O manifestante capixaba que foi neste domingo (16) à Praça do Papa, em Vitória, gritar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) é homem, casado, funcionário de empresa privada ou empresário, tem mais de 40 anos, desfruta de renda familiar superior a R$ 8 mil, tem terceiro grau completo e mora em bairro nobre de Vitória e é politicamete conservador. É muito interessado por política, assunto que lê todos os dias, sobretudo em jornais impressos. Mas ficou sabendo da manifestação pela internet.
Tal é o perfil médio do manifestante capixaba traçado pela pesquisa Manifestação 16/8: perfil e percepções dos manifestantes em Vitória-ES, realizada pelo curso de graduação em Marketing e pelo curso de mestrado em Sociologia Política da Universidade Vila Velha (UVV). O objetivo do levantamento é delinear o perfil socioeconômico dos manifestantes, as motivações de participação no ato e suas percepções de temas e problemas políticos e sociais do Brasil atual.
Foram realizadas 377 entrevistas via questionários aplicados entre 15h e 17h, com pequenas variações, na Praça do Papa.
Praia do Canto, Jardim da Penha, Mata da Praia, Jardim Camburi, Centro de Vitória, Praia da Costa, Bento Ferreira, Itapuã, Enseada do Suá e Itaparica são os bairros que mais enviaram manifestantes. Moradores de Vitória são 59% e participam ativamente de atividades ligadas a grupos católicos (39,89%).
Como esperado, mais da metade dos manifestantes (62%) protestaram por insatisfação com o governo, contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e a favor do impeachment (86%). Em 96% acham que houve mais corrupção nos governos Dilma e Lula do que nos de Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Fernando Collor e José Sarney.
Apenas 4,92% defendem a manutenção da presidente: 55% querem a convocação de novo pleito. Sintomaticamente, no primeiro turno das eleições presidenciais de 2014, 63,66% votaram em Aécio Neves (PSDB), 15,85% em Marina Silva e 1,91% na candidata vitoriosa. No segundo turno, 81,97% votaram em Aécio e 2,73% em Dilma. Em caso de nova eleição, 43,44% declararam que votariam em Aécio.
Um ponto que desperta a atenção é quanto a pautas sociais. Um bom número concorda plena ou parcialmente com o Bolsa Família, mas a maioria discorda plena ou parcialmente. A maioria também rejeita plena ou parcialmente as cotas para universidade pública. No mesmo tom, discorda da legalização do aborto e do uso e porte de drogas.
A maioria discorda plenamente do financiamento privado de campanhas eleitorais e concorda plenamente com a união civil de pessoas do mesmo sexo e com a redução da maioridade penal. E concorda, cotas para universidade pública, reforma agrária de propriedade improdutiva, legalização do aborto e das drogas,
A maioria também deposita muita confiança nas Forças Armadas. Mas 47,27% são totalmente contrários à intervenção militar, enquanto 14,21% é totalmente favorável.