Sexta, 26 Abril 2024

A hora do 'vamos ver'

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Leonardo Sá

Passada a primeira fase da disputa eleitoral e a confirmação de segundo turno em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, as atenções se voltam para as próximas alianças e negociações políticas, o que inclui ainda possíveis declarações públicas de apoio do governador Renato Casagrande, como sinalizado por ele nesse domingo (15), após passar todo o primeiro turno fora dos holofotes, atuando apenas nos bastidores. Diante do elevado número de candidatos em cada município este ano e do tempo curto até a votação do próximo dia 29, as estratégias começam desde já, de olho nos donos das maiores votações, para garantir o peso da balança final. Na Capital, a principal pergunta é: para onde vão os 36 mil votos do deputado Fabrício Gandini (Cidadania), que disputou a vaga no segundo turno voto a voto com o ex-prefeito João Coser (PT)? Com uma campanha de chumbo trocado o tempo inteiro com o também deputado Lorenzo Pazolini (Republicanos), que larga na frente, Gandini estaria disposto a declarar apoio ao petista, para frear o principal adversário? O PSB, de Casagrande, com o candidato Sérgio Sá, não há dúvida, caminhará com Coser, mas e o governador? Correrá o risco de entregar a segunda principal vitrine política do Estado, estratégica para 2022, para o grupo do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, e o deputado federal Amaro Neto? Além do mais, Pazolini, como se sabe, atuou até agora na Assembleia Legislativa como oposição ferrenha à gestão estadual. No segundo bloco de candidatos, é certa a posição em favor de Pazolini de Neuzinha de Oliveira (PSDB), que quase foi sua vice; do deputado Capitão Assumção (Patriota); e de Halpher Luiggi, do PL, partido do ex-senador Magno Malta, ligado a Pazolini, embora os dois não desfilem juntos publicamente. Mas, pelo inexpressivo resultado de Halpher (apenas 998 votos), talvez nem valha o inevitável desgaste (a relação dele com Magno foi explorada na campanha eleitoral por Gandini). No caso de Mazinho dos Anjos (PSD), que passou a eleição disparando contra Coser e Gandini, só resta, também, o delegado, mesma situação do Coronel Nylton (Novo). Assim como a esquerda, representada por Gilbertinho (Psol) e Namy Chequer (PCdoB), só têm o ex-prefeito Coser, apesar das antigas resistências do Psol em relação ao PT capixaba. A outra opção é qualquer um da lista se declarar neutro. Mas, aí, convenhamos, é correr da "briga", logo na Capital!

Calculadora eleitoral
Em termos de votos, as somas podem render, para Pazolini, adesões da fatia do bolo de cada candidato. Assumção obteve 12.365 votos; Mazinho, 11.397 votos; Neuzinha, 7.897 votos; e Coronel Nylton (Novo), 2.882 votos.

Calculadora eleitoral II
Já no lado de Coser, fora a questão Gandini, Sérgio Sá foi votado por 7.110 eleitores e Gilbertinho Campos (Psol) por 1.408. O ex-vereador Namy Chequer (PCdoB) foi mal no pleito: 440 votos.

Calculadora eleitoral III
Há, porém, aqueles eleitores que não acompanham a orientação do candidato de jeito nenhum. Coser e o delegado Pazolini têm bandeiras antagônicas e bem definidas, de esquerda e direita. Os eleitores de Gandini votam em Coser? E em Pazolini, depois dos dois quase se "matarem" na campanha, o que rendeu até operação da Polícia Federal?

Pontos finais
A resposta para todos os questionamentos acima é o que definirá a eleição deste ano em Vitória.

Não somam
Antes que alguém pergunte sobre os demais candidatos, pontuaram menos ainda, sem peso algum no segundo turno em Vitória. Fabio Louzada (MDB), que disputou com a candidatura anulada sub judice, obteve 132 votos; Raphael Furtado (PSTU), 69 votos; e Eron Domingos (PRTB), 51 votos.

Casamentos na delegacia
Em Vila Velha, com a arrancada do vereador Arnaldinho Borgo (Podemos), que ultrapassou o prefeito Max Filho (PSDB) e o ex Neucimar Fraga (PSD), antigos adversários, a "cereja do bolo" seria o apoio de Neucimar, que obteve 39.219 votos (19,31%). Mas Arnaldinho colocou os dois na condição de "velha política" e disparou várias críticas durante toda a campanha. Max, então, nem se fala "casar" com Neucimar...

Ranking
Arnaldinho, opositor ao prefeito na Câmara, obteve 73.122 votos (36%), bem na frente de Max, com 46.523 mil (22,91%). Neucimar veio atrás, com 39.219 votos (19,31%). Com quem o vereador e prefeito negociam, agora? Pula para a próxima nota...

Urnas
Coronel Wagner (PL) estreou na eleição, com 13.661 votos (6,73%). Amarildo Lovato (PSL) obteve 7.606 (3,75%); o deputado Hudson Leal (Republicanos), 6.499 (3,20%); Rafael Primo (Rede), que disputou sub judice, 5.614 votos (2,76%); Mônica Alves (Psol), 4.652 (2,29%); e Dalton Morais (Novo), 4.574 (2,25%). A candidata do PV, Fernanda Martins (PV), veio bem atrás, com 1.047 votos (0,52%) e Claudia Autista (PRTB) por último, com apenas 580 (0,29%).

'Centro'
Em questão, aí, dois perfis políticos que falam a mesma língua e dois partidos – Podemos e PSDB – que se declaram de "centro". Bem diferente do cenário em Vitória.

Mesa de negociação
Em Cariacica, a disputa mais embolada dos últimos tempos, assim como no caso de Coser, espera-se, em princípio, reunir em torno do palanque de Célia Tavares (PT) o PSB, que teve o candidato Saulo Andreon (7.325 votos), o PCdoB, com Dr. Heraldo Lemos (9.037 votos), e a Rede, com Marcos Bruno (16.031 votos).

Mesa de negociação II
Euclério Sampaio (DEM), por outro lado, tem outro caminho amplo para negociar, com Sandro Locutor (Pros), que obteve 17.536 votos, Dr. Helcio (PP), com 12.173; Joel da Costa (PSL), 11.690; Dr. Motta (DC), 7.481 votos; Adilson Avelina (PSC), com 4.522; e Celso Andreon (PSD), com 3.788 votos.

Em aberto
E os votos do Subtenente Assis (PTB), de extrema-direita, que usou a imagem do presidente Jair Bolsonaro durante toda a campanha, "bate" a toda hora na esquerda e disparou contra Euclério na reta final de campanha? São 18.884 votos em aberto, que, se foram dados ideologicamente, de fato, não têm como ir para o PT.

Velhos tempos
Na Serra, outra questão. Os votos do deputado estadual Vandinho Leite (PSDB), que somam 35.838 (16,87%). Embora já tenha tido relações políticas com os dois grupos que rivalizam no município há 24 anos, do ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (Rede), o tucano fez campanha com base na renovação e se posiciona como crítico da atual gestão. Vai de Vidigal?

Segue...
O deputado Bruno Lamas, do PSB, é ligado a Audifax e tem a mãe vice-prefeita. Ele esperava o apoio do prefeito, que preferiu lançar Fábio Duarte (Rede), mas continuam aliados. Lamas recebeu 10.899 votos. Casagrande, por sua vez, também tem relações com Vidigal. Outro personagem é o deputado Alexandre Xambinho (PL), com 11.931 votos. A conferir, os próximos capítulos!

PENSAMENTO:
"Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada". Rui Barbosa

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