Domingo, 19 Mai 2024

Procurador questiona dados da Sesp que fazem ligação entre homicídios e tráfico de drogas

 

A tese que defendida pela Secretaria de Segurança Pública que faz a ligação direta entre homicídios e tráfico de drogas não é unanimidade. O procurador de Justiça, Sócrates de Souza, coordenador do Centro de Apoio Criminal (CACR) do Ministério Público Estadual (MPES) questiona os números da Sesp. Ele afirma que são necessários mais dados para confirmar essa tese. 
 
O procurador afirma que, em uma reunião ocorrida na Gerência de Estatística da Sesp, na qual compareceu acompanhado da equipe técnica do CACR, foi apresentado um relatório que apontava que 45% dos homicídios ocorridos em 2012 tinham relação, inicialmente, com o tráfico de drogas. 
 
Sócrates considera precipitado relacionar as mortes ao tráfico de drogas, já que elas se baseiam em 600 inquéritos policiais e usam como universo de pesquisa somente a Grande Vitória. Sócrates acrescenta que os dados são coletados a partir do relatório do investigador da Polícia Civil – que fica na base de dados da Sesp, mas no curso da investigação a polícia pode descobrir que o crime tinha outro motivação. O problema é que esse dado, normalmente, não é atualizado posteriormente nas estatísticas da Sesp.
 
O coordenador do CACR lembra que, para que o dado sobre mortes relacionadas ao tráfico de drogas seja mais preciso, é necessário que a informação fornecida pelo delegado ao fim das investigações seja também disponibilizado na base de dados da Sesp – atualmente ela só existe fisicamente, no inquérito – e que os dados de todo o Estado também sejam disponibilizados.
 
Quanto aos índices de homicídios no Estado, que vem sendo enfatizado pelo secretário de Segurança André Garcia como uma importante conquista, o procurador salienta que a redução de 10% ainda é pequena, já que não apresenta mudança na sensação de segurança da população. 
 
Ele aponta, também, que é preciso haver um levantamento sobre o que é catalogado como homicídio pelo Estado ao longo dos anos, se latrocínio (roubo seguido de morte); lesão corporal seguida de morte, quando a vítima morre no hospital; ou desaparecimentos. 
 
Em contrapartida, Sócrates destaca que o volume de processos por procurador só crescem ao longo dos anos. Sócrates conta que, em sete anos o número de processos por procurador praticamente dobrou, o que demonstra a eficiência da polícia, MP e Justiça em produzir inquéritos. No entanto, o procurador admite que apenas cerca de 10% dos inquéritos foram concluídos, ou seja, outros 90% não se transformaram em processos. “Nos homicídios, a violência é perceptível, já que há um corpo, mas são incontáveis os outros crimes em que não há registro”, concluiu.
 
Sumiço
 
Se o procurador questiona os números da Sesp, a imprensa tampouco pode acessá-los. Há cerca de três semanas os dados sobre homicídios "sumiram" do site da Sesp sem qualquer explicação.
 
Somente após ser questionado pela imprensa, o secretário André Garcia informou que a seção do site está passando por uma reformulação. Ele explicou que, por exemplo, os nomes das vítimas de homicídios não serão mais publicados para preservar os familiares. 
 
Faltou o secretário explicar por que a Sesp não comunicou antes à imprensa que retiraria os dados do ar. Se os dados vinham sendo divulgados assim há anos, não seria mais sensato preparar a nova base de dados para em seguida substituir a atual?

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