Jogos de cena

Não é a primeira vez nem será a última que o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) parte para o enfrentamento no plenário (agora virtual) da Assembleia Legislativa, como registrado com Capitão Asssumção (Patri) na segunda-feira (15), e depois da repercussão "coloca panos quentes", trata tudo com normalidade, e ainda responsabiliza a imprensa por exagerar e "fazer do limão uma limonada". Foi o que se repetiu na sessão dessa terça (16), quando alegou que tem "respeito e consideração" por Asssumção e que "discussões acaloradas fazem parte do parlamento", chegando ao auge de sugerir licença da Casa por seis meses diante das críticas sobre as posturas dos deputados nas sessões. O resultado não foi nada surpreendente para a cena: recebeu afagos imediatos do presidente Erick Musso (Republicanos). Agora, recapitulando: depois dos ataques pesados de Assumção ao secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, Enivaldo protagonizou com o militar, na verdade, um bate-boca de péssimo nível, com um convocando o outro para briga e falando ao mesmo tempo. Sugeriu ao secretário, inclusive, que providenciasse garantir sua segurança pessoal, pois estava sendo ameaçado por Assumção, que tem "problemas impublicáveis", como emendou. O deputado-militar, que estava "espumando", como bem definido na hora, estranhamente, nada disse no dia seguinte, mas voltou a aparecer de farda e estendeu, como painel de fundo nessa terça, uma bandeira de origem ucraniana considerada símbolo neonazista e utilizada também em protestos pró-Bolsonaro. Mas o fato é que Enivaldo, deputado experiente e muito esperto, não tinha a menor dúvida de que a história renderia, aliás, como muitas outras vezes em que usou sua conhecida oratória (é bom nisso) para atingir opositores ou defender aliados e convicções. Nunca deu ponto sem nó. Não vai ser agora...

Trajetória
Por falar em Assumção, litígio com o governador Renato Casagrande e com o secretário Nésio, baixarias em plenário, recompensas para assassinato, xingamentos de opositores e gestores, embate com o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), polêmicas e mais polêmicas! Por outro lado...

Trajetória II
...pouca crítica interna, nenhuma medida com resultado incisivo, mesmo em casos de quebra de decoro, e muita plateia nas redes sociais. Com o tempo, só piora, agora, com doses cada vez mais cavalares de absurdos, impulsionado pela pandemia da Covid-19 e pelas eleições deste ano.

Show
Pouco tempo depois de anunciar, nessa terça, que entraria com ação judicial contra o Capitão Assumção, Nésio repetiu em coletiva: "alguns atores políticos alimentam sua vida política com base em fake news e falsas polêmicas para garantir seu show e espaço político sob o céu" e que "não é momento de polarização política". O embate, no entanto, está longe do fim.

Segue...
Ele voltou a criticar, também, a "pirotecnia" da invasão do grupo de deputados ao Dório Silva, que virou notícia-crime enviada à Procuradoria-Geral de Justiça nessa segunda. Os nomes, já se sabe: além de Assumção, Vandinho Leite (PSDB), Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (PSL), Carlos Von (Avante) e Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Irresponsabilidade
Aliás, se Assumção está andando por aí com sintomas semelhantes ao da Covid-19 – ele aguarda resultado do exame -, como declarou ao jornal A Tribuna nesta terça, sinceramente...

Irresponsabilidade II
Bem que achei estranho, como dito aqui na coluna passada, sua ausência na foto e vídeo oficiais com os deputados "inspetores". Disse ele ao jornal que ficou no estacionamento, de máscara, por já estar com sintomas. O deputado estava em seu gabinete nessa segunda – foi pra lá que chamou Enivaldo pra briga – "vem aqui no meu gabinete".

Do lado da OAB
Em meio ao embate entre o Tribunal de Justiça (TJES) e a Ordem dos Advogados (OAB-ES) devido à extinção de 27 comarcas no Estado, o senador Fabiano Contarato (Rede) manifestou, nas redes sociais, apoio ao procedimento assinado por José Carlos Rizk Filho ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para suspender o ato do desembargador Ronaldo Gonçalves. Ele já havia criticado a medida em ofício, no início deste mês.

Do lado da OAB II
Contarato aponta que, neste grave momento de pandemia, não se pode extinguir, praticamente, um terço dos fóruns do Estado. "Como ficará a população? Os pobres serão os mais prejudicados, como sempre!", protestou.

Ampliaram
A propósito, as reações nos municípios contra a extinção de comarcas e unificação com as de municípios vizinhos, já somam 16 protestos em poucos dias. São Domingos do Norte e Marilândia serão os próximos, como informa a Ordem, que também fez um ato público online na última semana.

PENSAMENTO:
"O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros". Confúcio