Sábado, 20 Abril 2024

Entregadores de aplicativos dão pontapé inicial para criar cooperativa no Estado

manifestacao_atifascistaCreditosVanderMeireles Vander Meireles

O Coletivo Entregadores Antifascistas ES, composto por trabalhadores de aplicativos de entrega, irá aderir ao "Despatronados", uma iniciativa que começou no Rio de Janeiro e representa o embrião para o cooperativismo, como ressalta Victor Lemão, um dos integrantes do grupo no Espírito Santo.

"É um laboratório para nos prepararmos para a criação de uma cooperativa", afirma. Segundo ele, o "Despatronados" trata-se de um grupo de entregadores que disponibiliza serviços como entrega de encomendas feitas a artesãos e pequenos comerciantes, além de postagem nos Correios.

No Rio de Janeiro, o "Despatronados" conta com um site e um contato telefônico por meio dos quais as pessoas podem solicitar os serviços com 24h de antecedência. Lemão afirma que haverá neste site uma aba para os clientes do Espírito Santo fazerem seus pedidos. A previsão é de que a iniciativa seja colocada em prática daqui a duas semanas. Para isso, relata, o grupo, que inicialmente contará com cinco pessoas, tem feito contato com artesãos e pequenos comerciantes, para estabelecer parcerias. "Com o tempo queremos ampliar as opções de serviços", complementa.

Os entregadores também estão em processo de divisão de tarefas. "Estamos vendo, por exemplo, quem ficará responsável pelo recebimento de demandas, que também podem ser feitas pelo WhatsApp, para distribuir entre os entregadores", explica Lemão, que afirma estar empolgado com a ideia. "Estou animado para colocar em prática. Acho que há um mercado sustentável e antifascista crescendo", diz. Para o entregador, a iniciativa vai possibilitar um processo de autogestão, em que os trabalhadores irão prestar os serviços e dividir o lucro. 

Lemão explica que, no Rio de Janeiro, os entregadores cobram R$ 15 para fazer entregas em um percurso de até 5 Km, sendo acrescentado R$ 1,00 por cada quilômetro a mais. Entretanto, os valores no Espírito Santo não poderão ser os mesmos, pois o custo de vida é menor. Ele relata, ainda, que outros estados, como o Paraná, estudam a possibilidade de aderir aos "Despatronados".

Informações do site do "Despatronados" apontam que a iniciativa surgiu da necessidade dos entregadores de ter "uma alternativa de trabalho mais justa, para nós, para fornecedores e para clientes", além de "cuidar coletivamente do nosso próprio trabalho, sem patrões e por fora dos aplicativos".


A adesão à iniciativa
 é motivada por uma série de insatisfações dos trabalhadores com as empresas de aplicativos de entrega. Os entregadores já fizeram duas manifestações a nível nacional, com adesão em Vitória, para reivindicar melhorias nas condições de trabalho. A primeira foi em primeiro de julho. A outra, no dia 25 do mesmo mês. Entre as reivindicações estão o aumento do valor pago por quilômetro, fim dos bloqueios indevidos, implantação de seguros de roubo e o pedido de auxílio alimentação e auxílio pandemia, para poderem se prevenir durante as entregas.

O movimento também está alinhado a pautas que dizem respeito a toda classe trabalhadora, como o fim da retirada de direitos. Os trabalhadores também denunciaram o fato de que, no cotidiano do trabalho, não contam com lugar para beber água, nem para ir ao banheiro. Além disso, afirmam, as empresas não toleram o mínimo de atraso na busca da entrega. Outra situação que os incomoda, segundo Lemão, é a não disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara e álcool em gel; e o não pagamento de insalubridade.

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