Quinta, 18 Abril 2024

Do avesso (de novo)

quintino-_casagrande_leonardo_sa-7881 Leonardo Sá
Leonardo Sá

A briga e o rompimento do presidente Jair Bolsonaro com o PSL, no final do ano passado, resultaram na troca de mãos e de rumo do partido no Espírito Santo, com direito à "guerra declarada" entre filiados, racha na bancada na Assembleia Legislativa, ações na Justiça Eleitoral e mudanças nos palanques das eleições deste ano. Na Grande Vitória, "custaram", principalmente, as pré-candidaturas dos deputados Capitão Assumção, em Vitória, e Danilo Bahiense, em Vila Velha, porém, também tinha jogo com o nome de Torino Marques na Serra e com o Subtenente Assis, em Cariacica. Mais do que isso, ainda, o partido virou do avesso e saiu do campo da oposição para se alinhar ao governador Renato Casagrande, sob o comando do deputado Coronel Alexandre Quintino desde março deste ano. Assumção logo foi expulso e entrou no Patriota, com aval para manter sua candidatura. Já Bahiense ficou no "veto", denunciou "garfada" do atual comando para impedi-lo de trocar de legenda a tempo de se candidatar, e obteve recente decisão favorável do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para sair sem ter risco de perder o mandato, mas a eleição, esquece! Quem sobrou no PSL, do grupo original dos eleitos na "onda Bolsonaro" em 2018, foi a deputada federal Soraya Manato e Torino, mas ficaram a contragosto, devido à legislação eleitoral. O resumo é necessário agora, diante dos sinais de reconciliação entre Bolsonaro e o PSL, noticiados nos últimos dias no campo nacional, com declarações do próprio presidente e reações de lideranças, algumas de apoio, outras de rejeição total, depois de tantos embates e troca de acusações, que dividiram a sigla entre os grupos de Bolsonaro e de Luciano Bivar, que lidera o PSL nacional. Como sempre ocorre com as nuvens da política, o assunto ainda vai render, dependendo de movimentações de bastidores e das condicionantes da mesa de negociação para se efetivar um novo casamento, de fato. Mas inevitável já não pensar nos efeitos por aqui: fechado com Casagrande, situado em lado oposto ao "time Bolsonaro" e ao próprio presidente, como o PSL capixaba ficaria? E os seguidores do presidente, em confronto público com a legenda há meses? Essa eu quero ver...

Sem êxito
As conversas de Bolsonaro com outros partidos, incluindo o PSL, são resultados do fracasso de criação do Aliança pelo Brasil, processo que tem participação de todos citados acima e ainda do ex-comandante do PSL capixaba, Carlos Manato. Ele já trabalhava os palanques do seu grupo, mas também saiu para assumir a missão de criar a legenda idealizada pelo presidente, o que não deve ocorrer este ano, explicando o recuo do presidente.

Efeitos imediatos
A aproximação com o clã Bolsonaro é feita pelo vice-presidente nacional do PSL, Antonio Rueda, e começa a produzir impactos nas articulações eleitorais no Rio de Janeiro e São Paulo. Um dos pontos em negociação é a volta dos deputados bolsonaristas afastados do partido após o racha. O presidente, por sua vez, "paparia" a gorda fatia do fundo de campanha (R$ 200 milhões) e seria cabo eleitoral dos palanques municipais deste ano. Outra saia justa por aqui, já que Quintino tem fechado alianças com a base de Casagrande, inclusive na Capital.

Apoio
A proximidade do deputado e presidente regional do PSL é tanta com o governo, que ele já se movimenta para as eleições da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, que devem ocorrer em fevereiro de 2021, como o nome do Palácio Anchieta.

Exigia mais
O revoltante caso da criança de 10 anos estuprada pelo tio em São Mateus ainda registra forte repercussão no País, não só com manifestações de repúdio, como ações judiciais contra a extremista bolsonarista Sara Winter, que expôs dados da vítima e liderou um movimento para tentar impedir a interrupção da gravidez em Pernambuco, sob gritos de "assassinos", "aborteiros" e "demônios". Por aqui, a contar pela Assembleia e bancada capixaba, a maioria das reações ficou no discurso, não acompanhando o tamanho do absurdo.

Exceções
Com exceções da deputada Iriny Lopes (PT), que tomou providências efetivas, oficializando cobranças por investigação ao governo, Procuradoria Geral de Justiça e Supremo Tribunal Federal (STF), com a necessária citação de Sara e da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves e, nessa terça (18), do senador Fabiano Contarato (Rede), que representou ao Ministério Público do Estado (MPES) contra Sara Winter.

Afinados
Damares, que teve Sara na coordenação de políticas à maternidade no seu Ministério, apareceu logo no início da divulgação do caso e enviou emissários a São Mateus, ao lado do deputado-amigo, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Da visita, ecoou que teriam tido contato com a família, abrindo em seguida a pressão e campanha fanática antiaborto. Também precisa ser investigada, sem dúvidas.

Afinados II
Lorenzo Pazolini, para quem não se lembra, é autor da polêmica homenagem a Damares concedida no ano passado, que gerou protestos de movimentos sociais contra a política que ela defende à frente da pasta. A resposta do deputado na época: críticos da ministra são "favoráveis à pedofilia". Ao estilo, sem tirar nem pôr, do seu padrinho político, o ex-senador Magno Malta (PL).

Tudo 'normal'
As solenidades presenciais realizadas pelo governo nos municípios capixabas, com participação de Renato Casagrande, se intensificam a cada dia, assim como também engrossam os "bolinhos" de convidados. Acabou a pandemia? Os atos eram realizados exclusivamente online, até pouco tempo atrás.

Festas
Por falar nisso, o deputado Vandinho Leite (PSDB), de oposição e, portanto, excluído de todos os eventos relacionados a Serra, seu reduto eleitoral, protestou no Faceboook contra o último deles, que mais uma vez reuniu, online, o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e os também deputados Bruno Lamas (PSB) e Alexandre Xambinho (PL), todos personagens das eleições de novembro. "O governo está mais preocupado em festejar edital de contratação do que entregar obras", disparou.

PENSAMENTO:
"A vida é como uma sala de espectáculos; entra-se, vê-se e sai-se". Pitágoras

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