Marcelo Santos e os secretário-candidatos: “não vou tolerar nem controlar a Asssembleia”

Poucos dias depois de criticar os secretários-candidatos do Estado das disputas de 2026 em plenário, acusando-os de fazer dos cargos “comitês eleitorais”, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União), voltou ao tema na sessão desta terça-feira (8), com mais disparos. Falou de uma “insatisfação generalizada” dos colegas em relação aos chefes de pastas e autarquias e enfatizou que “a eleição é só ano que vem” e “não vai tolerar desrespeito” nem “ficar controlando a Asssembleia”. Marcelo tratou o discurso como o “último apelo” e apontou que a situação pode gerar problemas para o governo Renato Casagrande (PSB), de quem é aliado. Desta vez, também citou o nome do diretor-geral do Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado (DER), Eustáquio de Freitas (PSB): “precisa respeitar um bocado mais o papel dos deputados!”, cobrou. Apesar disso, fez questão de dizer que o problema era generalizado, de “homens e mulheres”. Se na semana passada, o discurso focou mais no que seria “coação” dos secretários para conseguir apoios às próprias candidaturas, o que estaria condicionado, também, a receber ou atender os parlamentares, desta vez entraram no meio as exclusões de agendas oficiais – no caso de Freitas, Marcelo acrescentou os nomes dos deputados Mazinho dos Anjos (PSDB) e Raquel Lessa (PSB). Os ruídos e embates públicos vêm na esteira da antecipação do processo eleitoral no Espírito Santo. No governo Casagrande, mais de dez secretários já são considerados candidatos nas disputas proporcionais, e os atuais deputados também estão atrás de garantir seus terrenos. Na verdade, na verdade, mesmo, é isso: todo mundo quer defender o seu!
Bolada
O ponto que antecedeu o discurso foi um projeto enviado pelo governo para autorização de um empréstimo de 353,4 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), referente a cinco intervenções em estradas do norte e noroeste do Estado, região, inclusive, que é área de votos de Freitas.
Bolada II
Marcelo Santos resolveu convidar os prefeitos dos municípios envolvidos para uma reunião com os deputados antes da votação, “para mostrar efetivamente a necessidade das obras” e, então, a Assembleia decidir se aprova ou não. Foi sugerido, por Dary Pagung (PSB), chamar também os presidentes de câmaras e vereadores, o que foi acatado. O encontro deve ocorrer na próxima segunda-feira (14). Ou seja, vem mais por aí!
‘Uso da máquina’
A fala de Marcelo recebeu coro, principalmente, de deputados da oposição. Alcântaro Filho (Republicanos) apontou os interesses político-eleitorais dos secretários, responsabilizou o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), pela antecipação “inconsequente” das eleições, e o acusou de uso da máquina para erguer seu palanque ao governo. Prometeu fiscalizar tanto os secretários como o vice.
‘Humilhação’
Pablo Muribeca, do mesmo partido de Alcântaro – que vem a ser o mesmo do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, adversário de Casagrande -, disse que é da base, vota com o governo, e reclamou que os deputados têm passado por “humilhação”. Citou o deputado licenciado, secretário de Saúde, Tyago Hoffmann (PSB), que “não atende às ligações”, e disse que os deputados têm que esperar de uma a duas semanas para saber se os secretários têm agendas para atendê-los.
Vice também na mira
Também se voltou para Ferraço, dizendo que ele sequer o cumprimentou na Feira dos Municípios, ao contrário do próprio Casagrande. “Sempre houve respeito”, acrescentou, dizendo que o vice está assim antes mesmo de assumir o governo – no caso de Casagrande deixar o cargo em abril para assumir a candidatura ao Senado.
‘Abram os olhos’
Callegari, do PL, voltou lá atrás, na aprovação de um projeto envolvendo a Secretaria das Mulheres, comandada por Jacqueline Moraes (PSB), para afirmar que ali já era a antecipação do processo eleitoral, e destacou: “deputados da situação, abram os olhos, vai ter que arrumar vaga aqui para essa galera toda, e não será às custas da oposição e dos deputados independentes”.
No embalo
Outros que se manifestaram no mesmo sentido ou em defesa do debate sobre o projeto milionário de Casagrande foram Lucas Polese (PL), Janete de Sá e Coronel Weliton (PTB).
Palanques
No governo do Estado, tem candidatos a deputados estadual e federal no primeiro escalão e também nas autarquias. Dos citados acima, Freitas é listado pelo PSB como candidato à Câmara Federal, assim como Tyago Hoffmann; e Jacqueline Moraes à Assembleia.
Palanques II
Marcelo Santos é declaradamente candidato a deputado federal, mesmo campo de Freitas. Alcântaro Filho, Janete e Coronel Weliton devem disputar a reeleição; Polese pode entrar no jogo do PL à Câmara Federal; e Callegari insiste na disputa ao Senado, embora não tenha espaço no seu partido.
PSB
Em entrevista à TV Século em abril, o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, apontou ainda, entre os quadros do partido, a secretária de Governo, Emanuela Pedroso, como candidata à Câmara. A ideia era o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado) Victor Coelho, atual secretário de Turismo, integrar a chapa, mas ele preferiu disputar a Assembleia, invertendo com sua aliada de confiança e subsecretária, Lorena Vasques.
Mais
Na Assembleia, ele destacou ainda Givaldo Vieira, diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran); e Bruno Lamas, que está à frente da pasta de Ciência e Tecnologia.
Só aumenta
Fora do partido do governador, a lista de interessados só aumenta. Levantamento do ES360 inclui como pré-candidatos os secretários de Agricultura, Enio Bergoli (sem partido); e de Meio Ambiente, Felipe Rigoni (União); e de Educação, Victor de Angelo, a deputado federal; e o secretário de Recuperação do Rio Doce e ex-prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi (MDB), e de Esporte, José Carlos Nunes (PT), à Assembleia.
Nas redes
“Calote com dinheiro público é covardia! Recebemos várias denúncias de que funcionários de empresas terceirizadas, como recepcionistas das unidades de saúde estão sem receber salário, vale-transporte, nem auxílio-alimentação. Estão indo trabalhar com o próprio dinheiro. Isso é inaceitável! (…)”. Professor Jocelino, vereador de Vitória pelo PT.