Entre recuos e fôlegos perdidos, a disputa ao Senado de 2026 no Espírito Santo

O campo congestionado da disputa de 2026 ao Senado no Estado, de tempos em tempos, reposiciona as casas do tabuleiro. A lista ainda é extensa, mas alguns movimentos parecem perder fôlego e outros já consolidam recuos. Entre os fatos mais recentes, o anúncio do prefeito de Barra de São Francisco (noroeste do Estado), Enivaldo dos Anjos (PSB), de que abriu mão da pré-candidatura para apoiar o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB). O nome de Enivaldo, apesar de suas declarações, nunca fez muita onda, mas estava por aí na roda e nos cálculos das articulações. O prefeito diz que volta a campo caso Euclério desista, mas…sei não! Na Câmara de Vitória, o líder do Governo, Leonardo Monjardim (Novo), passou semanas, talvez meses, exaltando seu projeto de chegar ao Senado, em parceria com Maguinha Malta (PL). Além de discursos próprios e de ser citado no plenário pelos colegas, os dois apareciam em agendas conjuntas, contando ainda com o senador Magno Malta (PL). Essa movimentação, porém, parece ter perdido força. A Câmara, inclusive, virou palco constante de campanha para Euclério, exatamente em apoio ao mesmo cargo, sempre seguido de incontáveis elogios à gestão. O terceiro desse cenário é o ex-deputado federal Carlos Manato (PL), que levou a disputa contra o governador Renato Casagrande (PSB) para o segundo turno em 2022. Com problemas no PL devido ao rompimento com Magno, como já analisado aqui algumas vezes, Manato precisaria trocar de partido e se alinhar ao bloco do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Mas a escolha de um novo abrigo, no espectro da direita, não é tarefa fácil, muito menos ter prioridade na chapa da oposição, já que está na planície. Tem ainda outro fator que conta nas suas negociações: sua mulher, Soraya Manato (PP), atual secretária na Capital, vai tentar retornar à Câmara Federal. O funil já começou, resta saber as próximas mexidas do tabuleiro e quem resiste, de fato, até o jogo final.
Só ensaios
Outros nomes que apareceram no mercado, mas que desde o começo só parecem estratégias em busca de lugar na mesa de 2026 são da ex-senadora Rose de Freitas (MDB) e do ex-deputado federal e ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). Rose estava, inclusive, sumida de cena. Luiz Paulo até disputou a Prefeitura de Vitória no ano passado, mas teve desempenho bem menor do que o esperado.
Só ensaios II
O senador Marcos do Val (Podemos) teria vez para disputar a reeleição, mas os capítulos catastróficos que acumula durante todo o mandato, intensificados este ano, o afastam da empreitada. Ele foi praticamente obrigado a pedir licença do mandato, e assim ficará até o próximo ano, prazo que pode ainda ser ampliado. Com mandato estava difícil, sem deve piorar.
Costuras em aberto
A amarração do deputado estadual Callegari também segue na incógnita. Ele acertou sua saída do PL para se filiar ao Democracia Cristã (DC), porque não quer abrir mão da candidatura ao Senado – no PL não tem espaço por conta de Maguinha. Mas como e onde vai se agarrar? Está em aberto.
Desfecho
Quem parece certo na disputa, mesmo, por ora, são Casagrande, o senador Fabiano Contarato (PT) e Maguinha. Do lado do governador, Euclério Sampaio tomou a frente para ocupar a segunda vaga, mas o deputado federal Da Vitória (PP), futuro presidente da poderosa superfederação União Progressista (UP), também reivindicou a composição. Resta saber como será o desfecho.
Desfecho II
No caso de Contarato, está em debate a candidatura ao governo do deputado federal Helder Salomão, o que consolidaria um palanque do PT, com apoio de outras forças de esquerda, como o Psol – a deputada estadual Camila Valadão defendeu isso em entrevista recente aqui no Século Diário. No centro, a garantia de palanque a Lula, o que não é possível com os candidatos à sucessão palaciano – o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido).
Mistura
Maguinha Malta, por sua vez, se situa no lado de Pazolini. O prefeito não tem aparecido em agendas do PL por enquanto, mas o presidente estadual do seu partido, Erick Musso, tem feito as “honras da casa”. De todo jeito, é um casamento curioso – ela é representante do bolsonarismo radical, perfil do qual Pazolini sempre fugiu.
Mais opções
Nesse bloco tem também o deputado federal Evair de Melo (PP), que está há meses colado com Pazolini nas andanças pelo Estado. No seu partido, porém, o plano não vinga. O deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos) se mantém na área, e disputaria pelo PSD, a outra perna de apoio a Pazolini. Serginho vem em alta, com o título de deputado mais votado de 2022. Ele e Pazolini andam no tête-à-tête.
Ele, de novo
A propósito, o ex-governador Paulo Hartung (PSD) voltou a chamar atenção do mercado político com mais um elogio rasgado a Pazolini. O motivo foi um levantamento da Paraná Pesquisas, muito restrito por sinal, que coloca o gestor como o segundo prefeito melhor avaliado do País. Só seis prefeitos estão na lista.
Ele, de novo II
Como de hábito, Hartung arrumou um jeito, também, de “puxar sardinha” para o seu lado. Disse que isso só aconteceu na época em que ele próprio era prefeito – tem é tempo, hein! – e que “os astros estão se alinhando novamente”. O ex-governador faz esses acenos mais declarados a Pazolini desde a reeleição de 2024.
Ele, de novo III
A filiação ao PSD acabou colocando o nome de Hartung nas cotações ao Senado, mas com o bonde lotado a presença de adversários fortes, como Casagrande, é uma disputa de bola dividida, que não faz o estilo do ex-governador. Ele só entra para “sobrar” nas urnas. Sobre o governo, vai fazer campanha e desfilar com Pazolini? Veremos!
Nas redes
“É hora de ir às ruas contra a PEC da Blindagem! O casamento perverso de conveniência entre o Centrão e a extrema direita ameaça a democracia e é um verdadeiro deboche com o povo brasileiro. Congresso, inimigo do povo!”. Camila Valadão, deputada estadual pelo Psol, em convocação para ato neste domingo (21), às 15h, em frente à Assembleia.