Domingo, 19 Mai 2024

Legado de Herkenhoff: taxa de homicídios estimada para 2013 já supera a do ano passado

Legado de Herkenhoff: taxa de homicídios estimada para 2013 já supera a do ano passado

Embora o ex-secretário de Segurança Pública tenha afirmado, durante a sua despedida da pasta, na coletiva da última sexta-feira (1), que fez um "bom trabalho" à frente da pasta, não é bem isso que os números mostram. Os dois primeiros meses de 2013 indicam que a taxa de homicídios projetada para este ano deve ser maior que a de 2012. 

 
Em janeiro e fevereiro foram registrados no Estado 284 assassinatos. Se a violência continuar neste ritmo, a estimativa é de que 1.756 pessoas sejam vítimas de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) este ano. Esse número projeta uma taxa de 50 homicídios por 100 mil habitantes para o Estado. Em 2012, a taxa, segundo a Sesp,  ficou em 47/100 mil, com 1.661 mortes registradas. 
 
Herkenhoff, durante a coletiva de entrega do cargo ao sucessor, André Garcia (ex-Justiça e Ações Estratégicas), afirmou que a criminalidade está em queda, e que o resultado de seu trabalho na Segurança será percebido mais para frente. Entretanto, ao contrário do que o ex-secretário disse, ainda não é possível interpretar os dados da criminalidade e cravar que há tendência de queda consolidada nas taxas de homicídios. 
 
Nos dois primeiros meses do ano ocorreram 284 homicídios, contra 299 do mesmo período do ano passado, ou seja, uma redução de apenas 5%. No comparativo de mortes ocorridos no interior do Estado, houve um aumento de 2% em 2013, em ralação ao ano passado. 
 
Em alguns municípios do interior, o número de homicídios, nos dois primeiros meses do ano, subiu ou se manteve em níveis elevados. Chamam a atenção os casos de Linhares, Aracruz, São Mateus, Jaguaré, Conceição da Barra e Pedro Canário, que projetam taxas elevadas de homicídios para este ano.
 
Linhares, por exemplo, registrou 10 homicídios nos dois primeiros meses de 2012 contra 22 deste ano, um aumento de 120%. Se permanecer neste ritmo, Linhares fecha o ano com a impressionante taxa de 96 homicídios por 100 mil habitantes. 
 
Pedro Canário, que em janeiro e fevereiro de 2012 registrou apenas um homicídios, já tem seis no mesmo período deste ano. Esse número, para uma população de 23.794 (Censo IBGE 2010) habitantes, projeta uma taxa de ainda mais assustadora: 154 homicídios/100 mil. 
 
Em São Mateus a situação também é preocupante. Embora o número de assassinatos em 2013 (12) seja semelhante ao de 2012 (13),  nos dois primeiros meses do ano, o índice projetado para 2013 também é altíssimo. Caso o município nortista mantenha essa média, a previsão é de que a taxa para 2013 seja  67 homicídios por 100 mil. As taxas projetadas para as cidades médias e grandes seguem a mesma tendência. Boa parte desses municípios detém taxas muito acima da média nacional, que está em torno de 22 assassinatos por 100 mil habitantes.
 
Demissão
 
As instabilidade das taxas de homicídios pode ter sido um dos motivos que levaram o governador Renato Casagrande a demitir Herkenhoff. Embora Casagrande só queira falar de eleições em 2014, os preparativos já começaram desde já. Afinal, são os resultados colhidos este ano que serão usados na campanha que começa no próximo ano. O governador não quis arriscar chegar ao final do ano amargando taxas iguais ou superiores às de 2012, justamente numa das áreas mais vulneráveis de sua gestão.
 
Nos bastidores do Palácio Anchieta, comentava-se que o "aviso prévio" de Herkenhoff já estava em cima da mesa de Casagrande desde o início do ano. O governador, no entanto, como uma "última chance", teria aguardado os resultados dos dois primeiros meses do ano para decidir se assinava ou não a demissão de Herkenhoff. 
 
Depois do anúncio da demissão do ex-secretário, também ficou patente que Herkenhoff, além de não alcançar os resultados esperados pelo governador, não mantinha uma boa relação com a Polícia Militar. Outro fator que poderia comprometer os planos de Casagrande em obter melhores resultados na Segurança. Com o efetivo muito aquém do ideal, o governador precisava contar com o empenho dobrado da corporação. E com Herkenhoff no comando, a PM, fragmentada, não parecia muito disposta a "colaborar". 
 
O descontentamento da PM pode ser percebido na nota publicada no site da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, logo após a saída de Herkenhoff da Sesp: "As associações de classe da Polícia e Bombeiro Militar estão em dia de graça, felizes e satisfeitos pela mudança na pasta da segurança pública do Estado do Espírito Santo, pois as entidades de classe já não se relacionavam institucionalmente com o referido secretário já há algum tempo", ironiza a nota.

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