Quinta, 02 Mai 2024

Rodney justifica assassinato ocorrido dentro da Prefeitura de Vila Velha

Rodney justifica assassinato ocorrido dentro da Prefeitura de Vila Velha
Na manhã desta sexta-feira (23), o jovem Diego Biasutti, de 27 anos, morreu depois de ser baleado por um vigilante patrimonial da Prefeitura de Vila Velha. Diego, que era morador do bairro Coqueiral de Itaparica, onde fica a sede da prefeitura, entrou no prédio por volta das 7h30 da manhã, chutou a roleta e subiu até o andar em que fica o gabinete do prefeito Rodney Miranda (DEM), que não se encontrava na prefeitura no momento.
 
No terceiro andar do prédio, Biasutti entrou em luta corporal com o vigilante e foi baleado na cabeça, morrendo no local. Antes de matar o jovem, o segurança ainda chegou a disparar um tiro de advertância para o alto.
 
Ainda na manhã desta sexta-feira, o prefeito, acompanhado do secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, concedeu entrevista coletiva na tentativa de esclarecer o fato. Apesar de se tratar de uma entrevista para esclarecer o crime, toda a cúpula de Segurança se deslocou para a prefeitura de Vila Velha, em apoio ao prefeito, em vez de realizar a coletiva em alguma unidade da Polícia Civil.  
 
Circuito de videomonitoramento da Prefeitura de Vila Velha registrou o assassinato
 
 
De acordo com o prefeito, depois que Diego entrou na prefeitura, o vigilante tentou convencê-lo a voltar. Rodney considerou que o vigilante agiu corretamente, de acordo com o treinamento que recebeu. 
 
No entanto, Diego, que estava desarmado, descalço e carregando apenas uma Bíblia subiu os três andares da prefeitura sem ser impedido. A ação poderia ter tido outro desfecho. Se Diego Biasutti tivesse sido contido no momento em que entrou na prefeitura, chutou a catraca discutiu com o vigilante, como mostram as imagens do circuito de videomonitoramento da prefeitura, a morte poderia ter sido evitada.
 
Enquanto se discute a regulamentação da lei que determina que os agentes de segurança devem priorizar a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, como as armas de choque, o crime ocorre dentro da prefeitura e com o apoio irrestrito do prefeito.
 
O secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, disse que o caso vai ser investigado pela Delegacia de Crimes contra a Vida (DCCV) e o inquérito vai apurar as responsabilidades do vigilante que efetuou os disparos. Ele salientou que a polícia tem elementos para definir se houve conduta correta do profissional. “O inquérito vai avaliar a motivação, se foi um surto, ou se está relacionado ao consumo de drogas”. Garcia, porém, fez questão de criminalizar o jovem. Ele frisou que Diego Biasutti tem duas passagens na polícia por tráfico de drogas.
 
Já o prefeito disse que não houve falha na segurança no momento da entrada de Diego. Ele disse que a prefeitura já que ela já estava aberta para os funcionários. Ele tentou justificar o assassinato dizendo que o jovem partiu para a agressão e tentou tomar a arma do vigilante. 
 
Em determinado momento da entrevista coletiva, o prefeito levantou a suspeita que o crime poderia ter tido outra motivação. Rodney disse ter recebido a informação que um traficante da região de Guaranhuns, em Vila Velha, acusado de participação na morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, estaria recrutando pistoleiros para matar os envolvidos na investigação do crime. Ele disse que não descarta a possibilidade de haver o envolvimento. 
 
A suspeita do prefeito, no entanto, não foi corroborada pelo secretário de Segurança, presente na coletiva. Além disso, esta tese cai por terra quando se tem a informação de que Diego entrou na prefeitura desarmado, apenas com uma bíblia na mão.



Em declarações à imprensa, os familiares de Diego declararam que ele nunca havia citado o nome do prefeito de Vila Velha. Foi relatado que ele saiu da casa da mãe por volta das 6h30 da manhã desta sexta-feira, desnorteado. 
 
Os familiares chegaram a sair atrás dele. Um dos irmãos de Diego disse que, assim como ele entrou na prefeitura, ele poderia ter entrado em qualquer outro estabelecimento. 
 
A tentativa de Rodney Miranda de jogar a ideia de que o crime poderia ser um atentado – que não se sustenta neste cenário – acontece no momento em que está prestes a ser marcado o júri dos acusados de serem o mandante da morte do juiz. 
 
Devem ser levados a júri o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, e o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira. O Ministério Público Estadual (MPES) afirma que o trio teria articulado a morte do juiz, muito embora não tenha sido apresentada nenhuma prova considerada irrefutável contra qualquer um deles.
 

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