Sem bandeira da paz: Carlos Manato aciona a Justiça contra Leonardo Monjardim

O duro discurso feito pelo vereador de Vitória Leonardo Monjardim (Novo) contra o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) na semana passada, no plenário da Câmara Municipal, gerou reação, e na Justiça! Trata-se de uma Notificação para Explicações, que aponta “injúria” e difamação” e “eventual propósito de ofender”, o que extrapolaria “os limites da crítica política e do debate de ideias”. Também acusa “danos morais e abalo à reputação” de Manato, após “décadas de vida pública”. O advogado Carlos Zaganelli, que faz a defesa do ex-deputado, lista na peça 15 perguntas sobre a intenção de Monjardim ao disparar adjetivos negativos para se referir a Manato, como “incompetente”, “despreparado”, “desqualificado”, “uma vergonha para a direita do Espírito Santo” e “envolvido em negociatas”. Outro tema levantado é a passagem do vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – quando se filiou, qual cargo disputou e o motivo da saída. A Notificação, afirma a defesa, é para que ou as informações sejam esclarecidas de forma satisfatórias ou, em caso contrário, seja ajuizada uma ação penal privada. Essa “guerra”, como já analisado aqui na coluna, ocorre na seara política do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e com nomes que se colocam para o pleito de 2026. Na ocasião do discurso de Monjardim, representantes da direita tentaram intervir pelo “diálogo” e “união” e teve até quem sugerisse um almoço entre Manato e Monjardim. Mas, como se vê, não cabe convite para que os dois sentem-se à mesma mesa. A corda, até que se prove o contrário, arrebentou de vez!
Argumento
O estopim para o discurso de Monjardim, vale lembrar, foi uma sessão solene realizada pelo vereador de Vila Velha, Patrick da Guarda (PL), de homenagem aos movimentos de direita. O vereador disse que uma fala de Manato reforçou comentários feitos por ele em outros locais de que sua candidatura ao Senado seria “factoide”. Acontece que Manato não citou nomes, e a defesa destaca isso na Notificação…
Argumento II
…Manato “teceu comentários de natureza política sem individualizar ou citar nominalmente o notificado, este último, sentindo-se aludido, iniciou uma série de ataques públicos e virulentos”. Acrescenta que o vereador se valeu da posição do cargo para “manifestação pública e na tribuna da Câmara Municipal de Vitória, em canal aberto de televisão no Youtube”, em que “atribuiu ao notificante qualidades e condutas extremamente depreciativas, ofendendo-lhe a dignidade”.
Argumento III
A peça defende que, mesmo “no calor do debate político, a liberdade de expressão não é um escudo para a prática de crimes contra a honra”; e que “a imunidade parlamentar não é absoluta, especialmente quando as ofensas não guardam pertinência com o exercício do mandato”. Completa: “o dolo do notificado é evidente, pois sua intenção não era criticar, mas sim ofender, macular e denegrir a imagem do notificante, o que impõe a sua responsabilização penal”.
Lista extensa
Além dos adjetivos citados acima, Monjardim subiu mais o tom em seu discurso, com frases assim: “seja homem, digno; não me meça pela sua régua; toma vergonha na cara!”. Ele também afirmou que Manato é “político turista”, que só aparece em eleição, e que “fica aí nos botequins da cidade conversando fiado”. “Você é muito ruim”, completou, e ainda falou de Pedra Azul: “está mais preocupado em ficar fazendo videozinho cozinhando, fazendo lagosta, camarão VG, lá na pousada dele”.
Lista extensa II
Outras críticas foram de que o ex-deputado “não teve competência para ganhar duas eleições a governador, mesmo com apoio de Jair Bolsonaro e de todos os movimentos de direita, como ocorreu em 2022; “não consegue juntar ninguém”, por isso teve problema no PL e não conseguiu partido para disputar o Senado; e “fica alfinetando vereador” e “desqualificando a nova geração”.
‘Crime’
O caso das “negociatas”, já analisado aqui e também tratado na Notificação, se refere à afirmação de que Manato faz acordos eleitorais somente para eleger sua mulher, a ex-deputada Soraya Manato (PP). Para a defesa, com isso, Monjardim avançou “em sua conduta criminosa”.
Bloco ‘aliado’
Tamanha turbulência movimenta a direita e o grupo de Pazolini há dias. Monjardim é líder de Governo na Câmara; Soraya Manato é secretária municipal; e Manato já firmou apoio ao prefeito para as eleições ao Palácio Anchieta.
Bloco ‘aliado’ II
O casal também está a um pé de filiar ao partido de Pazolini – ela tentará retornar à Câmara Federal, e ele ainda busca um vaga na chapa ao Senado, embora os espaços sigam fechados, com mais nomes do que vagas. Soraya chegará primeiro à legenda, ao que tudo indica, no final deste mês, caminho semelhante ao traçado para Coronel Ramalho, também absorvido na gestão e no Republicanos para disputar a Câmara Federal.
Nas redes
“Bem-vindo, [pastor] Keyson Quaresma, nosso pré-candidato a federal de São Mateus e região”. Erick Musso, presidente estadual do Republicanos, revelando mais um nome da chapa proporcional do próximo ano.

