Quarta, 24 Abril 2024

Sem trégua

casagrande_entrevista_leonardo_sa-18 Leonardo Sá
Leonardo Sá

Com sucessivos atritos desde o início do atual mandato devido à negociação de reajuste salarial e, depois, à recomposição inflacionária, os anúncios de reestruturação da Segurança Pública feitos pelo governador Renato Casagrande nessa quarta-feira (11), no Palácio Anchieta, representaram um aceno a militares e civis, por atender a algumas demandas das categorias. O discurso do governador, inclusive, exaltou isso, bem como dos representantes do alto comando das polícias e Corpo de Bombeiros. Mas, para a tropa da PM, nada de trégua nem de positivo. A Associação dos Cabos e Soldados (ACS), a maior entidade da área, que informa reunir 8 mil policiais, publicou nota em que "expõe insatisfação" e aponta "falta de respeito", ao considerar que "as medidas não contemplam a valorização dos praças, que são a base da corporação". O pacote do governo é criticado ainda por "privilegiar apenas uma pequena parcela de militares que compõem a pirâmide da instituição, mantendo nas ruas um efetivo cada vez menor, com sobrecarga de trabalho e um dos piores salários do país". A Associação afirma que se reunirá com deputados estaduais, para reivindicar a reparação "dessa tragédia anunciada". O atual ruído só confirma as previsões para 2022: enquanto não sair, pelo menos, a revisão geral, de dois anos acumulados, permanecerá o "cabo de guerra". Com um detalhe a mais: eleições.

Medidas
Os anúncios de Casagrande: volta do Batalhão de Missões Especiais (BME); concurso da PM com 671 vagas; abertura de quatro novas Companhias Independentes; divisão do Comando de Polícia Ostensiva Metropolitano (CPOM); e o fim da limitação para o quantitativo de vagas para a promoção de sargentos.

Negociação
As forças de segurança, como se sabe, participaram de uma intensa mesa de debates com o governo no início de 2020, quando foi fechado um reajuste escalonado, que será pago até o próximo ano. Outro ponto seria o pagamento da revisão geral e manutenção da negociação para outras reivindicações específicas das polícias Militar, Civil (PC) e Bombeiros. Aí veio a pandemia...

Negociação II
...a revisão geral nenhuma categoria do Estado recebeu, apesar de muitos ofícios e reivindicações. As outras conversas também estacionaram, pelo mesmo motivo, e começam a retornar, principalmente agora.

Repetindo...
O governo alega impedimento de pagamento da revisão em decorrência da lei federal de socorro aos estados de Bolsonaro, mas garantiu abrir a mesa no início de 2022. O funcionalismo rebate, dizendo que o direito é garantido pela Constituição Federal.

Gregos e troianos
No caso da PC, o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol) agradeceu ao anúncio de Casagrande dessa quarta. Embora a maioria das mudanças se refiram à Polícia Militar, a única da PC, a expansão da Indenização Suplementar de Escala Operacional (ISEO), foi apontada como "fortalecimento e valorização", em atendimento à demanda da entidade.

Apoios
Os registros na Segurança Pública ocorrem no mesmo momento em que as pautas das áreas têm sido levantadas e debatidas em movimentações eleitorais, como analisado na coluna dessa segunda-feira (9). Adversário de Casagrande no pleito passado e já se declarando candidato do grupo de Bolsonaro em 2022, o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido) há dias fala sobre os índices do Estado e se reúne com policiais tanto na Grande Vitória quanto no interior.

Frente Unificada
Entre os encontros, o realizado em Vitória com entidades que integram a Frente Unificada de Valorização Salarial: a própria Associação de Cabos e Soldados, a Associação dos Bombeiros Militares do Estado (ABMES), a Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da PM, do Corpo de Bombeiros e Pensionistas (Aspomires) e a Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e do Bombeiro Militar (Asses).

Projeto militar
Militares sempre se articularam no Estado em disputas eleitorais, tanto para potenciais apoios quanto para projetos próprios de candidaturas. Em 2018, quando se consolidaram como uma das principais bases do presidente Jair Bolsonaro, bombaram nas eleições. No ano passado, disputa municipal, o resultado foi fraco. Em 2022, o novo teste! É o Projeto Político Militar (PPM), iniciado após a greve da categoria no governo Paulo Hartung.

17
A propósito, a Associação de Cabos e Soldados está em processo eleitoral interno. São três chapas e a votação será realizada no dia 27 de setembro. O atual presidente, Cabo Eugênio, disputará a reeleição pela Chapa 17 – Representatividade com Atitude e Transparência.

Na área
Quem também aparece como cabeça, na "Chapa Zero Um", é o sargento Nero Walker, que ficou preso por noves meses por manifestações contra o comando da PM nas redes sociais e foi um dos condenados da greve de 2017. Nero chegou a cogitar uma disputa à Assembleia em 2018, mas foi impedido pela Justiça Eleitoral.

Segue...
O terceiro nome concorrente é Fernando Pereira Baptista, na Chapa 22 – Gestão do Associado. Além da diretoria executiva, a votação também envolve a nova composição do Conselho Deliberativo da entidade.

Nas redes
A portaria apresentada pelo Governo do ES é absurda. Se o retorno seguro das aulas é obrigatório para quem não tem deficiência, o mesmo deveria ser para quem tem. Nossa luta é por inclusão e igualdade de oportunidades! Chega dessa segregação". Deputado federal Felipe Rigoni (sem partido).

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Manato se articula com militares, base que elegeu Bolsonaro e mantém, no Estado, tensões com Casagrande
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Cobrança a Casagrande por recomposição inflacionária volta à tona e sinaliza mesa de negociação difícil para 2022
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