Sábado, 20 Abril 2024

Mais uma arena

fabricio_gandini_tatibeling Tati Beling/Ales
Tati Beling/Ales

O embate protagonizado pelo deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) nas redes sociais por divergências em relação à proposta de sua autoria que defende o corte de 20% no orçamento dos poderes durante a pandemia do coronavírus, rendeu mais um capítulo na noite desta terça-feira (26). As 24 entidades reunidas na Pública Espírito Santo - Central do Servidor, representantes de diversas áreas do funcionalismo, divulgaram nota em que acusam o deputado de populismo, "com o único objetivo de se alavancar politicamente, ainda mais em ano eleitoral", referindo-se à candidatura dele à prefeitura de Vitória, como o nome da sucessão de Luciano Rezende (Cidadania). A Indicação 534/2020 foi registrada no dia 26 de março, pouco depois do início do isolamento social no Estado, mas veio à tona agora, em meio ao acirramento de ânimos em decorrência das negociações em curso entre Renato Casagrande, Ministério Público Estadual (MPES), Tribunal de Justiça (TJES), Assembleia Legislativa e Defensoria Pública, que devem apresentar ao governo uma proposta de redução nos gastos para compensar as perdas previstas de R$ 3,4 bilhões. O assunto, até agora, foi encerrado apenas com o Tribunal de Contas (TCE), que já formalizou a redução de 20% no orçamento. E foi exatamente a citação de Gandini ao órgão, feita no último dia 19, com o aviso de "indicação atendida" para reivindicar o bônus na história, que deflagrou o atual conflito, com troca de farpas entre ele, servidores e líderes sindicais no Instagram. A reação do deputado, para as entidades, "demonstrou não apenas despreparo técnico, mas também político, por atacar de forma descompensada os cidadãos que não concordam com suas propostas", além de "falta de entendimento do que seja um parlamento, que tem na sua essência a troca de ideias e a discussão, de preferência entre as partes a serem atingidas e também com a sociedade". Os servidores, como se vê, decidiram ultrapassar a arena das redes sociais. E Gandini?

Sem estudo
A nota é assinada por entidades que representam servidores dos órgãos que terão que propor cortes, mas também de outras categorias do governo. A indicação, como apontam, foi feita sem "um estudo aprofundado das necessidades de cada poder, podendo causar graves prejuízos à saúde, segurança, educação e demais serviços públicos".

Contrário
Em tempos de pandemia, os servidores pontuam que o caminho não é a redução de direitos e investimentos, nem mesmo a privatização, terceirização ou precarização do trabalho. "Pelo contrário, é preciso fortalecer os serviços públicos para garantir assistência à sociedade".

'Cena' I
Entre as mensagens no Instagram, estão a do secretário do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Contas (Sindilegis), Leandro Machado, e da vice-presidente, Ana Flávia Azeredo, filha do ex-governador Albuíno Azeredo, já falecido (2018). Machado, após dizer que os 20% representariam menos saúde, segurança, educação, serviços e giros na economia e apontar oportunismo do deputado, foi acusado de propagar falsa informação, mentir e reproduzir factoide. Já Ana Flávia...

'Cena' II
...cobrou de Gandini o "mesmo empenho em reduzir o seu salário e a verba de gabinete (servidores comissionados). A resposta foi "já começo a desconfiar se você trabalha mesmo na Assembleia"; "nunca te vi lá"; "seu corporativismo me enoja, mas conhecemos o seu DNA".

Cena' III
Os outros casos, Gandini tratou como um "ataque coordenado patrocinado pelo Fórum dos Servidores da Ales, que o presidente é candidato a vereador", "fantoche de deputados", e com um deles, que diz ser funcionário da Mesa Diretora, chegou a falar de fake news, com ameaça, "sugiro que retire o poste, pode dar problema pra você", e "todos precisam saber quem é seu chefe, pois daí compreenderão os ataques".

Empacaram
A propósito, a quantas andam as demais conversas? Depois de Rodrigo Chamoun, presidente do Tribunal de Contas, o governo abriu a mesa de negociação com o desembargador Ronaldo Gonçalves, do Tribunal de Justiça. Pelo visto...

Empacaram II
Ronaldo e a procuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade, como já dito aqui, são os principais obstáculos do governo para reduzir os orçamentos. Reagiram a Casagrande no primeiro encontro, o que exigiu até mudança de estratégia. Ao invés de articular em bloco, o negócio agora é no tête-à-tête.

Segue...
Na última semana, em live promovida pelo Fórum Nacional de Gestão (FNG), com o tema "A reinvenção do cotidiano: o Ministério Público pós-pandemia", Luciana Gomes repetiu que a "situação é delicada" e que baixou "algumas normativas internas para contingenciar despesas e evitar desperdícios".

Saúde!
No (provável) quinto dia de sintomas pela Covid-19, Casagrande agradeceu, durante o evento de entrega de maquinários agrícolas para Castelo, transmitida em suas redes sociais nesta terça, as mensagens que recebeu em prol do seu restabelecimento e da primeira-dama, dona Maria Virgínia. "Tem muita gente boa pelo mundo afora", afirmou, exaltando a solidariedade e as relações respeitosas, apesar das diferenças.

Bolha
Embora graves os fatos registrados na política nacional, a deputada federal Norma Ayub (DEM) só quer ver na TV "coisas boas", citando reprises de novelas, programas e filmes. "Ninguém aguenta mais notícias sobre Bolsonaro x Moro. Está repetitivo, cansativo". Ué, a solução é fingir que a lista – extensa - de problemas não existe?

PENSAMENTO:
"O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta". Maquiavel

Veja mais notícias sobre Socioeconômicas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 20 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/