Domingo, 19 Mai 2024

Pesquisa aponta que evasão escolar contribui para o aumento dos índices de homicídios

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra a relação entre o efetivo policial e a ocorrência de homicídios. A pesquisa “Evolução e determinantes da taxa de homicídios no Brasil”, de autoria de Adolfo Sachsida, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea; e Mario Jorge Cardoso de Mendonça, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea aponta a evasão escolar também está ligada aumento no número de homicídios. 

 
Baseando-se em vasto material bibliográfico, os pesquisadores apontam, por exemplo,  que o aumento do efetivo policial em 10% pode reduzir de 0,8% a 3,4% o número de homicídios no próximo ano. Em cinco anos, a redução acumulada pode ser de 3,3% a 13,9%. 
 
O estudo utiliza dados da pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 2012, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostra que em 2009 a média de assassinatos no Brasil foi de 27,1 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Em 30 anos, houve aumento de 83% nos casos. No comparativo regional, o Espírito Santo aparece no topo do ranking de mortes violentas, com 56,9 homicídios por 100 mil, taxa que só é menor do que a de Alagoas, que apresentou 59,3 assassinatos por 100 mil em 2009. 
 
Considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um policial para cada 250 habitantes, a pesquisa do Ipea corrobora com a tese. O Estado, por exemplo, tem efetivo policial militar de cerca oito mil homens – desconsiderando aqueles do concurso, ainda em andamento, que não assumiram os postos de trabalho – o que equivale a um policial para cada 439,3 habitantes, segundo dados de população para o Espírito Santo do IBGE. Mesmo com o aumento de 10% no efetivo policial militar no Estado, que é o que faz o policiamento ostensivo, o número ainda iria ser insuficiente. 
 
A pesquisa também aponta que o aumento de 1% na evasão escolar equivale a aumento de 0,01% nos homicídios, ou seja, quanto maior o tempo na escola, menos pessoas serão assassinadas. 
 
O taxa de encarceramento também é apontada como fator de queda de homicídios pela pesquisa do Ipea. De acordo com o estudo o aumento de 10% na taxa de presos em um ano baixa em 0,5% a taxa de homicídios no próximo ano. 
 
A expectativa apontada pelos pesquisadores, no entanto, não deixa de lado as políticas públicas de promoção de trabalho e renda, apenas ressalta que o combate à criminalidade pode ser feito com sucesso sem que seja necessário passar por grandes mudanças na estrutura socioeconômica da sociedade. 
 
Longo prazo  
 
As medidas de aumento de efetivo policial e da taxa de presos, no entanto, servem de medidas de curto prazo para combater a crescente taxa de homicídios. No entanto, somente o aumento destes fatores não pode ser desatrelado do investimento em políticas públicas nos setores de educação, saúde, promoção da dignidade e autonomia da população, já que recorrente aumento do encarceramento por si só não garante a diminuição da violência. 
 
Em médio e longo prazo, somente políticas de promoção da dignidade e autonomia, principalmente da juventude, podem contribuir para a consolidação da redução da violência. 

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Segunda, 20 Mai 2024

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