A bomba dos vereadores na Serra: sem acordo, silêncio e “Judas”…

A bomba que caiu no colo do grupo do ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal e do prefeito Weverson Meireles, ambos do PDT, só tem rolado solto nos bastidores. Para fora, quase ninguém quer tocar no assunto ou se comprometer. Refiro-me, sem dúvidas, à acusação de corrupção contra quatro vereadores do município – na ordem acima da foto: o presidente da Câmara, Saulinho da Academia (PDT); Cleber Serrinha (MDB), Wellington Alemão (Rede) e Teilton Valim (PDT) – que explodiu na semana passada e segue com novos capítulos. Nessa quarta-feira (20), o Ministério Público do Estado (MPES) decidiu que não vai propor acordo de não persecução penal, que envolve penas mais brandas, como indicou o juiz da 2ª Vara Criminal, Gustavo Grillo. O órgão ministerial quer o afastamento dos vereadores. No mesmo dia, voltaram à galeria do legislativo municipal manifestantes que se colocam como contrários à corrupção, mas ninguém sabe quem lidera. No próprio plenário, o assunto também não tem recebido a atenção que seria comum nesses casos. Aliás, longe disso! As falas se restringiram aos vereadores de oposição, Pastor Dinho (PL) e Agente Dias (Republicanos). O primeiro deles voltou a se posicionar nessa quarta, sugerindo a presença de “Judas” na Câmara. “Nós vemos aqui movimentos de vereadores que não têm culhão para estarem ali com as pessoas que eles chamaram para se manifestar, e logo ficam jogando indiretas no microfone”, afirmou, negando qualquer relação com o protesto. A base do prefeito na Câmara é ampla, e nomes citados na denúncia, em especial Saulinho e Teilton Valim, são apostas do PDT para 2026, ano de muitos interesses em jogo. Quem seria, afinal, o “Judas” ou os “Judas”?
No olho do furacão II
A ação proposta pelo MPES tem base em uma gravação de áudio e cita negociação de propina para inclusão de emendas no projeto que institui a Política Pública de Regularização de Imóveis Urbanos, além de vantagens em relação ao Plano Diretor Municipal (PDM). Área, como se vê, que beneficia o empresariado.
No olho do furacão III
A denúncia cita que a proposta era considerada “projeto do prefeito” ou “projeto do Moreira” – em referência a Luiz Carlos Moreira (MDB), ex-vereador e ex-presidente da Câmara, também denunciado -, assim como Aloísio Santana (MDB), outro ex-vereador. O prefeito, na ocasião, ainda era Vidigal.
Base
Weverson Meireles foi eleito com pelo menos 18 dos 23 vereadores em sua base, o que explica o silêncio. Na área político-eleitoral, vale lembrar que Saulinho foi o campeão de votos em 2024, com 8,2 mil, e Teilton Valin veio logo depois, com 7,3 mil. Nomes, portanto, que se cacifaram para compor chapas do PDT, que carece de opções e precisa ocupar espaços. Veremos os efeitos e o que mais vem por aí…
Bloqueado
Por falar na Serra, o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), oposição a Weverson Meireles, levou um “block” no WhatsApp da secretária municipal de Saúde, Fernanda Coimbra. Ele diz, nas redes sociais, que utilizava o canal para fazer pedidos e cobranças de atendimento na área.
Sorrisos
Em outra frente, o deputado esteve com Renato Casagrande (PSB) e o secretário-chefe da Casa Civil, Junior Abreu, nessa quarta, no Palácio Anchieta. Com foto sorridente dos três, apontou “pautas importantes para a Serra e todo o Espírito Santo”. Muribeca, como se sabe, é correligionário e aliado do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.
Contradição gritante
Professor Jocelino (PT), vereador na Capital, está no centro dos olhares de setores da sociedade civil por ter solicitado o recebimento do auxílio-alimentação da Câmara, no valor de R$ 1.250. É que a medida foi aprovada neste mês em plenário, e Jocelino votou contra – só ele e a vereadora Ana Paula Rocha (Psol). Realmente…
Privilégios
Para receber o benefício, é preciso fazer a solicitação individual. Dos 21 vereadores, 17 requereram. Ficaram de fora apenas Ana Paula, Leonardo Monjardim (Novo), Aloísio Varejão (PSB) e Bruno Malias (PSB). Refresco de memória: os vereadores passaram a receber este ano salário dobrado, chegando a R$ 17,6 mil. Durma com esses barulhos…
Afagos
Filiado ao PSD, Paulo Hartung lançou o livro “Política em tempos de grandes mudanças”. Entre as presenças do mercado político, o deputado Sergio Meneguelli (Republicanos) que, dizem, vai se filiar ao partido e quer disputar o Senado; o presidente do Republicanos, Erick Musso, que mobiliza a candidatura ao governo de Pazolini; e o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (PP), que andava sumido após a derrota de 2024.
Retrato capixaba
As autoras do livro “Negros do Espírito Santo”, relançado este ano em versão atualizada, iniciaram nesta quinta-feira (21), o projeto de circulação da obra, que vai passar por sete municípios. A iniciativa marca o retorno às comunidades pesquisadas há 26 anos, com ações educativas de difusão do conhecimento e preservação do bem cultural afrodescendente.
Retrato capixaba II
O livro foi produzido pela fotógrafa documentarista Carla Osório, a historiadora Leonor Araujo e a jornalista Adriana Bravin. As atividades começam na Serra e em Vitória, e depois seguem para Santa Leopoldina, na região serrana; São Mateus e Conceição da Barra, no norte; e Cachoeiro de Itapemirim e Presidente Kennedy, no sul. Os registros contam a história do povo negro e de mestres e guardiões de memória. Leitura obrigatória!
Nas redes
“Uma sombra conservadora atravessa hoje a gestão da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, e ela sinaliza que o poder, muitas vezes, prefere a conveniência à transformação. Não podemos permitir que o interesse do poder permita a desqualificação das pessoas no âmbito pessoal. Não podemos naturalizar que a lógica da manutenção das estruturas se sobreponha ao dever do Estado de proteger e promover direitos (…)”. Renan Cadais, exonerado na subsecretaria estadual de Direitos Humanos.