Sexta, 26 Abril 2024

Faísca por todo lado

lucianomachado_tatibeling_ales Tati Beling/Ales
Tati Beling/Ales

"Fuzilado" por colegas de plenário. Assim saiu o deputado estadual Luciano Machado (PV) da sessão da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (6) que debateu o projeto de sua autoria de redução em 30% dos salários dos parlamentares – de R$ 25,3 para R$ 17,5 mensais - enquanto durar o estado de calamidade pública decorrente da pandemia do coronavírus. Entre as diversas reações, predominaram acusações como oportunismo, demagogia, média, manobra, jogar pra plateia...Até acusado pelo presidente Erick Musso (Republicanos) de tentar "destruir o trabalho da Assembleia", ele foi. A questão, além do corte em si, se agravou por dois pontos: a recente divulgação em A Gazeta de um diálogo vazado do grupo de WhatsApp dos deputados sobre a proposta, que deixou os ânimos exaltados, e a não inclusão, por Luciano, dos demais órgãos do topo da pirâmide do funcionalismo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público Estadual (MPES), e do próprio governador Renato Casagrande e seu secretariado. A situação poderia ser corrigida por emenda, mas Luciano as rejeitou alegando inconstitucionalidade. Já alguns parlamentares rebateram, apontando "falta de coragem" de mexer com os poderosos do Estado. Projetos de redução dos gordos salários nos legislativos, é bom que se registre, não são exclusividade do Espírito Santo. Há debates em outros estados, já com aprovação (São Paulo), e também no Congresso Nacional, onde tramitam matérias semelhantes. Sim, há oportunismos em muitos casos. Sim, há outros poderes que deveriam ser incluídos. Mas por que se doer tanto, assim, Assembleia? 

Rompimento
A situação rendeu até renúncia de Luciano do cargo de primeiro secretário da Mesa Diretora, ao ser repreendido por Erick, que no meio da discussão ameaçou retirá-lo da sala de reunião virtual. O deputado falou que nunca foi respeitado na função, mas que trataria disso em outro momento.

Respiraram
Depois que o "bicho pegou", alguém puxou um tom mais ameno e os discursos esfriaram, porém, mantendo o festival de críticas. Os deputados devem ter lembrado da plateia: 1,4 mil visualizações no vídeo da transmissão online.

Toma lá...
O autor do projeto se defendeu dizendo que a ideia era "cortar na própria carne e servir de estímulo" e que não teve a intenção de "criar um monstro". E, ainda que soube de articulações de bastidores contra ele, mas nada teve a ver com o diálogo vazado na imprensa. Se convenceu com algum ponto, definitivamente, não foi esse último, o auge da discórdia.

Sem pressa
No final das contas, o regime de urgência para votação do projeto não foi aprovado, com 23 contrários, e o trâmite segue normal nas comissões da Assembleia, mas já com a rejeição decretada. Ou seja...tempo, tempo, tempo.

Nomes
Para não dizer que Luciano Machado pregou totalmente no deserto, seis deputados votaram junto com ele: Danilo Bahiense (PSL), Fabrício Gandini (Cidadania), Dr. Hércules (MDB), Theodorico Ferraço (DEM) e Vandinho Leite (PSDB).

Quase unânime
Em São Paulo, os deputados estaduais aprovaram, na semana passada, a redução de 30% dos salários e benefícios dos cargos comissionados e corte de 40% nas verbas de gabinete dos deputados. O placar foi de 85 votos favoráveis, apenas um contrário e uma abstenção.

50%
Já em Brasília, projeto do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) estabelece a redução temporária de 50% nos salários dos parlamentares do Congresso Nacional, passando para R$ 16,8 mil durante o período de calamidade. Ainda não foi votado.

Demanda popular
Também tramita ainda na Casa, com o mesmo índice, uma ideia legislativa apresentada no Portal e-Cidadania, de autoria de Lauro Cesar Pedot, do Rio Grande do Sul. No final de abril, já tinha ultrapassado 45 mil apoios, mais do que o dobro dos 20 mil necessários para ser analisada pelos senadores.

PENSAMENTO:
"A plateia só é respeitosa quando não está entendendo nada". Nelson Rodrigues

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