Segunda, 06 Mai 2024

Depois do verão, porte de armas é apontado como justificativa para salto de homicídios

Em 2014, como já era esperado, o Estado registrou um carnaval violento, com 31 homicídios e um latrocínio (roubo seguido de morte). No entanto, a justificativa da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para o aumento em 10 casos entre 2013 e este ano mudou, já que não há possibilidade de associar o alto número de mortes violentas com o tráfico de drogas, desculpa que o ex-secretário de Segurança Rodney Miranda gostava muito de usar.
 
Grande parte das mortes registradas durante os quatro dias de folia foram provocadas por motivos fúteis, como brigas e discussões decididas no “bico do revolver”. Por isso, o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, justificou que o alto número de armas ilegais em poder da população acaba por facilitar que haja mortes por qualquer motivo banal e alegou que é papel da Polícia Federal e do Exército monitorar regiões fronteiriças para que as armas não entrem em território nacional ou que não haja tráfico interestadual de armas. 
 
A justificativa inédita para o alto número de homicídios se soma a tantas outras dadas pelo atual secretário e por seus antecessores. O mês de janeiro deste ano foi mais violento que o mesmo período de 2013, contrariando a tese do governo que existe uma tendência de redução nos índices de homicídios. O primeiro mês do ano registrou 163 mortes, contra 140 em janeiro de 2014, um aumento de mais de 16%.  
 
Na época, Garcia minimizou a elevação, alegando que os índices são naturalmente mais altos no início do ano, período de verão. Considerando as 163 mortes violentas de janeiro e projetando a taxa para 2014, teremos uma média de 56 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Taxa que desconstrói o discurso do secretário, que tem garantido à sociedade que os índices estão em desaceleração desde 2009.
 
Além disso, reduzindo dos 31 homicídios os seis que foram praticados em locais de folia, durante os festejos de carnaval, chega-se à média de pouco mais de seis homicídios por dia, nos quatro dias. Esse número é um ponto maior do que a média diária de homicídios, que gira em torno de cinco mortes violentas por dia. 
 
É esse número, que é muito alto, que joga para cima a taxa de homicídios do Estado, que sempre fica acima de 40 por 100 mil no Estado. A taxa média de homicídios em uma década, entre 2003 e 2013, é de 54,5 mortes por 100 mil. 
 
Mais do que buscar justificativas para o aumento das mortes – ou para a estagnação nos números – a Sesp precisa apresentar um planejamento em segurança pública que contemple, mais do que a repressão a grupos criminosos, a prevenção calcada da multidisciplinaridade, para que os reflexos da redução sejam, de fato, duradouros. 

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Terça, 07 Mai 2024

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