O “sextou, não sextaremos” dos servidores e a falta de respostas do governo Casagrande

O Sindicato dos Trabalhadores e Servidores do Estado (Sindipúblicos) aderiu ao “sextou, mas não sextarei” de Renato Casagrande (PSB), porém sem festejos, e sim com cobranças. No último vídeo com essa referência publicado nas redes sociais, a presidente da entidade, Renata Setúbal, diz assim: “sextou, mas nós não sextaremos. Enquanto o governador come barrinha de cereal de torresmos, aos servidores, com 50% de defasagem, resta comer pururuca”. Uma boa sacada para incomodar o Palácio Anchieta. A tal da barrinha de Casagrande ficou conhecida nas redes sociais e virou uma marca, assim como seus vídeos do “sextou, mas não sextarei”. Só que no caso do governador, sempre em tom sorridente, para mostrar mais um dia de trabalho. O contexto, agora, é outro. Casão precisa parar de cozinhar os servidores em banho-maria e apresentar uma resposta concreta: vai fazer a restruturação das carreiras ou não? O tempo está passando, e a greve geral bate à porta! A propósito, o governador já tirou o vice, Ricardo Ferraço (MDB), de cena nessa negociação, como havia escalado inicialmente, o que seria o primeiro teste eleitoral do candidato à sucessão longe dos confetes e solenidades, como analisei aqui na coluna na ocasião. Distância segura? Até porque, de lá para cá, diante da falta de propostas, a situação só se acirrou, e a corda esticada com os servidores está por um fio de arrebentar. Como o governo vai tentar apagar esse incêndio antes de outubro, prazo para a paralisação, é a pergunta da vez!
Fim da linha
A próxima reunião dos servidores com o governo está marcada para esta sexta-feira (26), com Álvaro Duboc, secretário de Economia e Planejamento. Se não apresentar nada, ou apresentar e não agradar, o caldo entorna ainda mais. A categoria vai realizar uma assembleia no dia 1º para decidir sobre a greve. Ou seja, não tem mais para onde correr.
Área sensível
O governador, como se sabe, é cotado como favorito – a contar as projeções iniciais – para a disputa ao Senado no próximo ano, e tem a meta de manter seu grupo no poder, hoje com prioridade para o palanque de Ferraço. A oposição vem com sede ao pote e organizada, com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Perder o apoio da base do funcionalismo é manobra arriscada.
Área sensível II
A constatação, neste caso, serve também para Pazolini. O prefeito até agora não concedeu o reajuste anual dos professores nem dos servidores. As cobranças têm sido reiteradas pelas categorias, também sem respostas. Esses anúncios, geralmente, são feitos ainda no começo do ano.
‘Manobra’
Nas sessões da Câmara de Vitória desta semana, os vereadores Petro Trés (PSB) e Professor Jocelino (PT) voltaram a tocar no assunto em plenário. Pedro Trés suspeita que Pazolini vai represar a medida, para em 2026, período de eleição, anunciar um índice maior. “Manobra antiga”, resumiu. Jocelino fez pedido de informações para saber da previsão. “Já passou da hora de falar sobre isso”, cobrou.
Campanha
Em março do ano passado, em período de campanha à reeleição, Pazolini anunciou 10% de reajuste. Ele chegou até a ser carregado no colo, em evento devidamente calculado e preparado para esse clima. Quer dizer, já tem muito mais que um ano, e o prefeito ainda não deu sinais de sua próxima estratégia.
‘União’
Pablo Muribeca, do partido de Pazolini, se reuniu com deputados da base de Casagrande – Alexandre Xambinho (Podemos), Vandinho Leite (PSDB) e Fábio Duarte (Rede) – e o secretário de Estado de Segurança, Leonardo Damasceno, nessa segunda-feira (22), para debater os recentes incêndios a ônibus e a guerra de facções na Serra. Chamou de “reunião histórica” e pregou união, “independentemente do período eleitoral”. Então, tá!
Campo inimigo
Não tem muito tempo, Muribeca chamou atenção do mercado político por declarar apoio à pré-candidatura ao Senado do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB). Se o projeto vingar, não é novidade, ele será o candidato “casado” com Casagrande e, portanto, no palanque adversário do prefeito de Vitória. As situações reservem diferenças, mas vale o registro.
Nas redes
“Visitamos as obras de mais um trecho da Ciclovia da Vida em Vila Velha, ligando a Nova Ponta da Fruta até Interlagos. São 6,5 km de ciclovia e passeio, com reabilitação de ruas e Calçada Cidadã, ampliando a mobilidade, a acessibilidade e os espaços de lazer (…)”. Casagrande em agenda e desfile com os dois aliados que miram no Palácio Anchieta: Ricardo Ferraço e Arnaldinho Borgo (sem partido).