Polêmica longe do fim: deputados miram mais uma vez em Douglas Caus..candidato em 2026?

Os ânimos exaltados nos bastidores da área militar do Estado voltaram com tudo ao plenário da Assembleia Legislativa na sessão dessa segunda-feira (3). O alvo é o mesmo: o comandante-geral da Polícia Militar do Estado, Douglas Caus, que há 15 dias se envolveu em embate com o deputado Coronel Weliton (PRD) e, por tabela, Mazinho dos Anjos (PSDB), tendo como pano de fundo a polêmica do reajuste concedido aos delegados da Polícia Civil. O novo capítulo foi puxado pelo próprio Coronel Weliton, dessa vez ampliado para o campo político-partidário. É que o discurso dele, junto com os de Alcântaro Filho (Republicanos) e Lucas Polese (PL), sinalizou para interesses eleitorais do comandante-geral, que seria justamente conquistar uma cadeira na Casa. Coronel Weliton falou que Caus tem visitado o interior com a Operação Colheita, “um desdobramento e criação nossa, querendo desfrutar e tirar dividendos políticos”, e o chamou de “truculento, arbitrário e arrogante”, que “usa o cargo para prevalecer e impor sua vontade” e ainda “coloca câmeras nas unidades para vigiar os policiais”. Logo emendou: “quer aparecer, coloca uma melancia na cabeça!”. Alcântaro disparou que “o Espírito Santo não precisa de um blogueiro dentro do comando querendo se promover para a próxima eleição” e que “fica gravando vídeo para TikTok”. Também o acusou de querer “desonrar o trabalho e a história de Coronel Weliton” e de “perseguição”, e avisou que vai estudar uma representação por uso da máquina pública para promoção política. Polese pegou o embalo, dizendo que o comandante-geral “ativou o modo candidato” e “esqueceu de se preocupar com a tropa por conta de uma candidatura e campanha eleitoral”. O cabo de guerra, como se vê, esticou bastante! Agora pergunto: temos mais uma versão do “Rambo Capixaba”, que já produziu políticos como Coronel Ramalho (PL) e Rodney Miranda (Republicanos)?
Coro ampliado II
O deputado Danilo Bahiense (PL) também criticou Douglas Caus, chamando-o de “desrespeitoso” com Coronel Weliton e Mazinho. “Havendo representação, contem comigo”, apoiou.
‘Cambalacho’
Outro assunto que norteou o debate foi o fato de Caus não ter ido para reserva, apesar de somar há anos tempo de corporação, para se manter como comandante-geral. Bahiense citou a questão, e Polese destacou que a manutenção dele no cargo foi resultado de um “verdadeiro cambalacho”: se entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), ele cai, completou.
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No último dia 20, repercutiu no plenário um vídeo do comandante-geral distribuído à corporação, em que chama Coronel Weliton de “mentiroso”. O motivo seriam informações prestadas pelo deputado na assembleia geral realizada pela Associação dos Oficiais Militares do Estado (Assomes), que protestou contra a falta de simetria entre os salários da PM e da PC acordada com Renato Casagrande (PSB) ainda no seu primeiro mandato.
Bate…
Coronel Weliton alegou que, na ocasião, foi questionado pela categoria sobre como ocorreu a tramitação do projeto dos delegados e respondeu, “com lisura”, que a informação que chegou aos deputados, atribuída ao governo, é de que Douglas Caus teria sido chamado para “contribuir” e alegou “outras prioridades”. Mazinho corroborou a versão.
Rebate!
Já o comandante-geral disse que foi “surpreendido” e que “é mentira” que tenha sido consultado pelo governo sobre o aumento dos delegados e que sua pauta seja restrita à “reforma administrativa”. Douglas diz que foi “categórico” em defender a reforma e também a paridade entre os salários das duas corporações.
Mistério
A reforma administrativa, aliás, fez parte do discurso de Coronel Weliton dessa segunda-feira. O deputado desafiou “Deus e todo mundo” – associações, alto comando, deputado, oficiais, soldados, coronéis do alto comando e etc. – a saber o que tem na proposta de Caus. Ninguém sabe, porque não tem diálogo, só imposição, apontou.
Novas proporções
No primeiro round da polêmica, não apareceu o plano eleitoral de Douglas Caus, como agora. Caso avance a candidatura, vai mexer, sem dúvida, com o eleitorado de alguns deputados, mas principalmente o de Coronel Weliton, que cumpre papel de porta-voz sistemático da PMES na Assembleia Legislativa.
Não andou
Até agora, pelo que se sabe, não avançou na Casa o pleito dos militares e bombeiros após o aumento dos delegados. As associações representativas enviaram ao governo uma proposta de alinhamento salarial entre as forças de segurança pública. Coronel Weliton disse, também nessa segunda, que Casagrande tem a chance de corrigir a distorção, “dando pelo menos 5% de aumento para todo mundo”.
Números
O projeto dos delegados alterou a tabela de subsídios com o índice de 15% entre os níveis. O salário passou de R$ 16,8 mil no início de carreira para R$ 33,7 mil ao final, com aumentos progressivos. No próximo mês, chegará a R$ 17,5 mil e R$ 35,1 mil, e daqui a um ano, a R$ 18,2 mil e R$ 36,5 mil. O valor final supera em quase R$ 5 mil o máximo da remuneração na PM, que é pago para o cargo de coronel.
Nas redes
“(…) aos criminosos faccionados de nosso Estado ou aqueles que pensam em vir para o Espírito Santo, deixamos um recado: aqui você só tem dois caminhos: a cadeia ou o caixão. Estamos atentos ao ocorrido no Estado do Rio de Janeiro e deixamos claro que: se faccionados ousarem enfrentar a PM, tenham a plena certeza de que mudarão para o CEP do cemitério mais próximo”. Douglas Caus e a estratégia das redes sociais.

