Quinta, 16 Mai 2024

Entidades da sociedade civil discutem ações de combate ao nazifascismo

atirador_escolas_aracruz_reproducao_redes_sociais Reprodução/Redes sociais

Movimentos sociais, coletivos, sindicatos e centrais sindicais se reúnem nesta quarta-feira (30), na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), campus de Goiabeiras, para discutir ações de combate à escalada da violência de extrema direita nazifascista. A reunião, que será às 19h, foi motivada pelos ataques ocorridos em Aracruz, norte do Estado, onde um adolescente de 16 anos invadiu duas escolas, deixando, até agora, quatro mortos e ao menos nove feridos.

Os ataques foram feitos primeiramente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, onde o atirador havia estudado até junho deste ano. Após arrombar o cadeado, ele invadiu a escola e acessou a sala dos professores. Em seguida foi para uma escola particular, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), onde efetuou mais disparos, deixando outras vítimas.

A reunião pretende preencher uma lacuna com relação ao enfrentamento às causas dessa violência, que precisam ser debatidas com a sociedade civil organizada, para que as ações sejam definidas a partir de uma construção coletiva e não apenas por decisões de autoridades ou instâncias de governo.

A reunião não é restrita a organizações da sociedade civil ligadas à educação. A presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH), Galdene dos Santos, informa que um dos pontos a serem discutidos será a necessidade de realização de ações de desarmamento na sociedade. "Para que arma em casa? Quem precisa ter arma? A arma deve estar com quem deve estar, as forças de segurança pública", defende. Galdene aponta que, durante o governo Bolsonaro (PL), o acesso a armas e munições foi intensificado, o que ocasionou maior oferta de cursos de tiro, inclusive, associando o serviço oferecido ao lazer.

Galdene afirma que outras possibilidades da frente de enfrentamento serão discutidas, sendo necessário questionar, por exemplo, o que é segurança e o que é cuidado com a comunidade escolar. Ela recorda que, nos últimos anos, cresceram as ameaças ao magistério, que passou a ser monitorado devido aos seus posicionamentos políticos, com incentivo a ações como filmagem das aulas como forma de constranger e hostilizar esses profissionais. "Precisamos discutir qual escola queremos, e a escola que queremos é a que protege toda a comunidade escolar", defende.

O entendimento das entidades é de que o nazifascismo, com seus adeptos armados, está livre para crescer ainda mais no Brasil, diante da negação do problema, que normalmente é minimizado e individualizado.

Trata-se, de acordo com elas, de um problema que se torna cada vez mais estrutural, produzindo mais episódios de violência extrema. Enquanto isso, afirmam as organizações, políticas públicas para arte, cultura e fortalecimento da educação são fragilizadas e o debate sobre a abordagem da dimensão psicossocial de estudantes nas escolas não avança.

Ligação com o nazifascismo


Após os ataques, circulou nas redes sociais uma postagem do Instagram do tenente no qual ele mostrou a capa do livro Minha Luta, de Adolph Hitler, em que o ditador nazista da Alemanha expõe suas ideias antissemitas e genocidas. O livro, ainda utilizado como referência por grupos neonazistas em todo mundo, é proibido em diversas localidades, inclusive no Rio de Janeiro, por meio de lei municipal.

Com a repercussão, ele deletou o post. Em entrevista ao jornal Estadão nesse sábado (26), o tenente confirmou que fez a postagem. "Você quer saber de livro da biografia de Hitler. Livro péssimo. Li e odiei", disse, sem comentar o fato de o filho ter pregado uma suástica na roupa usada no crime nem sobre como teve acesso à sua arma e ao carro da família.

Professora de inglês vítima dos ataques em Aracruz está intubada

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