Difícil imaginar que Rose tome a frente de Euclério numa eventual disputa pelo Senado

Depois de uma derrota eleitoral e longo “mergulho” desde 2022, além do resultado catastrófico à frente do MDB no Estado, chama atenção a movimentação da ex-senadora Rose de Freitas para disputar o mesmo cargo em 2026, tomando a frente do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, que está em campo para angariar apoios, colado no vice-governador, Ricardo Ferraço. Não que Rose não reúna condições de disputa, tem trajetória para isso, mas não parece, nem de longe, que seja seu momento de erguer esse palanque dentro do partido. Apesar de abrigada em cargo comissionado na Presidência do Senado, Rose se mantém distante da vitrine política capixaba, enquanto Euclério surfa na onda de uma votação expressiva à reeleição, somada a articulações que o colocam sob constante holofote. O prefeito tem a guarita do governo Renato Casagrande (PSB) para capitalizar com obras, circula por áreas cobiçadas pela classe política, como a evangélica, e virou uma espécie de “doce na boca” de vereadores, parlamentares e lideranças políticas. Dia sim, dia também, ecoam discursos e declarações a favor do seu projeto eleitoral. No MDB, o nó que precisa ser desfeito, acima de tudo, é se o partido vai, mesmo, comportar duas candidaturas majoritárias, o que do ponto de vista de alianças, não é comum e costuma fechar o campo. No caso de Casagrande, o dono da primeira vaga ao Senado, já há questões complexas precisando de ajustes, a principal delas, a acomodação do deputado federal Da Vitória (PP), futuro presidente da poderosa superfederação União Progressista (UP), também inserido no tabuleiro do Senado. O “fator Rose” só embola mais o jogo.
Bom negócio
Ricardo e Casagrande têm muito interesse em Euclério. Ele é um forte cabo eleitoral para a eleição ao governo e já tem puxado o vice-governador pela mão em seus territórios de votos em Cariacica – o prefeito foi reeleito com mais de 88% das urnas. Sobre o governador, conta a favor o trânsito de Euclério em áreas conservadoras e de direita, para equilibrar a ofensiva que o liga à esquerda e ao presidente Lula.
Ladeira abaixo
A candidatura de Rose, como ela tem divulgado, teria o apoio do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), com quem Ricardo inclusive se reuniu nesta semana. Mas e a executiva estadual? O período da ex-senadora à frente do partido foi marcado por turbulências, e o ex-deputado Lelo Coimbra chegou a entrar em cena novamente para retomar o comando, mas Ricardo Ferraço assumiu, como uma saída à “pacificação”.
Ladeira abaixo II
Nas eleições de 2022, em nome da composição com Casagrande, o MDB perdeu seus últimos sobreviventes e ficou sem chapa à Câmara Federal. Para a Assembleia Legislativa, lançou nomes fracos. Rose era a única boia de salvação, mas perdeu a eleição para Magno Malta (PL). Com a força do mandato, chegou a 38,17% dos votos, atrás dos 41,95% do bolsonarista.
Atrás do bonde
Quando ela ressurgiu no mercado e deu o primeiro aceno no sentido da candidatura em 2026, parecia apenas mais um movimento dos atores políticos para inserção na mesa de negociação. A Câmara Federal seria um caminho? Veremos onde Rose chegará! No mesmo bloco, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) também se colocou para o Senado, mas segue afastado das movimentações que estão em evidência por aí.
Obstáculo
No campo oposto, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) se reuniu nessa quarta-feira (5) com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso. O destino partidário dele, ao que tudo indica, será a legenda da dupla, junto com sua mulher, atual secretária de Pazolini e ex-deputada federal, Soraya Manato. Os planos do Senado ficam, assim, cada vez mais distantes…
Peças atuais
Ao redor de Pazolini, vale lembrar, já orbitam Maguinha Malta, como projeto prioritário de Magno e do PL; e o deputado federal Evair de Melo (PP), que circula há meses com o prefeito, mas depende do caminho que tomará a UP – ele se opõe ao alinhamento firmado hoje com Casagrande. Mais um nome…
Peças atuais II
…é o deputado estadual Sérgio Meneguelli, que deixaria o Republicanos para se filiar ao PSD, projeto incentivado pelo ex-governador Paulo Hartung – embora o presidente da legenda, Renzo Vasconcelos, como já analisado aqui, também tem abraçado Ricardo Ferraço e aproveitado as obras do governo no município.
Peças atuais III
O tabuleiro se completa com o deputado estadual Callegari, que deixou o PL para se garantir na disputa pelo DC, e o vereador de Vitória, Leonardo Monjardim (Novo), que neste sábado (8) lança seu nome oficialmente, com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, cotado para a Presidência da República.
Nas redes
“Não seremos silenciadas! A tentativa de deslegitimar a vereadora Ana Paula Rocha [Psol] é retrato do racismo e da misoginia na política. Associar a defesa dos direitos humanos ao crime organizado é estratégia de censura para calar a defesa dos direitos fundamentais. Não vamos recuar. Toda solidariedade à Vereadora Ana Paula!”. Camila Valadão, deputada estadual pelo Psol.

