Sábado, 04 Mai 2024

Bancários retardam abertura de agências do Banco do Brasil em protesto contra reestruturação

Bancários retardam abertura de agências do Banco do Brasil em protesto contra reestruturação
Bancários do Banco do Brasil realizaram na manhã desta segunda-feira (5) um protesto contra a falta de funcionários e as más condições de trabalho. Seis agências de Vitória tiveram a abertura retardada em uma hora, iniciando a atendimento somente a partir das 11 da manhã – Pio XII, Avenida Fernando Ferrari, Jardim da Penha, Praia do Canto, Jucutuquara e Estilo Praia de Camburi.



As condições de trabalho no banco pioraram depois que a instituição implantou, em novembro de 2016, um novo programa de reestruturação que fechou agências físicas, reduziu postos de trabalho e descomissionou empregados em massa.  A consequência direta foi a superlotação das agências e a sobrecarga dos funcionários.



O Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários-ES) está tentando agendar uma reunião com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil para discutir os problemas e a condução das mudanças organizativas previstas no projeto de reestruturação.



Em Vitória, foram fechadas a agência Rio Branco, na Praia do Canto e a Moscoso, no Parque Moscoso. Os clientes dessas unidades foram transferidos sem consulta prévia para as agências mais próximas ou para agências digitais. Como resultado, as unidades que absorveram esses clientes dobraram o número de atendimentos, sem aumentar o número de empregados. Ao contrário, o quadro funcional reduziu com o lançamento do Plano de Aposentadoria Voluntária que já desligou mais de 100 empregados no Estado. Até o final e 2018, a meta é demitir até 18 mil funcionários em todo o País.



As mudanças também foram sentidas pelos clientes. O banco, que em setembro do ano passado ocupava o 5º lugar na lista de reclamações do Banco Central, passou a ocupar o 1º lugar no primeiro trimestre de 2017.



“Por mais que os bancários se esforcem para atender bem a população, é impossível dar conta de toda a demanda de trabalho sem o contingente de trabalhadores necessários”, explica Thiago Duda, diretor do sindicato.



Descomissionamentos

 
No processo de reestruturação, vários cargos foram extintos e outros reduzidos, como é o caso dos supervisores de atendimento, gerente de relacionamento do atendimento e assistentes de negócios. Assim, além do prejuízo para os bancários que perderam suas comissões e a sua respectiva renda, as atividades dessas gerências ficaram concentradas em um número menor de funcionários.



Uma das principais críticas é que todas as mudanças foram feitas sem diálogo com os bancários. Mesmo com a cobrança dos dirigentes sindicais, não houve orientação da direção do banco sobre os novos procedimentos e sobre a reorganização dos cargos e tarefas.



Agências digitais



A proposta de reestruturação é parte da estratégia do banco em ampliar o modelo de atendimento virtual, por meio de agências 100% digitais. O Espírito Santo é um dos estados piloto para implementação desse modelo. As primeiras agências a serem fechadas como parte da estratégia digital do foram Vale e Praia do Suá.



No sistema financeiro, o investimento em tecnologia da informação tem sido uma das principais ferramentas para redução de custos com pessoal, por meio direto do corte de empregados. A medida vem acompanhada do aumento da exploração e das metas, já que um número muito inferior de trabalhadores precisa assumir todas as demandas antes distribuídas nas agências físicas.



E os clientes não tiveram sequer a oportunidade de optar por fazer a migração para a agência digital ou continuar com sua conta numa agência física. A migração foi apenas comunicada.



Desmonte



O processo de reestruturação do Banco do Brasil vem sento tratado pelo movimento sindical como uma estratégia de desmonte do banco, a fim de reduzir o seu papel público e voltar a sua atuação para a área comercial. Para o diretor do Sindibancários, Dérik Bezerra, a reestruturação do Banco do Brasil está alinhada com o aprofundamento das políticas neoliberais no Brasil.



“A reestruturação dos bancos públicos não acontece por acaso. Está vinculada à lei da terceirização e à reforma trabalhista. A estratégia é sucatear o banco, precarizar o que for possível pra depois dizer que não serve, que o serviço público é ineficiente, justificando uma possível privatização total do banco. É mesma coisa que estão fazendo com os Correios e com a Petrobras. Nossa resistência tem que partir de dentro para fora. Não estamos pedindo muito, queremos respeito com os bancários e clientes, e condições dignas de trabalho”, disse o diretor.

Veja mais notícias sobre Sindicato.

 

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