Que coisa...

Sem ter do que reclamar do salário, muito distante da realidade da maioria da população brasileira e capixaba, os deputados estaduais resolveram engordá-lo ainda mais. E o pior, na surdina, no meio de um projeto de assunto totalmente diverso, sem citar nenhum detalhe e, muito menos, gerar qualquer debate sobre o assunto. A manobra, conhecida como "jabuti", passou pelo plenário na última quarta-feira (19), sem chamar atenção e em menos de 10 minutos. Só começou a repercutir tardiamente, no final do feriado. A matéria foi aprovada em meio a outra, relacionada à causa do bem-estar animal, atendendo à emenda do vice-líder do Governo, Tyago Hoffmann (PSB). Em síntese, estende para os parlamentares o auxílio-alimentação pago aos servidores do legislativo, no valor de R$ 1,8 mil mensais. Os salários dos deputados, que acabam de receber dois aumentos seguidos, é nada menos do que R$ 32,1 mil, chegando, portanto, a R$ 34 mil com o extra. O único detalhe a mais na questão é que o benefício precisa ser requerido, o que pode ser feito a qualquer momento. Resta saber, agora, quem o solicitará, entre os 30 parlamentares, e quando? O processo será transparente ou na mesma pegada da absurda aprovação do projeto? No aguardo da lista, de olho bem aberto!

Sem protocolo
Nesta segunda-feira (24), dia em que o assunto veio à toa, vi apenas uma manifestação pública, de Camila Valadão (Psol). Ela afirmou, nas redes sociais, que é contra o pagamento do auxílio e criticou a votação atropelada. Também explicou que não tinha conhecimento da emenda, já que não havia sido protocolada no sistema da Assembleia, nem informada durante a votação do projeto.

Me engana...
O auxílio aos deputados foi aprovado em meio à tramitação do Projeto de Resolução nº 11/2023, de autoria da Mesa Diretora, presidida por Marcelo Santos (Podemos), para criar uma Comissão de Proteção ao Bem-estar Animal, separada do colegiado de Meio Ambiente. É a Mesa que receberá, também, as solicitações dos deputados para receber o extra. Aliás, também no aguardo, do posicionamento do próprio!

'Papelão'
Com mais essa jogada, a Assembleia acumulou uma sequência de medidas contestáveis, com efeitos somente para o alto escalão. Antes do auxílio, teve o projeto que concedeu mais um aumento para Renato Casagrande (PSB), o vice Ricardo Ferraço (PSDB), e secretários do Estado, com a justificativa do abate-teto, e, em seguida, a cena do veto do governador, já com derrubada garantida pelos próprios aliados.

Barriga cheia
No final de 2022, como já tratado aqui, os deputados foram contemplados com um reajuste escalonado. Em janeiro deste ano, os salários passaram para R$ 29,4 mil, já neste mês de abril, subiram ainda mais, para R$ 31,2 mil. O próximo será em 1º de fevereiro de 2024, com R$ 33 mil e, o último, no mesmo mês de 2025, chegando a R$ 34,7 mil. Isso tudo, fora o auxílio-alimentação. Durma com esse barulho...

Barriga cheia II
Nunca é demais reforçar e perguntar: quantas pessoas vivem, no Estado, com salários mais baixos do que representa, apenas, o valor do auxílio-alimentação dos deputados? Pois é! No mínimo, indignante!

Tartaruga
A propósito, a Assembleia não voltou do feriadão. Sessão dessa segunda foi devagar, quase parando. E, repito, nenhum comentário sobre a manobra do auxílio...

Escalação
Prevista para esta quarta-feira (26), a leitura do requerimento que pede a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar os atos de 8 de janeiro provoca cada vez mais movimentações e estratégias políticas, vindas tanto do lado do presidente Lula quanto da oposição bolsonarista. No PL, do ex-presidente, um capixaba já está escalado para integrar o colegiado: senador Magno Malta.

Escalação II
Magno, de fato, só fala nesse assunto há dias. A escolha do partido, junto com outro senador, Jorge Seif (PL-SC), considerou a capacidade dos dois de fazer discursos contundentes em plenário durante os trabalhos. Veremos...

Nas redes
"O Ministério da Saúde acaba de anunciar a ampliação da vacinação com reforço de dose bivalente contra a Covid-19 para toda a população acima de 18 anos. Vacinar é um ato de cidadania e respeito a quem está ao seu lado! Viva o SUS e viva a vacina!". Ethel Macie, epidemiologista e secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.

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