Terça, 07 Mai 2024

Trabalhadores do Estaleiro Jurong encerram paralisação

Trabalhadores do Estaleiro Jurong encerram paralisação
Os trabalhadores metalúrgicos do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no norte do Estado, encerraram definitivamente a greve deflagrada no dia 3 de outubro. Na última sexta-feira (7) os trabalhadores haviam suspendido a paralisação até a realização de mediação entre o Sindicato dos Metalúrgicos do Estado (Sindimetal-ES) e os patrões na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). 
 
A mediação foi realizada na última quarta-feira (8) e os trabalhadores se reuniram em assembleia na quinta-feira (9). Eles consideraram a proposta satisfatória e encerraram o movimento grevista. 
 
A proposta dos trabalhadores garante reajuste salarial de 7%, sendo 5,3% referente à inflação do período segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 1,7% de ganho real; auxílio-alimentação de R$ 250; custeamento de 40% do valor do plano de saúde de cada dependente; e o reajuste de 3% acima da inflação no valor dos pisos de ingresso. Os trabalhadores também tiveram 100% de abono das horas paradas.
 
Na ocasião da deflagração da greve, os trabalhadores rejeitaram a proposta que consistia em reajuste salarial de 6,3%, sendo 5,3% a inflação do período pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 1% de ganho real; a inflação mais 3% de reajuste nos pisos atuais; 30% do valor do plano de saúde de cada dependente custeado pela empresa, e auxílio-alimentação de R$ 250,00.
 
Em setembro deste ano os trabalhadores já haviam rejeitado proposta dos patrões que consistia em reajuste salarial equivalente à inflação do período, sem ganho real, e um auxílio-alimentação de R$ 195,00. Os empresários também não aceitaram negociar a implementação de piso por função.
 
Em março deste ano, os moradores da região da Barra do Riacho fizeram um protesto justamente por conta da falta de prioridades na contratação de moradores locais para as atividades do estaleiro. Um mês depois, a mídia corporativa iniciou uma ofensiva destinada a criminalizar o movimento dos trabalhadores que lutam por melhores condições de trabalho, quando a Jurong anunciou que as ações do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil do Estado (Sintraconst-ES) inviabilizaram o término da construção, iniciada em Cingapura, do primeiro navio-sonda de nome Arpoador.
 
Embora a empresa tenha sido obrigada, no processo de licenciamento do estaleiro, a contratar 80% da mão de obra das comunidades impactadas diretamente pelo empreendimento nos processos de instalação e operação, a Jurong e suas empreiteiras nunca cumpriram o estabelecido, como afirma a sociedade civil organizada. Na época, moradores afirmaram que as últimas contratações realizadas pelas empreiteiras que prestam serviços à Jurong sequer passaram pelo cadastro do Sistema Nacional de Empregos (Sine). Uma delas admitiu 60 trabalhadores da região metropolitana do Estado e apenas dois de Barra do Riacho.
 
Embora a empresa ofereça muitas vagas de emprego, raras oportunidades são concedidas aos trabalhadores da região. Não há prioridade de contratação da mão de obra local no processo seletivo da Jurong. Cursos profissionalizantes realmente são fornecidos pela Jurong, mas a empresa exige experiência na área, eliminando os trabalhadores com qualificação recente.
 
Enquanto a Jurong prioriza a contratação de trabalhadores de outras regiões, Barra do Riacho sofre um intenso processo de migração. Os trabalhadores locais, precisando de emprego e sem ter opções no local de moradia, optam por aceitar empregos em outras regiões do Estado e até do país. Ao mesmo tempo, a promessa de empregos gerada pela construção do estaleiro faz com que a cada dia cheguem mais trabalhadores de outras regiões ao vilarejo. Sem conseguir empregos, muitos acabam por engrossar os bolsões de pobreza no antes pacato lugar.

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