Quinta, 25 Abril 2024

Entregadores de aplicativos do Estado se mobilizam para nova paralisação nacional

Vander Meirelles Vander Meirelles

Os trabalhadores de aplicativos de entrega do Espírito Santo irão aderir a uma nova paralisação nacional da categoria no próximo dia 25, quando também divulgarão publicamente, por meio de carta, suas reivindicações, além de relatarem a realidade do cotidiano da atividade.

O integrante do Coletivo Entregadores Antifascistas ES, Victor Lemão, afirmou que uma das formas de mobilizar os entregadores é a realização da oficina de reparo de bike, no sábado (18), das 12h às 17h, na chamada Praça do Carone, em Jardim da Penha. O grupo também planeja a organização de uma série de lives pelo Instagram, para debater temas como política, economia e história. 

Entre as reivindicações dos trabalhadores, estão o aumento do valor pago por quilômetro e do mínimo, o fim dos bloqueios indevidos, implantação de seguros de roubo, acidente de vida, e auxílios alimentação e pandemia, para poderem se prevenir durante as entregas. 

O movimento também está alinhado a pautas que dizem respeito a toda classe trabalhadora, como o fim da retirada de direitos. O Sindicato dos Trabalhadores de Aplicativos do Espírito Santo (Sintappes), que ainda não foi formalizado, apoia a paralisação do dia 25, de acordo com Gessé Gomes de Souza Júnior, uma de suas lideranças. 

Na primeira paralisação, que aconteceu em primeiro de julho, os trabalhadores interditaram a Avenida Reta da Penha, na altura da Petrobras, sentido Centro de Vitória. O protesto teve concentração às 8h, em Jardim da Penha, na Praça Regina Frigeri Furno (Praça do Epa). Posteriormente, seguiu para a Reta da Penha, em frente ao edifício Corporate Center, onde funcionam os escritórios de duas empresas de aplicativo.

Lemão afirma que a realidade dos entregadores é de precariedade, pois não têm lugar para beber água, possibilidade de ir ao banheiro, e as empresas não toleram o mínimo de atraso na busca da entrega. "Se a gente chegar no restaurante com trinta segundos de atraso, cancelam a entrega. Mas a gente chega a ficar 10, 15, até 30 minutos esperando a entrega ficar pronta. A empresa não pode esperar, mas eles acham que a gente pode", afirma.

O integrante do Coletivo Entregadores Antifascistas ES relata que essa realidade se tornou ainda pior com a pandemia. Não há disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscara e álcool em gel; pagamento de insalubridade; e, apesar de o lucro das empresas ter aumentado significativamente, as promoções foram retiradas. Segundo Lemão, antes, as empresas faziam promoções sazonais, nos quais davam um valor a mais por cada entrega feita em um dia específico.

Outra queixa é que a quantidade de entregadores aumentou durante a pandemia e não há demanda para todo mundo, mesmo assim, as empresas continuam contratando. 

Além das lives e oficina de reparo de bike, o Coletivo mobiliza uma campanha de doação de agasalho para as pessoas em situação de rua. Os interessados em doar podem entrar em contato por meio da página Entregadores Antifascistas ES, no Instagram. "A gente procura em meio aos entregadores quem vai fazer entrega na região em que o doador mora e o entregador busca o agasalho", diz Lemão. 

Dados

Levantamento da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) informa que 60,3% dos entregadores entrevistados tiveram queda na renda durante a pandemia, contra apenas 10,3% que tiveram aumento nos ganhos. O número dos trabalhadores que ganhavam menos de um salário mínimo por mês praticamente dobrou, alcançando 35,7% do total, enquanto os que ganhavam mais que o equivalente a dois salários mínimos caiu da metade do total para 25,4%.

Segundo a pesquisa, 56,4% dos trabalhadores exercem as entregas por mais de 9 horas por dia. Além disso, 52% dos entrevistados trabalham todos os dias e 25,4% trabalham seis dias da semana, totalizando 77,4% no que a Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) considera como trabalho a ser caracterizado como ininterrupto. A pesquisa foi realizada por meio de questionários online a 252 entregadores de 26 cidades.

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Comentários: 1

Dauri Correia da Silva em Terça, 14 Julho 2020 13:48

A globalização é cruel. Portanto, companheirada lutemos! O pior mora na sequência.

A globalização é cruel. Portanto, companheirada lutemos! O pior mora na sequência.
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