Domingo, 19 Mai 2024

Taxa de homicídios de 2012 é superior à de 2000

Taxa de homicídios de 2012 é superior à de 2000





Em suas primeiras declarações à imprensa, o secretário de Segurança Pública, André Garcia, mostrou que está com os números na ponta da língua para defender a tese de que a violência no Espírito Santo está em franca desaceleração. O novo secretário afirma que a redução nos índices de homicídios, no acumulado dos últimos três anos, foi de 20%. Ele ainda declarou ao jornal A Gazeta, que a taxa do Estado por 100 mil habitantes é a menor dos últimos 17 anos. 

 
Apesar do discurso bem decorado, os números do Mapa da Violência, que hoje é considerado a principal fonte de pesquisa sobre índices de homicídios no Brasil, mostram outra realidade. Segundo o Mapa, que é o estudo usado como referência pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios em 2000 foi de 46,8/100 mil habitantes. Naquele ano, 1.449 pessoas foram assassinadas no Estado. Em 2012, de acordo com dados da Secretaria de Segurança, morreram 1.661 pessoas, o que representa uma taxa de 47,2/100 mil. 
 
Diferentemente do que o secretário disse – “Nós não comparamos apenas datas, mas séries históricas” -, o retrospecto dos últimos 12 anos mostra que o ano com o melhor resultado foi 2001, quando a taxa atingiu 46,7/100 mil. No governo Paulo Hartung (PMDB), as taxas estiveram sempre acima de 50 homicídios por 100 mil. Exceção para os anos 2004 (49,4) e 2005 (46,9). 
 

É no governo Hartung que a taxa conhece também o seu pior resultado. Em 2009, penúltimo ano da gestão do peemedebista, a taxa atingiu, segundo a Sesp, impressionantes 59,7 homicídios/100 mil. O sangrento 2009, ainda segundo dados da Sesp, deixaria um saldo devastador de 2.100 mortes no Estado. 
 
O pico atípico de 2009, porém, teve seu lado positivo. A explosão de homicídios daquele ano vem sendo usado como referência pelo atual governo para construir a tese de queda. Sem falar que os dados do Mapa da Violência não batem com os da Sesp nesse ano. 
 
Segundo o Mapa, em 2009 foram registrados 1.996 e não 2.100, como informa a Sesp. A taxa corrigida representa 57,3 homicídios/100 mil. No retrospecto dos últimos três anos, a queda em vez de 20, como afirma o secretário, cairia para 16,8%. 
 
Porém, mais do que a controvérsia dos números, a série histórica desconstrói o discurso do novo secretário, que insiste na tendência de queda, que ainda não está consolidada. De acordo com o Mapa da Violência, em 2000, com 46,8 homicídios por 100 mil, o Espírito Santo ocupava a segunda posição no ranking nacional, enquanto o Rio de Janeiro, no comparativo, era o segundo colocado, com 51 mortes/100 mil. 
 
Nesses últimos anos, o governo fluminense realmente concentrou os investimentos em segurança e construiu um plano – as UPPs – para enfrentar a criminalidade. Dez anos depois, em 2010, o Espírito Santo, que ocupava em 2000 a terceira posição no ranking da violência, passou para a segunda posição. Já o Rio de Janeiro, que verdadeiramente vem experimentando a tendência de queda, abandonou o topo da lista para ficar na 17ª, com 26,2 homicídios por 100 mil. Ou seja, em uma década o Rio de Janeiro reduziu pela metade os índices de assassinatos, enquanto o Espírito Santo piorou o seu índice, subindo uma posição no ranking, lugar que ocupa até hoje, atrás apenas de Alagoas. 

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