Manifestação nesta terça-feira cobrou ações concretas de segurança

O Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) realizou, na manhã desta terça-feira (10), uma manifestação em frente à garagem da empresa de transporte Santa Zita, em Cariacica, contra o assassinato do manobrista Clóvis Brás Júnior, na tarde dessa segunda-feira (9). O rodoviário foi morto a caminho do trabalho, próximo à entrada da empresa. O protesto paralisou as linhas de ônibus até as 7h30, quando foi encerrado.
De acordo com o sindicato, o crime acendeu mais um alerta sobre a escalada de violência enfrentada pelos trabalhadores do sistema Transcol, que já vinham denunciando agressões, ameaças e assaltos em serviço e nos arredores das garagens. O ato desta terça foi marcado por paralisações e falas de denúncia, com cobranças ao governo do Estado. “Os colegas ficaram muito traumatizados com o fato e nós nos sentimos obrigados a fazer essa manifestação em protesto contra a violência”, afirmou Marquinhos Jiló, presidente do Sindirodoviários.
O local onde Clóvis foi assassinado é, segundo os rodoviários, um dos pontos críticos de insegurança. A entrada da garagem da Santa Zita é isolada, mal iluminada e sem vigilância. “É um lugar ermo, onde os trabalhadores têm que caminhar quase dois quilômetros a pé para chegar até a garagem. Não tem estacionamento adequado, os colegas têm motos roubadas, pneus levados, carros quebrados. Não passa uma viatura para garantir a segurança. Jiló afirma que a falta de testemunhas e a precariedade do local dificultam as investigações. “O cara deu um tiro, foi embora, e o Clóvis ficou lá caído”, denunciou.

O sindicato classificou a manifestação como um sinal de “basta” e um alerta ao governo estadual. “Os rodoviários capixabas não aceitarão que a violência se torne parte de sua rotina. Exigimos ações efetivas para combater a insegurança e proteger nossas vidas. Chega de violência e impunidade!”, declarou.
Além de cobrar policiamento próximo às garagens, a categoria reivindica a participação efetiva dos trabalhadores na definição de medidas de proteção. “Não pode ficar só no papel. A cada dia que passa, as coisas estão ficando piores para o lado do trabalhador”, disse.
‘Execução’
A Polícia Civil informa que as primeiras análises indicam que não houve subtração de bens ou valores da vítima, o que afasta, até o momento, a hipótese de latrocínio. “Também não foram constatados indícios de furto ou roubo do veículo da vítima. Diante disso, a linha de investigação está voltada para a possibilidade de execução, cuja motivação pode ser passional, material ou de outra natureza”, aponta.
Equipes da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica realizam as diligências investigativas. Seguindo a PC, os policiais coletam imagens de câmeras de segurança, depoimentos e demais provas técnicas que possam contribuir para esclarecer a dinâmica do crime. A perícia técnica da Polícia Científica (PCIES) também realizou os procedimentos necessários no local, recolhendo vestígios essenciais para a investigação, como manchas, projéteis e possíveis evidências genéticas.
“Não há, até o momento, indícios que relacionem o crime à atividade profissional da vítima na área de transporte de passageiros. A PCES destaca que os índices de roubo e furto de veículos relacionados ao transporte público apresentam redução significativa”, contesta.
Grupo de Trabalho
A manifestação desta terça ocorreu um dia após a publicação, no Diário Oficial do Estado, da Portaria Conjunta nº 140-S, que cria um Grupo de Trabalho Integrado entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi). O comitê foi uma reivindicação do sindicato e tem como objetivos “estudo, prevenção e combate ao furto e roubo no transporte público rodoviário e nos terminais rodoviários da Região Metropolitana da Grande Vitória”.
Nomeado como Grupo de Trabalho Integrado, o comitê vai reunir representantes da Sesp e da Semobi, órgãos operacionais, como a Polícia Militar, Polícia Civil e guardas municipais de cinco cidades da Grande Vitória, além do Sindirodoviários, Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) e Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV). O grupo será coordenado por um subsecretário da Sesp.
A demanda foi apresentada à Sesp pela diretoria do Sindirodoviários no último dia 12 de maio, quando foi reforçada a necessidade de adotar providências diante do aumento da violência contra trabalhadores do sistema Transcol. A reunião havia sido solicitada em caráter de urgência após mais um ataque a um motorista da linha 583, esfaqueado durante um assalto em Carapina, na Serra.
Durante o encontro, que teve a participação dos subsecretários Márcio Celante e Guilherme Pacífico, além do major Leandro Botelho, o presidente do sindicato, Marquinhos Jiló, e demais membros da diretoria da entidade denunciaram a escalada de casos nos últimos meses, como ônibus incendiados, motoristas apedrejados, assaltos e tentativas de homicídio.