Terça, 14 Mai 2024

Operação Mouro desarticula quadrilha que agia em presídio de segurança máxima

A Operação Moura, deflagrada pelo Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (Getep) e pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ambos do Ministério Público do Estado (MPES), em parceria com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), iniciou a desarticulação de uma quadrilha controlada de dentro do Presídio de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana, e com ramificações em toda a região metropolitana da Grande Vitória.
 
Segundo o MPE, foram emitidos 19 mandados de prisão, dos quais 14 foram cumpridos e 20 de busca e apreensão, com nove cumpridos. Além de documentos, computadores, agendas e extratos bancários também foram apreendidas pequenas quantidades de maconha, cocaína e uma balança de precisão. 
 
A quadrilha tinha a participação de agentes penitenciários e de uma advogada que representava diversos internos do PSMA II. A advogada Adair Maria de Fátima Bianchi foi detida ainda na manhã desta terça-feira (6), assim como dois agentes penitenciários e um ex-agente. O filho de um vereador do município de Guarapari, um ex-agente penitenciário, também foi preso, acusado de envolvimento com o tráfico de drogas. 
 
Em entrevista na tarde desta terça-feira, a promotora Viviane Barros Patelli, coordenadora do Getep, disse que o grupo faz vistorias periódicas nas unidades prisionais do Estado. Ao perceber um aumento no número de celulares apreendidos no PSMA, a polícia iniciou uma investigação que culminou na prisão do agente penitenciário Jackson Souza, em novembro de 2012. 
 
A partir da prisão de Jackson, apontado como principal artífice da entrada de celulares no PSMA na época – em um mês foram apreendidos cerca de 30 aparelhos – foi iniciada a investigação a respeito dos atos ilícitos praticados na unidade, por meio de interceptações telefônicas. 
 
No curso da investigação, os membros do Getep pediram auxílio ao Gaeco, já que a proporção da atuação da quadrilha era maior do que se imaginara. Foi identificada a prática de vários crimes como tráfico de drogas, associação ao tráfico, tráfico de armas e porte ilegal de armas. “Nossa preocupação era com o as ordens que estariam saindo por meio dos celulares, se estariam sendo demandados homicídios ou execuções”, disse a promotora que lembrou que no PSMA estão presos os chefes de quadrilhas e facções criminosas que movimentam muito dinheiro de tráfico. 
 
Uma amostra do poder aquisitivo da quadrilha está no preço dos aparelhos celulares que entram no PSMA II. Na ocasião da detenção de Jackson, um aparelho custava entre R$ 4 mil R$ 5 mil. Atualmente o aparelho custa R$ 10 mil.
 
A advogada e os agentes públicos implicados na operação foram alvos de interceptações telefônicas. As investigações apontaram que ela era responsável por enviar “catuques”, que são comunicações oriundas de unidade prisional, dos presos para familiares ou para integrantes da quadrilha. Apontaram, ainda, que a advogada movimentava contas bancárias dos detentos e levava os extratos das contas para os clientes checarem no PSMA II. 
 
O ex-agente penitenciário que foi preso na operação praticava tráfico de drogas em bailes funk de Guarapari, segundo apontam as investigações, e o agente também auxiliava no tráfico, em Vitória, fazendo transporte. Além dos agentes, foram presas diversas pessoas por associação ao tráfico e familiares de presos.
 
O secretário de Estado da Justiça, Sérgio Alves Pereira, salientou que toda organização criminosa tem participação de agentes públicos, mas não se pode admitir que o sistema prisional seja utilizado para o cometimento de crimes. Ele acrescentou que o agente efetivo preso na operação vai ser submetido a um Procedimento Administrativo Disciplinas (PAD) e os de designação temporária serão imediatamente exonerados.   

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