quarta-feira, outubro 8, 2025
23.9 C
Vitória
quarta-feira, outubro 8, 2025
quarta-feira, outubro 8, 2025

Leia Também:

Sindicato cobra reforço na segurança após motorista ser esfaqueado em Vila Velha

Agressão aconteceu no Terminal de Itaparica e passageiro foi preso em flagrante

O Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) voltou a cobrar mais segurança e valorização dos trabalhadores após ataque a um motorista de ônibus do sistema Transcol na manhã desta quarta-feira (8). A vítima foi esfaqueado dentro do Terminal de Itaparica, em Vila Velha, e levada para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, onde recebeu atendimento. 

Hélio Filho/Secom

Segundo testemunhas, a agressão foi motivada por uma discussão que começou dentro do coletivo durante o trajeto até o terminal. O motorista teria parado em um posto da Guarda Municipal na Rodovia do Sol e pedido que o passageiro descesse. Mais tarde, o homem pegou outro ônibus, seguiu até o Terminal e, ao identificar o motorista, o atacou com uma faca, atingindo o braço esquerdo do trabalhador, onde causou ferimento, e o pescoço, de raspão. O agressor foi preso em flagrante pela Polícia Militar e levado ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha.

O presidente do Sindirodoviários, Marquinhos Jiló, lamentou o episódio e cobrou novas medidas de segurança. “Mais uma vez, um colega é agredido dentro do sistema. A gente vive em clima de medo e desvalorização. Temos cobrado das empresas e do governo do Estado uma condição de trabalho mais digna e segura”, afirmou.

Sindirodoviários

Ele destacou que, após cobranças do sindicato, o governo estadual passou a reforçar o policiamento nos terminais e nas garagens, especialmente à noite, e reconheceu que a presença policial contribuiu para a prisão imediata do agressor, mas defendeu que o trabalho precisa ser ampliado. “Agora vamos pedir que sejam feitas abordagens também dentro dos ônibus, porque sabemos que há pessoas circulando armadas, com faca ou arma de fogo. Isso coloca em risco não só o motorista, mas também os passageiros”, disse.

Desde junho deste ano, o governo do Estado iniciou rondas policiais nos terminais de ônibus da Grande Vitória, atendendo parcialmente ao pedido da categoria por reforço na segurança diante da escalada de violência no transporte público, que inclui casos de assaltos, agressões e até homicídios de trabalhadores. A  decisão foi tomada após a primeira reunião de um Grupo de Trabalho Integrado (GTI) criado para acompanhar a situação.

A iniciativa, que tem por objetivo estudar, prevenir e combater o furto e o roubo no transporte público rodoviário, responde a cobranças de motoristas, cobradores e usuários do sistema Transcol que têm alertado para uma escalada de violência. 

Como eixo central das medidas de enfrentamento, o governo apresentou o uso de inteligência, com investimento em videomonitoramento e estímulo à denúncia anônima e a ampliação do projeto de inteligência artificial (IA), que passará a operar com 500 câmeras em ônibus e em pontos estratégicos da região metropolitana. As câmeras funcionam 24 horas e transmitem dados em tempo real para os centros de comando da segurança pública. 

Além disso, determinou o início das rondas nos terminais e se comprometeu a planejar ações para fortalecer o Disque Denúncia 181. Um canal exclusivo para crimes no transporte coletivo também está em desenvolvimento, para facilitar o envio de informações por trabalhadores e passageiros.

Outros casos

A criação do grupo de trabalho e o início das rondas policiais nos terminais ocorreram após uma sequência de episódios violentos que escancararam os riscos enfrentados por trabalhadores do Sistema Transcol. Um dos casos mais graves foi o ataque ao motorista Alex Fiene, ferido com golpes de facão durante um assalto enquanto operava a linha 583, em Carapina, na Serra. O agressor se irritou após o motorista explicar que não poderia parar o ônibus por conta de uma carreta à sua frente, e desferiu os golpes na cabeça, braço e peito. Alex levou pontos na cabeça e no braço, precisou ser hospitalizado e se recupera psicologicamente. O caso motivou uma reunião emergencial do sindicato com a Sesp no dia 12 de junho, cobrando ações efetivas de proteção à categoria. 

Outro episódio que gerou protesto da categoria para pressionar por medidas de segurança foi o assassinato do manobrista Clóvis Brás Júnior, morto a caminho do trabalho na entrada da garagem da empresa Santa Zita, em Cariacica, no último dia 9 de junho. Na manhã seguinte, os rodoviários paralisaram temporariamente as atividades em protesto, cobrando providências do Estado.

O sistema Transcol conta atualmente com 10 terminais, oito garagens e 381 linhas em operação. Em dias úteis, são cerca de 22 mil viagens realizadas, com transporte médio de 610 mil passageiros por dia. Além das rondas e das ações de inteligência, o sindicato cobra que o governo avance em outras frentes: presença permanente de policiamento nos terminais; segurança nas garagens; protocolos de emergência para situações de risco; e acompanhamento psicológico para trabalhadores vítimas de violência.

Mais Lidas