Em meio a movimentos do PT, bolsonaristas intensificam campanha contra Contarato

Que o senador Fabiano Contarato é candidato à reeleição em 2026, inclusive como projeto prioritário da Nacional do PT, não é novidade nenhuma. Mas os fatos políticos registrados com o encontro estadual do partido e a posse de João Coser à frente da Executiva Estadual reacenderam um movimento ensaiado de parlamentares bolsonaristas contra o senador, nos mesmos termos feitos nos últimos anos, que o acusam de “estelionato eleitoral”. As manifestações foram feitas nesta semana pelo deputado estadual Callegari – de saída do PL para se filiar ao DC – em vídeo publicado nas redes sociais com recortes de falas de Contarato na época de sua eleição, em 2018, e também atuais. Callegari acusa o senador de só abraçar pautas conservadoras e da família, bem como propor o endurecimento de leis penais, quando tem pretensões eleitorais. Depois, “ataca” Bolsonaro e “defende vagabundo” e “bandeiras LGBT”. Também cita sua filiação ao PT após ser eleito com votos do eleitorado conservador. O outro discurso veio do deputado Alcântaro Filho (Republicanos) no plenário da Assembleia e também nas redes sociais. “Casa-Rato’ no Senado. O Espírito Santo quer isso?”, questiona, sugerindo uma chapa com o governador Renato Casagrande (PSB) e Fabiano Contarato no próximo ano, o que seria uma “união da esquerda”. Essa campanha, que já gerou litígio judicial entre o senador e o deputado Lucas Polese (PL), muito interessa a Callegari, que tenta se cacifar para disputar o mesmo cargo em 2026. Mas, do ponto de vista da chapa palaciana, por ora, “é muito barulho por nada”. Esse namoro está amarrado, e o cenário atual nas disputas majoritárias quase que obriga o PT a sair, mais uma vez, sozinho no pleito ou com forças realmente de esquerda, como o Psol. Não à toa, o nome do deputado federal Helder Salomão está na roda, agora reforçado pelo partido, para fechar o campo com Contarato e garantir o palanque ao presidente Lula. À espera das próximas cenas…
Não dá liga
A dificuldade do PT de aderir aos planos palacianos, como já analisado aqui, é justamente a escolha do sucessor de Casagrande, o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), opositor ao partido e representante do grande empresariado. O “plano b”, que seria o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), não muda muita coisa. Todos situados no centro-direita e nenhum deles disposto a pedir votos para Lula no Estado.
Não dá liga II
No Senado, o campo também está congestionado. Hoje, tomou frente nas articulações para compor a segunda vaga com Casagrande o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), aliado da primeira fileira do governador e com cacife eleitoral amplo garantido na eleição de 2024. Outro nome com peso, devido à superfederação União Progressista (UP), é do deputado federal Da Vitória (PP). Ambos, também, de centro-direita – ou seria direita?
Largada
A expectativa de que as decisões eleitorais do PT fossem ganhar corpo com a posse de Coser se confirmaram, e Helder saiu do encontro desse final de semana praticamente lançado ao governo. Em entrevista ao meu colega de Redação, Lucas Schuina, porém, ele diz que a candidatura não é uma motivação pessoal, mas topa a empreitada, desde que seja “para valer” e com apoio do presidente Lula. O assunto será levado a Brasília.
Apoio
A publicação de Alcântaro tem como base uma declaração do presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, publicada pelo jornalista Vitor Vogas no ES 360. Gavini foi convidado por Coser a participar do encontro, afinal, o PT faz parte da base, e por lá distribuiu elogios a Contarato, além de defender sua reeleição. “O Espírito Santo precisa de ‘mais Contaratos’ no Senado”, exaltou. Na prática, a fala fica só por aí mesmo.
Área oposta
Por falar em Callegari, o deputado segue, por outro lado, circulando pelo lado palaciano. Depois da visita “institucional” a Ferraço e elogios a ele no plenário da Assembleia, se reuniu nesta terça-feira (16) com Euclério. O prefeito de Cariacica também se declara conservador, de direita e etc., mas é aliado de primeira fileira de Casagrande (PSB) e cabo eleitoral de Ferraço, grupo do qual Callegari era, até outro dia, oposição ferrenha.
Área oposta II
Euclério, que tem feito reunião atrás de reunião com lideranças políticas e religiosas, publicou mais esse encontro nas redes sociais, com frases como “construindo o presente, de olho no futuro” e “diálogo e construção conjunta”. Já Callegari disse que foi debater o projeto de sua autoria “SOS Educação”.
Novas portas
Os bolsonaristas, como se sabe, estão alinhados no campo que orbita em torno do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), o nome da oposição ao Palácio Anchieta. Callegari se situava apenas por aí, mas vem abrindo novas portas. Como vai se acomodar até a eleição, é o que veremos!
Colocou na conta
O ex-deputado e atual secretário de Estado de Saúde, Tyago Hoffmann, virou alvo do deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos) no plenário da Assembleia na sessão dessa segunda-feira (15). Diz ele que desde que Hoffmann assumiu a pasta, só se ouve reclamações em relação ao Hospital Estadual Silvio Avidos, localizado em Colatina, noroeste do Estado.
Colocou na conta II
Ex-prefeito do município, Meneguelli criticou que “falta gestão”, apontou “desleixo”, e pediu providências. Aproveitou, ainda, para cutucar Hoffmann e sua pré-candidatura a deputado federal pelo PSB: “que ele resolva os problemas antes da eleição”, cobrou. Meneguelli, vale lembrar, também se movimenta, só que para o Senado, no campo de Pazolini.
Nas redes
“Seguimos firmes para fortalecer nosso partido em cada município, formar novas lideranças e cumprir as tarefas que o presidente Lula nos confiou: garantir sua reeleição, ampliar nossa representação no Congresso e na Assembleia e manter o Senado ao lado do povo”. João Coser, no encontro estadual do PT.