer preso condenado, provisório ou por dívida por alimentos, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. 
 
Já em outubro de 2014, o juiz substituto da Vara da Infância e Juventude de São Mateus, Marcelo Soares Gomes, determinou a interrupção imediata da prática de se guardar adolescentes em conflito com a lei no local (que já estava interditado), por qualquer período de tempo. O magistrado também determinou que Secretaria Municipal de Assistência Social forneça alimentação suficiente e adequada aos adolescentes que estiverem aguardando decisão judicial acerca de eventual internação provisória.  
 
O juiz determinou, ainda, que o delegado-chefe da unidade disponibilizasse sala própria para custodiar os adolescentes nesse período, garantindo estrutura mínima de dignidade a eles. 
 
Os delegados, no entanto, se veem obrigados a descumprir a ordem judicial, por conta da total precariedade da delegacia do município. Atualmente, três celas da antiga cadeia estão funcionando – uma para homens, outra para mulheres e a terceira para adolescentes – por total falta de espaço para acautelar detidos em flagrante na unidade enquanto determinada ocorrência está em andamento. 
 
Para que seja fornecida alimentação aos custodiados na unidade, é necessária a compaixão de policiais civis, no sentido de adquirir alimentação aos detidos, uma vez que não há fornecimento por parte do Estado. 
 
Outro fato que corrobora com o sucateamento é o de que, pelo menos, 40 unidades policiais do Estado devem ficar sem internet por 90 dias. A falta de internet nas delegacias impossibilita o acesso ao sistema de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização (Infoseg),e ao Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen), para a consulta sobre mandados de prisão em aberto e para cadastrar uma detenção no sistema. 
 
A precariedade se estende a outras unidades do interior. Inspeções realizadas por diversas entidades representativas dos policiais civis já constaram o sucateamento das delegacias. 
 
No dia 5 de março deste ano, a Delegacia de Polícia de Castelo, no sul do Estado, foi interditada pela Defesa Civil do município até seja reformada. De acordo com o laudo preliminar da Defesa Civil, a edificação em que se encontra a delegação não foi projetada para tal fim e não oferece estrutura, conforto e segurança para servidores e para os documentos ali gerados. 
 
A edificação não tem laje, o que é inconcebível em imóveis modernos, principalmente em delegacias, que abrigam documentos importantes e que não podem ficar sujeitos à ação do tempo. No local havia também risco de possível descargas elétricas e curto-circuito por conta de vazamentos nas paredes e tetos.   
 
Em abril de 2014, representantes do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado (Sinpol) vistoriaram as delegacias de Afonso Cláudio e Marechal Floriano, na região serrana, e constataram que as duas operavam precariamente. 
 
As duas unidades careciam de manutenção, com fios de energia elétrica expostos; fiação de comunicação e de internet igualmente expostas; rachaduras em paredes; a carceragem desativada (constituída de dois pavimentos) precisava de limpeza; e os pátios viraram depósitos de veículos apreendidos.

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