Walace Bonicenha, presidente da Amacentro, defende a promoção da cultura de paz
“Como alguém chega num domingo à tarde e se predispõe a matar?”. O questionamento é do presidente da Associação de Moradores do Centro (Amacentro), Walace Bonicenha, diante do crime registrado no Morro da Capixaba na tarde desse domingo (18), onde quatro pessoas foram vítimas de disparo de arma de fogo, se posicionou sobre o assunto. Ele questionou o estabelecimento de uma “cultura de morte”.

O líder comunitário informa que o Morro da Capixaba é parte integrante do Centro de Vitória. Nesse domingo, relata Walace, jovens que ainda não foram identificados saíram de uma área de mata no mirante do Morro e atiraram em quatro pessoas que estavam ali: uma criança de quatro anos, a mãe e dois jovens, que estão hospitalizados. Após o ocorrido, a Polícia Militar chegou a sobrevoar a região com helicóptero.
“É ‘importantíssima’ a ampliação do acesso à oportunidade de lazer e arte com as comunidades locais como forma de ampliar, fomentar a construção de princípios e valores de uma cultura de paz”, ressalta. A Amacentro também tratou do assunto nas redes sociais, afirmando que “é assustador pensar no tipo de pessoa que atira com frieza, disposta a eliminar vidas que sequer conhece”. “Que lógica é essa que transforma um semelhante em inimigo? O que podemos construir juntos diante de tanta violência? Que sociedade estamos formando, onde o lazer vira alvo e a vida é tratada com descaso?”, questionou.
A Amacentro se solidarizou com as vítimas e informou que está mantido o “tradicional encontro de futebol no próximo domingo [24], como espaços de convivência, resistência e reconstrução de laços comunitários”. O encontro, realizado pela associação, acontece na quadra do Morro da Capixaba.
Destacou, ainda, que está mantida, no dia 29 de maio, a reunião do Fórum Permanente por Moradia – Habitar com plenitude, na sede do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários). O fórum busca ampliar debates públicos sobre direito a uma moradia digna, acessível, segura e integrada à cidade.
Em 2021, a Amacentro realizou, junto com a Irmandade do Rosário, uma celebração ecumênica na quadra do Morro da Capixaba. A atividade teve como objetivo registrar a necessidade da cultura de paz e do cumprimento do papel do Estado, com a garantia de políticas públicas como segurança, saneamento e coleta de lixo. A atividade foi idealizada após a morte de um homem, no dia 11 de julho, durante um tiroteio ocorrido no momento em que várias pessoas estavam na rua, em uma festa julina. Na ocasião, um outro homem ficou gravemente ferido e foi levado ao hospital. A violência teve início quando encapuzados subiram o morro armados e iniciaram um confronto com traficantes da região.
A Amacentro, juntamente com a Associação de Moradores do Parque Moscoso (Ampar), a Associação dos Barraqueiros da Praça do Palmito da Vila Rubim e o Colegiado das Associações de Moradores da Regional 1 (Regional do Centro) Vitória, afirmou, na ocasião, lamentar a violência urbana, “que revela as atividades-fim, como é o caso de homicídio e barulho de tiros que encerram o domingo”.
Também parte integrante do Centro de Vitória, o Morro da Piedade, há alguns anos, viveu uma série de casos de violência. No período de 2018 a 2020, vários jovens foram mortos: Rhuan, Damião, Lucas, Patrick, Luís, Fernando, Wemerson, João Victor e Fabrício dos Santos Almeida. Em junho de 2020, após a morte de Fabrício, o Instituto Raízes da Piedade e a comunidade organizaram um ato em memória das vítimas.