Domingo, 12 Mai 2024

Empresas de comunicação do Estado iniciam 2015 com demissões

O Sindicato dos Jornalistas do Estado (Sindijornalistas-ES) se posicionou sobre a onda de demissões nas redações do Estado. Desde o início do ano, dezenas profissionais já foram demitidos. Para a entidade, o que vem acontecendo é a orquestração dos empresários sob a alegação de uma suposta crise econômica. 
 
De acordo com um dos diretores da entidade, Douglas Dantas, o principal fator que tem contribuído para as demissões é a falta de gerenciamento nas empresas de comunicação. Ele diz que não há crise financeira, já que há grande investimento em tecnologia em detrimento de investimento em pessoal. “O consumidor sente falta de um produto de qualidade, mas quando não há investimento em pessoal, não há qualidade”, afirma Dantas. 
 
No caso da TV Capixaba, em que foram demitidos 15 funcionários – dentre eles, cinco jornalistas – o sindicato acredita em retaliação, já que entre os demitidos estão profissionais que denunciaram burla à legislação trabalhista, o que gerou uma notificação por parte do sindicato e denúncia à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). Há notícias de demissões também na Rede Gazeta e na Rede Vitória
 
Entre os radialistas o cenário não é diferente. A diretora do departamento Jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Estado (Sintertes), Maria Rogéria Campos, de novembro de 2014 até esta semana foram feitas demissões na Rede Gazeta, Rede Vitória e TV Capixaba. Ela ressalta que as demissões na Record News tiveram início ainda em outubro do ano passado.
 
Ela diz que as demissões pegaram o sindicato de surpresa, já que aconteceram durante o recesso da entidade, por isso não há como mensurar quantas demissões foram feitas, mas adianta que o número é absurdo. “Ainda não sabemos se após o carnaval acontecerão novas demissões”, diz ela. O balanço com o número exato de demissões deve ser divulgado pelo Sintertes somente no fim de fevereiro, quando se espera que acabe a onda de demissões.
 
Rogéria salienta, no entanto, que somente entre Rede Gazeta, Rede Vitória e Record News foram mais de 40 demissões de radialistas. Na TV Vitória, afiliada da Rede Record no Estado foi extinta a posição de auxiliar de externa, o que leva os cinegrafistas a fazerem todo trabalho de filmagem, direção e ainda carregar o equipamento. O número de demissões pode ser expressivamente maior se forem considerados também outras categorias como os próprios jornalistas, funcionários do departamento comercial e administrativo. 
 
O impacto das demissões no mercado capixaba, que é restrito, é ainda maior, já que os profissionais demitidos não têm onde buscar emprego, já que as outras empresas também estão demitindo. 
 
Apesar de a onda de demissões ser nacional, Rogéria aponta que no Estado as empresas de comunicação sobrevivem de verba publicitária e o anúncio de corte de despesas feito pelo governador Paulo Hartung (PMDB) pode ter atingido as empresas de comunicação. A sindicalista lamenta a onda de demissões. “Dá pena, e no interior nem sabemos qual é a situação”, conta ela, referindo-se aos profissionais baseados em municípios do interior do Estado que também foram demitidos, mas ainda não homologaram a demissão.  
 
Suzana Tatagiba, também diretora do Sindijornalistas, salienta que a onda de demissões é nacional e que os empresários usam deste artifício de crise para amedrontar os profissionais. Ela lembra que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) já se manifestou sobre as demissões, repudiando as dispensas. 
 
Em nota, o presidente da Fenaj, Celso Schröder, diz que as demissões não são casos isolados, e sim são prática comum e organizada da área empresarial da comunicação. 
 
Nacionalmente, foram demitidos 160 funcionários do jornal O Globo, sendo 30 jornalistas; em Minas Gerais, foram demitidos 11 funcionários da redação e do setor administrativo do jornal O Estado de Minas; no interior de São Paulo, desde o início de janeiro, já foram desligados mais de 30 profissionais dos jornais das cidades de Catanduva, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Votuporanga. Só a sucursal da Folha de São Paulo de Ribeirão Preto dispensou oito jornalistas.
 
Legislação
 
Douglas lembra que em julho de 2013 foi sancionada a Lei 12.844/2013, que prevê a desoneração da folha de pagamento para empresas de comunicação. De acordo com a norma, a contribuição de 20% ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre a folha de pagamento é substituída pela alíquota de 1% do faturamento das empresas.  
 
Ele diz que, apesar desta grande desoneração, não foi visto o reflexo nas empresas. “Mais uma vez, o benefício foi usado para aumentar o lucro dos empresários”, diz o diretor.  

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