Sexta, 29 Março 2024

Vsita de associação nacional dos policiais ao Estado abre canal de diálogo com o governo

Os diretores da Associação Nacional de Praças (Anaspra) se reuniram nesta segunda-feira (26), em Vitória, com o secretário de Estado de Segurança, André Garcia, e o deputado estadual Sandro Locutor (Pros). A visita da entidade ao Espírito Santo possibilitou, finalmente, a abertura de um canal de diálogo com o governo.



O secretário de Segurança recebeu a pauta dos militares capixabas definida na assembleia do dia três de fevereiro e acordou que será retomada uma agenda com os diretores da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar (ACS-ES). A tropa tinha uma reunião na Sesp marcada para esta terça-feira (27), mas essa foi antecipada, após intermediação do deputado, como aponta a entidade.
 
“O nosso papel aqui no Espírito Santo, na reunião com o secretário de Segurança, foi de colaborar e construir um diálogo entre o governo e a categoria, e de que não haja mais esse muro entre governo e as entidades",  afirmou o presidente da Anaspra, Elisando Lotin, destacando que "este é um momento delicado para a segurança pública em todo o país, e não é bom para ninguém, nem para governo, nem para secretário, nem para a ACS e para os praças esse jogo de empurra”.
 
Durante a reunião com André Garcia, Lotin destacou que a Associação de Cabos e Soldados, no movimento ocorrido em fevereiro do ano passado e organizado pelas mulheres e familiares de militares, teve um papel conciliador.
 
“Hoje a ACS está pagando o preço disso, que é injusto e algumas coisas chegam a beirar o absurdo como, por exemplo, processar um ou outro por causa de um cachorro. São situações que não agregam absolutamente nada, hostilizam mais ainda o clima, que já não é bom. A nossa perspectiva é abrir esse canal de diálogo do governo com as entidades e com o comando para que consigamos solucionar de uma vez por todas essa situação”, disse.
 
O 2º secretário da ACS, Cabo Guimarães, falou para André Garcia que a entidade está em busca de soluções para os problemas vivenciados pela categoria desde fevereiro de 2016, um ano antes do movimento realizado pelas mulheres ‘estourar’ no Espírito Santo.
 
“O secretário havia nos recebido algumas vezes e nós levávamos a ele a situação da tropa e o discurso de que era preciso dar um alento. O nosso objetivo desde fevereiro do ano passado é resolver o problema e não apenas falar dele. E mais uma vez estamos no gabinete do secretário para falar destas soluções. Estamos vivendo as consequências de fevereiro e queremos colocar um ponto final nisso e ver todo mundo feliz”, ressaltou.
 
A tensão entre tropa, governo e secretarias também foi discutida na reunião da Anaspra na Sesp e mais uma vez o 2º secretário da ACS-ES interveio afirmando que este é o objetivo da entidade desde quando a ACS vem protocolando pedidos de agenda com o Comandante Geral, mas a Associação possui apenas os protocolos das reuniões que nunca ocorreram.
 
“Não sei se o secretário sabe, mas temos noticias de militares que tiveram as armas recolhidas por determinação do comandante de um dos batalhões da Grande Vitória por estarem com problemas ortopédicos. Soubemos que um militar durante atendimento de uma ocorrência em que estava acompanhando uma motocicleta bateu a viatura e lesionou o braço e o comandante do batalhão mandou recolher a arma por ele ter sido afastado para tratamento médico por um ortopedista, essas situações criam tensão no meio da corporação, um áudio que foi amplamente divulgado nas redes sociais atribuído a  um coronel trouxe bastante tensão para o meio”,  informou Cabo Guimarães para o secretário de segurança pública reafirmando que o distensionamento da relação deve ser bilateral.
 
Secretario se manifesta 
 
A ACS-ES registra a fala do secretario André Garcia.  Ele disse que “nos vivemos um trauma que não foi só para o policial, mas também para quem está do lado do governo, nós vivemos um movimento e hoje vemos que as pessoas ainda insistem em alimentar a crise que vivemos em fevereiro com o objetivo de ter ganho político. Tem gente que aposta no caos para mostrar para a sociedade que é ele quem possui a solução mágica. Isso me preocupa porque estamos nos deixando levar por essa manipulação política que é muito ruim”.
 
Sobre o diálogo: “Eu tento fazer um meio de campo para conversar com o comando da Polícia, mas eu tenho que acalmar o coração de quem está do outro lado também que se sente de certa forma atingido. Tem horas que eu também sou atingido com uma palavra, uma charge atrevida, os recados indiretos temos que parar. As associações têm tensionado nas falas, nos artigos em jornais e precisamos acabar com essa tensão”.
 
Já sobre as perseguições, disse o secretario que “o caminho que tenho adotado e tenho orientado a Polícia Militar é o diálogo e uma coisa que não sai daqui da Sesp é ordem para perseguir ninguém. Não vamos perseguir ninguém, vamos punir quem tem que ser punido.”.
 
Sobre o reajusta salarial: “Não me cabe tratar sobre a questão de reajuste, mas o governador tem dito que será concedido este ano, mas não sei a forma e o percentual”, disse André Garcia.
 
Repercussões financeiras
 
“O que puder ser feito na pasta aqui para minimizar os efeitos deletérios dos últimos anos que não tenha repercussão financeira estamos dispostos a tratar. Sei da questão da carga horária que é antiga, vamos criar um grupo para discutir esse assunto de forma transparente, temos que ver quais são os prejudicados e o que podemos fazer para melhorar essa relação”.
 
Sobre anistia disse o secretario de segurança que “a anistia para mim nunca foi cogitada e a gente nunca discutiu sobre isso. Vamos tratar das perseguições ou supostas perseguições daqueles casos em que o processo está mal conduzido, que foi configurado que não foi observado o contraditório, a ampla defesa”.
 
E mais: “Estou disposto a conversar para estabelecer uma linha que, na determinação do governador, não deve deixar de passar pelo comando via secretaria e é isso que farei, tentar viabilizar essa conversa”.

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