Caroline de Jesus, mãe de Helena, afirma que a menina precisa de remédios para o tratamento

Familiares e amigos de Helena de Jesus, de apenas quatro anos, mobilizam uma “vaquinha” para ajudar a custear os remédios para seu tratamento. A menina foi uma das quatro pessoas baleadas nesse domingo (18), no Morro da Capixaba, quando jovens que ainda não foram identificados saíram de uma área de mata no mirante do morro e atiraram. Para colaborar com a “vaquinha”, basta fazer doações de qualquer valor para a chave Pix 151.379.597-07, em nome de Matheus Lopes da Silva, pai da vítima.
Helena está internada no Hospital Infantil, em Vitória. Sua mãe, a dona de casa Caroline de Jesus Santos, informa que os tiros atravessaram o corpo da menina, perfurando o estômago, fígado, pulmão e intestino. Para se alimentar, a vítima teve que passar por uma incisão no pescoço, na veia sanguínea. “A situação é grave, ela está intubada, com respirador, monitorada 24 horas”, diz.
Caroline, com base nas informações dadas pelos médicos, prevê que, quando a criança sair do hospital, a família precisará de ajuda não somente para os remédios. De acordo com ela, os profissionais já anteciparam que Helena precisará utilizar fraldas durante um tempo, além de se alimentar somente de líquidos, não podendo ingerir nada pastoso.
Caroline recorda o momento do crime. Ela relata que, após o almoço, sua família e vizinhos resolveram conversar e jogar dominó. Quando os criminosos chegaram, armados, Helena estava sentada na porta de casa e um vizinho chegou a pedir que não atirassem nela. “Ele falou ‘pelo amor de Deus, não atira’, ainda assim atiraram”, afirma a dona de casa, que também levou um tiro.
O tiro que alvejou a mãe de Helena foi na perna e vazou de um lado para o outro. Caroline ainda não consegue andar. Ela foi atingida quando, ao ouvir os tiros, uma menina de quatro anos, filha de um vizinho, correu em direção aos criminosos, e ela pegou a criança para protegê-la.
‘Como alguém chega e se dispõe a matar?’
Esse questionamento é do presidente da Associação de Moradores do Centro (Amacentro), Walace Bonicenha, diante do crime registrado no Morro da Capixaba. Ele questionou o estabelecimento de uma “cultura de morte”. “É ‘importantíssima’ a ampliação do acesso à oportunidade de lazer e arte com as comunidades locais como forma de ampliar, fomentar a construção de princípios e valores de uma cultura de paz”, ressalta.
Nas redes sociais, a Amacentro afirmou que “é assustador pensar no tipo de pessoa que atira com frieza, disposta a eliminar vidas que sequer conhece”. “Que lógica é essa que transforma um semelhante em inimigo? O que podemos construir juntos diante de tanta violência? Que sociedade estamos formando, onde o lazer vira alvo e a vida é tratada com descaso?”, questionou.
A Amacentro se solidarizou com as vítimas e informou que está mantido o “tradicional encontro de futebol no próximo domingo [24], como espaços de convivência, resistência e reconstrução de laços comunitários”. O encontro, realizado pela associação, acontece na quadra do Morro da Capixaba.
Destacou, ainda, que está mantida, no dia 29 de maio, a reunião do Fórum Permanente por Moradia – Habitar com plenitude, na sede do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários). O fórum busca ampliar debates públicos sobre direito a uma moradia digna, acessível, segura e integrada à cidade.
Em 2021, a Amacentro realizou, junto com a Irmandade do Rosário, uma celebração ecumênica na quadra do Morro da Capixaba. A atividade teve como objetivo registrar a necessidade da cultura de paz e do cumprimento do papel do Estado, com a garantia de políticas públicas como segurança, saneamento e coleta de lixo. A atividade foi idealizada após a morte de um homem, no dia 11 de julho, durante um tiroteio ocorrido no momento em que várias pessoas estavam na rua, em uma festa julina. Na ocasião, um outro homem ficou gravemente ferido e foi levado ao hospital. A violência teve início quando encapuzados subiram o morro armados e iniciaram um confronto com traficantes da região.
A Amacentro, juntamente com a Associação de Moradores do Parque Moscoso (Ampar), a Associação dos Barraqueiros da Praça do Palmito da Vila Rubim e o Colegiado das Associações de Moradores da Regional 1 (Regional do Centro) Vitória, afirmou, na ocasião, lamentar a violência urbana, “que revela as atividades-fim, como é o caso de homicídio e barulho de tiros que encerram o domingo”.