Sexta, 26 Abril 2024

Movimentos antagônicos

rose_de_freitas_leonardo_sa-0515 Leonardo Sá
Leonardo Sá

A senadora alega que não, mas soou contraditória a assinatura de Rose de Freitas (MDB) nos dois pedidos de abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) da Covid, um para investigar as ações e omissões do presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia, outro para ampliar para estados e municípios, por iniciativa de Eduardo Girão (Podemos-CE). Isso porque, o segundo requerimento é resultado de um movimento contrário arquitetado exatamente para tirar do presidente o foco dos trabalhos, funcionando como "manobra" e "cortina de fumaça", após terminar frustrada a tentativa de segurar ainda mais no Senado a CPI proposta por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), empacada desde o início de fevereiro. O cenário se alterou somente na última quinta-feira (8), com a determinação em liminar do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou em forte articulação de Bolsonaro para se livrar da CPI, efetivando a estratégia de voltar os holofotes também para os prefeitos e, principalmente, governadores, com quem está em guerra durante toda pandemia. Rose de Freitas foi a única da bancada capixaba no Senado a aderir aos dois pedidos. Sem ter mais como impedir a CPI, a estratégia dos aliados de Bolsonaro deu certo: nesta terça-feira (13), na criação da comissão, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anexou o pedido de Girão à proposta original de Randolfe, mas com limitações legais. Entraram no bolo das questões que envolvem os estados e municípios os repasses federais, tema já alvo de sucessivos embates, inclusive no Espírito Santo. Para onde vão agora as investigações - se é que vão – veremos!

Dois lados
Já Fabiano Contarato (Rede) assumiu posição bem definida em favor da CPI original, de Randolfe, enquanto Marcos do Val (Podemos) também, só que do lado oposto.

Aliados
Do Val, aliás, já aparece como possível indicado pelo Podemos para integrar a CPI, como suplente do senador Eduardo Girão (Podemos- CE). Ambos próximos ao governo Bolsonaro.

Justificativa
Rose de Freitas, ao defender as duas propostas, disse à coluna que "só é contraditório se a premissa de incluir outros chefes do executivo for mudar o foco e esvaziar a investigação", o que garante não ser seu caso.

Justificativa II
"Todas as irresponsabilidades públicas precisam, no momento certo, ser apuradas. E a apuração tem de ser estendida a todas as denúncias, de onde vier, envolvendo tudo e todos que forem objeto dessas denúncias: prefeitos, governadores, ONGs. E desde que o processo seja acompanhado de documentos e situações comprobatórias", complementou.

Vai, não vai, vai
Na imprensa nacional, a senadora também foi citada por ter recuado ainda no primeiro requerimento. Em apenas um dia, assinou a CPI de Randolfe, desistiu, e depois voltou atrás, aderindo à proposta novamente.

Lá e cá
No balanço final, o requerimento da CPI que pretendia investigar governadores e prefeitos reuniu 45 assinaturas, mais do que o protocolado em fevereiro, com 34. Além de Rose, outros 14 senadores ficaram "lá e cá", apesar das controvérsias.

Inviabilizada
O excesso de assuntos na mesma CPI é considerado um obstáculo à investigação, podendo inviabilizá-la. O tempo também é curto. Dentro do contexto colocado, o ideal seria ter mantido as duas comissões em separado. Mas a jogada era outra.

Confete
Ex-deputado estadual, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (DEM), nos últimos dias tem aparecido constantemente em discursos no plenário da Assembleia Legislativa, devido aos 100 dias de gestão. Só confete, impressionante.

Não tem
Na Assembleia e câmaras municipais, já são incontáveis as indicações e projetos para incluir determinadas categorias na prioridade de vacinação contra a Covid-19. Muitos dos pleitos, sem dúvida, são justos, mas gente...não tem vacina! Lembrando: não começou nem o grupo de pessoas com comorbidades ainda.

Nas redes
"Bolsonaro tenta asfixiar a CPI da Covid da mesma forma que asfixiou diversas famílias negligenciando a vida e a saúde dos brasileiros. Ele busca interferir porque tem medo de que fiquem ainda mais escancaradas as consequências de seu negacionismo". Marina Silva (Rede), ex-senadora e ex-ministra.

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Sábado, 27 Abril 2024

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