Após recados de Casagrande, Arnaldinho sinaliza que vai mesmo para o tudo ou nada!

O esperado anúncio do governador Renato Casagrande (PSB) para decretar, oficialmente, o vice, Ricardo Ferraço (MDB), como seu candidato à sucessão, não foi exatamente puxado por ele nesta quinta-feira (18), mas deu o recado que pretendia para o mercado político, na estratégia antecipada provocada pela movimentação do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, de filiação e “tomada” do PSDB. Casagrande exaltou dados de sua gestão no Palácio Anchieta e deixou para os jornalistas a tarefa de tocar no assunto, como por óbvio ocorreria. Foi aí que reforçou sua escolha, tecendo elogios ao aliado, e deixou claro que Arnaldinho é “bem-vindo” ao movimento que ele lidera, mas que “Ricardo é o melhor nome” para representar seu grupo político. A demarcação do palanque não é uma novidade, mas consolida um cenário que leva Arnaldinho a construir seu projeto em “carreira solo”, sem o apoio do governo que lhe garantiu, nos últimos anos, vultosos investimentos em Vila Velha, o que serviu, também, de vitrine política e votos. Desde o início das articulações de 2026, o prefeito tem se mantido no propósito de chegar ao Palácio Anchieta, convencido de que tem um perfil atraente para o eleitorado e pode derrotar a oposição, liderada pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Ele pretendia fazer isso atrelado ao governo, tomando a frente de Ferraço. Acontece que a pré-candidatura do vice-governador só foi ampliando espaços e, cada vez mais, abraçada por Casagrande. A cartada do governador desta quinta, parece, porém, ter rompido os limites de “normalidade” mantida entre eles mesmo após as turbulências eleitorais. A reação do prefeito veio rápida e tocou no nome do principal adversário de Casagrande. “A decisão sobre quem vai dar continuidade aos bons governos dos últimos 24 anos, de Paulo Hartung e Renato Casagrande, será do povo, no dia 4 de outubro”, pontuou nas redes sociais. A preço de hoje, Arnaldinho vai mesmo para o tudo ou nada!
Sem recuo
A publicação do prefeito ocorreu pouco tempo depois da primeira versão desta coluna, que perguntava justamente se ele estaria disposto a encarar a disputa nessas condições e se isso seria viável na sua atual acomodação partidária. Arnaldinho mostra que sim. Ele acrescentou em sua publicação: “Sigo debatendo o presente e o futuro com diálogo, humildade, responsabilidade, amor e muita energia, ouvindo todos que desejam contribuir, sempre pelo bem do Espírito Santo.”
Consenso
Nos últimos meses, Ricardo Ferraço já vinha discursando no mesmo mantra de Casagrande, de pregar a continuidade do atual trabalho. Nesta quarta, o governador falou de novo em “o melhor nome para proteger o que estamos construindo”. Disse, ainda, que reforçou essa escolha em consulta com as bases da Assembleia Legislativa e do Congresso Nacional; lideranças políticas e partidárias; e prefeitos do Estado.
Por cima
Ao referir-se a Arnaldinho, Casagrande destacou que ele é um aliado, citando para além de investimentos no município, apoios em disputas eleitorais, mas parou por aí. A bem da verdade, o prefeito causou desconforto no grupo ao fechar negociação com o PSDB sem conversas com o próprio governo e lideranças locais do ninho tucano, que faz parte da base de Casagrande. Depois, o caldo entornou ainda mais.
Reação
Arnaldinho se reuniu novamente nessa quarta-feira (17), em Brasília, com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Em registro feito nas redes sociais, diz que a pauta foi “como fortalecer ainda mais o partido”. Por aqui, como se sabe, sua filiação provocou uma debandada no ninho tucano, embate que deve render ainda muitos capítulos partidários.
Reação II
O “novo” PSDB já avisou que promete reivindicar os mandatos de vereadores e deputados. No segundo caso, Vandinho Leite, ex-presidente da legenda, e Mazinho podem aguardar a janela partidária e migrar para outra sigla. Já com os vereadores, a situação é mais complicada. Os seis prefeitos tucanos já comunicaram a saída – eles não têm impedimentos para tal – , deixando a legenda apenas com um: Arnaldinho.
Jogou para frente
Como a ideia de Casagrande era seguir com suas estratégias eleitorais sem cravar nada oficial – a disputa ao governo foi uma exceção “forçada” -, ele se esquivou de se declarar candidato ao Senado nesta quinta. Colocou como prazo para isso março, na beira da desincompatibilização do cargo caso encare a disputa. Nesse cenário, a gestão passaria para as mãos de Ferraço.
Tudo igual
Na hipótese de não tentar o Senado, hoje considerada improvável pelo mercado político e para o próprio PSB, o projeto de apoio a Ferraço não se altera, como garantiu Casagrande: “Será nosso candidato, com minha presença no governo ou não”.
Amarrado
A posição de Casagrande mantém amarrada a prévia nessa área, que segue com muitos pretendentes. No bloco aliado, investe para levar a segunda vaga o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), e há também, agora com menos ênfase, o deputado federal Da Vitória (PP), futuro presidente da poderosa superfederação União Progressista (UP).
Amarrado II
A ex-senadora Rose de Freitas (MDB) também já se colocou, criando uma divergência no seu partido, que é também o de Euclério, assim como o ex-deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas – filiado ao PSDB, partido agora de Arnaldinho.
Amarrado III
Na oposição, está mais embolado ainda: tem Maguinha Malta (PL); o deputado federal Evair de Melo (PP); o deputado estadual Sérgio Meneguelli, que deixaria o Republicanos para se filiar ao PSD; o também deputado Callegari, prestes a se filiar ao DC; e o ex-deputado federal Carlos Manato, que deixará o PL para entrar no Republicanos.
Palanques
Com os movimentos políticos na direção do Palácio Anchieta, a base governista tem, então, dois nomes em campo, com Ricardo Ferraço e Arnaldinho. Tem ainda o deputado federal Helder Salomão, do PT, hoje da base. Já a oposição tem Pazolini e um possível nome do Partido Liberal (PL) – discussão lançada recentemente, citando o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, mas que ainda divide lideranças.
Nas redes
“Lado a lado, com firmeza, rumo a 2026”. Ricardo Ferraço, de mãos dadas com Renato Casagrande, após o anúncio eleitoral.

