Articulações de 2026 já alteram as “casas” políticas. Messias Donato e Denninho abraçam Ricardo Ferraço

Com as articulações das eleições de 2026 em curso no Espírito Santo, incluindo até eventos para colocar gás em palanques a mais de um ano do pleito, surgem também as mudanças e posições às avessas. Assim como registrado em outras ocasiões, o deputado federal Messias Donato, do Republicanos, abraçou de vez a candidatura de Ricardo Ferraço (MDB) na noite dessa segunda-feira (9), na festança preparada para o vice-governador pelo prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB). Uma das lideranças a compor a frente do palanque, Messias fez coro ao microfone: “quero saudar o nosso próximo governador, Ricardo Ferraço”. O deputado, como se sabe, é do partido do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, pré-candidato ao Palácio Anchieta, representando o campo de oposição. A ligação política dele com Euclério, porém, tem superado o caminho traçado pelo Republicanos localmente, e não se sabe, por ora, como – e se – essas questões serão sanadas lá na frente. Na área nacional, bom lembrar, as duas legendas debatem uma federação, mas caso vingue, os obstáculos serão inevitáveis por aqui, justamente pelas óbvias contradições. Quem também esteve por lá foi o deputado estadual Denninho Silva (União), apadrinhado político de Euclério e seu fiel seguidor, mas também um dos principais cabos eleitorais de Pazolini nos últimos anos. Do ponto de vista partidário, estava no lugar esperado, já que União e PP, que viraram a superfederação União Progressista, já declararam apoio ao projeto de sucessão de Renato Casagrande (PSB). Do ponto de vista político, nem tanto! A posição pública em favor do hoje adversário principal de Pazolini reforça ensaios já registrados em discursos e nas redes sociais, de afastamento de Denninho do aliado. Está mais do que aberta a temporada de mexidas e acomodações!
Corrida
O evento realizado por Euclério reuniu mais de 6 mil pessoas em Cariacica e lotou de parlamentares, prefeitos e lideranças políticas e partidárias. Entre as falas efusivas, Ricardo agradeceu o apoio de 16 dos 30 deputados estaduais. Mais um capítulo da série “eleição apressadíssima” no Estado.
Não orna
No caso da federação MDB-Republicanos, seguindo a lógica que tem predominado nesses processos, o comando ficaria com o Republicanos, devido ao peso do partido na Câmara Federal. Algo diferente disso dependeria da articulação de Ricardo Ferraço em Brasília. De todo jeito…
Não orna II
…um vai repelir o outro imediatamente. Se Republicanos liderar o bloco, terão que sair do MDB Ricardo Ferraço e seus aliados. Caso contrário, sairão Pazolini e seu grupo político do Republicanos.
Votos disputados
A propósito, assim como Ricardo, Euclério e Messias Donato fizeram no final de semana em Cariacica, em mais uma agenda eleitoral, nessa segunda-feira foi a vez de Pazolini e Erick Musso se reunirem em almoço com lideranças religiosas para marcar o Dia do Pastor. A entidade envolvida foi a Associação de Pastores Evangélicos de Vitória. Pazolini tem investido forte nessa área desde sua campanha à reeleição em 2024.
Ruídos
O vereador de Vitória Camillo Neves (PP) fez discurso no plenário da Câmara nesta terça-feira (10), para dizer que não vai esconder suas relações e que sabe separá-las para além das questões políticas e partidárias. Ele acrescentou que é atleta e lidera um projeto social, e considera isso
“maturidade”. Explico…
Ruídos II
…o vereador não citou nomes, mas recentemente, ecoaram possíveis insatisfações vindas do grupo de Pazolini devido à visita de Ricardo Ferraço ao instituto que ele lidera e leva seu nome. O encontro foi registrado com troca de elogios nas redes sociais.
No fluxo
O PP, de fato, foi a principal perna do palanque à reeleição de Pazolini e integra a base. Muitas coisas, porém, mudaram de lá para cá. Tanto que o presidente estadual da legenda, Da Vitória, já declarou apoio ao projeto de sucessão de Casagrande, para ser o candidato ao Senado, embora também mantenha relações com o prefeito. Quer dizer, mesmo sob o viés político-partidário, estaria tudo alinhado.
Pegaram o bonde
No embalo, entraram em cena os vereadores Aylton Dadalto, do Republicanos, e Professor Jocelino, do PT, para fazer coro e defender o “amplo diálogo”. Aylton, tempos atrás, recebeu críticas por faltar a sessões para participar de eventos oficiais e de instituições. Já Jocelino, por ser presença constante em agendas da gestão de Pazolini, apesar de integrar a oposição na Câmara.
Nas redes
“(…) Herus Guimarães Mendes, morto pelo Bope durante uma festa junina da comunidade do Morro Santo Amaro, RJ; Kaylan, jovem de 17 anos, jogado da Segunda Ponte por policiais militares no ES, em fevereiro. Esses episódios não são exceção! São fruto de uma política de segurança pública que enxerga a favela como inimiga. Até quando mães terão que enterrar seus filhos vítimas da violência do estado? (…)”. Ana Paula Rocha, vereadora de Vitória pelo Psol.